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Fundação Procafé: tipos de irrigação suplementar, de "salvação", em cafezais

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 20/02/2014

4 MIN DE LEITURA

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Diz-se que nós, brasileiros, só fechamos as portas depois do roubo acontecido, sendo que este dito também se mostra válido em relação ao uso de irrigação em nossos cafezais.

A estiagem recente mostrou a nossa falta de prevenção quanto aos riscos de escassez de chuvas e de suas perdas na produção de café. No campo, em muitas regiões, foi possível observar que um pequeno fornecimento de água, através de apenas 1-2 irrigações, em jan/fev, evitaria perdas significativas, em alguns casos de até de 100%, por falta de granação dos frutos, além das perdas vegetativas.

Pois bem, sabemos que dor de barriga não dá só uma vez. Por isso, preparamos um resumo do que poderá ser feito, para o futuro, em termos de suprimento de água aos cafezais, de forma mais econômica. Sabemos que a irrigação não é possível em todas as propriedades e lavouras. Por isso apresentamos alternativas de sistemas, que podem ser adequados às diferentes condições dos produtores.

A irrigação suplementar ou de salvação, como o nome indica, visa atender apenas a períodos críticos da lavoura, para garantir sua produtividade, acudindo, principalmente, nos anos e em períodos nos quais a distribuição de chuvas venha a se mostrar insuficiente, para suprir bem a água ao cafeeiro.

Na cafeicultura de regiões climaticamente aptas à cafeicultura, como o Sul de Minas, em condições normais, o balanço hídrico é adequado, com suficiente ou excedente hídrico no período entre setembro-outubro a maio e com um período seco, acumulando um pequeno déficit, de 100-120 mm, de junho a agosto. Nesta situação não seria necessário irrigar os cafezais.

Nos últimos 10 anos, entretanto, vêm ocorrendo déficits hídricos em 3 períodos mais significativos, sendo: 1- No inicio do período chuvoso, com as precipitações muitas vezes atrasando, só começando em final de novembro - início de dezembro. 2- No final do período chuvoso, com o término das chuvas mais cedo, em abril. 3- Em veranicos, em jan-fev, como ocorreu neste ano. Em função disso, os ensaios de irrigação suplementar, realizados em Varginha, mostraram, de 2006 a 2011, um acréscimo médio de 14 sacas por ha/ano, equivalendo a um aumento de cerca de 28% na produtividade (quadro).

Lógico que o aumento produtivo pela irrigação vai depender muito do regime de chuvas a cada ano/período considerado. Fosse um ano como o atual, especialmente em cafezais mais jovens e em regiões de altitudes mais baixas, o diferencial produtivo seria muito maior.

Nas regiões com períodos eventuais de déficits hídricos, conforme visto anteriormente, seria menos justificável investir em sistemas de irrigação que requerem maior uso de capital fixo, embora, mesmo assim, eles acabem sendo economicamente vantajosos. Deste modo, para suplementação, seriam menos indicados sistemas com pivôs, gotejamento e até a micro-aspersão, embora eles possam atender, operacionalmente, até melhor, nos déficits eventuais.

A indicação de uso em suplementação seria, então, de sistemas mais simples e mais baratos, entre os quais destacam-se 4 tipos:

1- Instalação de aspersão em malha larga, sistema fixo, com tubos de terminais de maior diâmetro (50mm) e aspersores de maior vazão e com maior diâmetro molhado, podendo ficar distantes cerca de 30x30cm. Este sistema é de baixo custo, podendo ficar na faixa de 2-2,5 mil reais por ha, sendo de fácil operação - um só operador pode cuidar de 30-50 ha. Como distribui água em toda a área ele se adapta melhor a lavouras adensadas ou semi adensadas.

2- Instalação de tubos de distribuição fixos ou móveis e uso de terminais de distribuição através de mangueiras perfuradas. Este sistema é, ainda, mais econômico que o anterior na instalação, porém exige mais mão de obra operacional, sendo necessários 4-5 trabalhadores cada 30-50 ha. No entanto, tem a vantagem de gastar menos água, pois pode fazer uma irrigação localizada, junto à linha de cafeeiros.

3- Irrigação de aspersão móvel, com canhões aspersores, com custo comparável ou pouco mais baixo do que o anterior, porém exige muito trabalho para montagem e desmontagem. Tem a vantagem de poder ser usado, também, para outras áreas e outros cultivos.

4- Irrigação de micro-aspersão com micro-jets, sobre mangueiras semelhantes às de gotejamento, apenas são mais rústicos e não entopem com facilidade. Seu custo é ligeiramente inferior ao do gotejamento.

Na escolha de um dos sistemas, deve-se observar os aspectos inerentes ao sistema (quanto aos seus custos de implantação e de operação e sua durabilidade). Deve-se considerar, ainda, o tipo de lavoura (espaçamento, idade, topografia) e a quantidade e qualidade de água disponível, relativamente ao uso de irrigação em área total ou localizada.

Em lavouras em formação ou em sistema de plantio com espaçamentos um pouco mais largos, pode-se implantar o sistema de malha (1), porém, operando, temporariamente, de forma localizada, trabalhando com terminais de mangueiras perfuradas (2).

Tabela 1. Produção obtida em 6 safras em cafeeiros com e sem irrigação suplementar, no Sul de Minas Gerais, Varginha-MG 2011.


As informações são da Fundação Procafé, adaptadas pelo CaféPoint

 

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