Para que o cafeeiro passe pela estação seca (inverno) sem danos significativos a planta, com leve estresse hídrico, é necessário que até o mês de junho o armazenamento de água no solo esteja próximo a capacidade máxima de armazenamento que é de 100 mm. Com isto até o retorno das chuvas em setembro/outubro este armazenamento cai para no máximo -150 mm (déficit), ponto este quando ultrapassado as plantas começam a serem danificadas conforme estudos do pesquisador Dr. Ângelo Paes de Camargo e constatado em 2007 nas lavouras do Sul de Minas.
Conforme podemos observar na tabela e gráficos abaixo, se as precipitações de março/2014 em diante forem próximas a média histórica de Varginha, nas três condições microclimáticas, os déficits atingirão índices superiores ao ponto de murcha permanente, acarretando desfolha acentuada, seca de ramos, abortamento de florada e até mesmo morte das plantas nas situações mais severas. Observa-se também que durante todo o ano o solo permanecerá em déficit hídrico, o que dificulta a absorção e interfere em todo o metabolismo da planta. E o restabelecimento de armazenamento, saindo do déficit só acontecerá a partir de janeiro/2015, com influência sobre a florada e desenvolvimento inicial de frutos.
É importante registrar que a diferença entre os microclimas abaixo representam uma média para o Sul de Minas, a ocorrência localizada de chuvas proporcionou grande variabilidade de condições dentro de cada micro clima e entre os mesmos, para cima e para baixo.
Tabela 1. Projeção futura do armazenamento de água no solo em condições monitoradas no Sul de Minas Gerais, considerando a ocorrência de precipitação média histórica (abril a dezembro). Varginha – MG/2014.
Os modelos acima adotados para cálculos seguem metodologia oficial “Thorthwaite & Mather”, com capacidade máxima de armazenamento de 100 mm, adotado pelo Procafé desde 1998 nos experimentos de irrigação com validação.
Desta forma, diante do atual cenário das influencias futuras sobre as plantas nas safras 14 e 15, é desejável a ocorrência de precipitações acima da média para os próximos meses de 2014, principalmente nos próximos quatro meses, para minimizar os impactos do déficit sobre a safra de 2015. Caso os volumes fiquem abaixo da média histórica, conforme modelos oficiais de previsões indicam, os danos serão ainda mais intensificados.
As informações são da Fundação Procafé, adaptadas pelo CaféPoint