ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Fontes de potássio e a qualidade do café produzido

POR ANDRÉ GUARÇONI M.

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 21/11/2006

4 MIN DE LEITURA

7
0
A adubação influencia a produtividade do café e a qualidade dos grãos colhidos. Os compostos químicos do grão de café cru dependem de fatores genéticos, ambientais, das condições de manejo e do processamento do produto após a colheita. Dentre as condições de manejo, a adubação e a nutrição da planta podem influenciar a composição química do grão verde, o qual, após torrado, produz compostos que conferem características de aroma e sabor ao café.

A quantificação da produtividade é direta e inquestionável, mas a medida da qualidade é subjetiva, pois se utiliza o clássico "teste de xícara". Pensando nisso, pesquisadores determinaram características físico-químicas do grão que apresentam elevada correlação com a qualidade medida pelo "teste de xícara". Assim, podem-se quantificar essas características dos grãos, de forma precisa, e inferir sobre a qualidade do café. Obviamente, o "teste de xícara" será sempre o padrão de avaliação, tendo a determinação das características físico-químicas um papel complementar.

A característica bioquímica do grão que apresenta maior correlação com a qualidade final do café é a atividade da enzima cúprica polifenoloxidase. As transformações bioquímicas que ocorrem no grão de café e que levam a uma depreciação da qualidade da bebida são, principalmente, de natureza enzimática. Essas transformações, que envolvem especialmente polifenoloxidases, geram a degradação das paredes e membranas celulares, assim como mudanças de coloração do grão, com conseqüente prejuízo na qualidade.

Os teores de nitrogênio, fósforo e potássio, no grão e na polpa do café, apresentam pequena correlação com os valores correspondentes à qualidade da bebida. Dessa forma, é possível que outros elementos presentes nos adubos possam afetar as características físico-químicas relacionadas, gerando um café de melhor ou pior qualidade.

Dentre os fertilizantes utilizados na cafeicultura, os que têm despertado maior interesse, em relação à qualidade do café produzido, são os potássicos. Esses fertilizantes são utilizados em grande quantidade, uma vez que o potássio é o segundo nutriente mais absorvido pelo cafeeiro, depois do nitrogênio. As fontes de K mais aplicadas na cafeicultura são o cloreto de potássio (KCl, 60 % de K2O), o sulfato de potássio (K2SO4, 48 % de K2O) e o nitrato de potássio (KNO3, 44 % de K2O). O cloreto de potássio é o fertilizante mais utilizado, uma vez que apresenta maior concentração de K2O.

Não há diferença na produção se for aplicada uma mesma dose de K utilizando-se qualquer um dos três fertilizantes citados. Obviamente, o sulfato de potássio e o nitrato de potássio contêm, respectivamente, enxofre e nitrogênio, além de K. Portanto, para que os três fertilizantes apresentem o mesmo feito na produção, enxofre e, ou, nitrogênio devem ser fornecidos, sempre que se utilizar uma fonte de K que não os contenha, visando manter a equivalência entre as fontes. Isso é básico.

Em relação à qualidade do café, há pouca diferença em se utilizar K2SO4 ou KNO3. O cloreto de potássio, entretanto, possui 47% de cloro, o que leva a planta a absorver e a acumular elevadas quantidades deste elemento. Admite-se que o cloreto (Cl-), oriundo do KCl, apresente efeitos negativos diretos e indiretos sobre a qualidade da bebida.

A melhor qualidade do café está relacionada com uma maior atividade da enzima cúprica polifenoloxidase, como explicado. A polifenoloxidase é catalisada pelo micronutriente cobre, mas o (Cl-) inibe sua atividade, devido à reação com o cobre, podendo gerar uma redução na qualidade do café produzido. O ânion Cl-, mais que o SO42-, tem, ainda, efeito negativo na estrutura terciária da proteína (enzima), desnaturando-a. Além disso, o cloreto parece contribuir para um maior teor de água nos frutos, o que, consequentemente, aumenta a proliferação de microorganismos, podendo gerar fermentações indesejadas.

Essas informações são fornecidas por pesquisas científicas realizadas sobre o assunto, apresentando inequívoca confiabilidade. Mas ocorre um questionamento prático: já se produziu café de qualidade adubando-se com cloreto de potássio (KCl)? A resposta é: Sim! Os cafés de qualidade superior são obtidos a partir da interação entre fatores genéticos, ambientais, condições de manejo, incluindo-se a adubação, e processamento do produto após a colheita. Para detalhamento desse item, ler, também, o excelente artigo de Ensei Uejo Neto: "Quando tamanho não é documento".

Nesse sentido, a adubação com sulfato de potássio ou nitrato de potássio não garante a produção de cafés de qualidade, nem a adubação com cloreto de potássio promove, sempre, a produção de cafés de qualidade inferior. O que existe, na realidade, é a "possibilidade" de melhora na qualidade do café produzido ao se aplicar uma fonte de potássio que não contenha cloreto. Esse fato deve ser levado em consideração por qualquer cafeicultor.

O quadro abaixo mostra o preço do kg de K2O para cada fertilizante potássico mencionado no artigo, bem como o preço do kg de nutrientes para aqueles que apresentam outros nutrientes além de potássio. Foram coletados preços de mercado dos três fertilizantes, sendo: KCl R$ 37,86/sc 50 kg; K2SO4 R$ 33,90/sc 25 kg e KNO3 R$ 52,00/sc de 25 kg.



Pelo quadro, pode-se observar que o KCl é, sem dúvida, o fertilizante mais barato entre os três, inclusive quando se considera o preço do kg de nutrientes. A pergunta é: até que ponto a substituição do KCl por outro fertilizante potássico poderá trazer retorno econômico, uma vez que as respostas em relação à qualidade do café ficam no campo das "possibilidades"?

Qualquer tentativa no sentido de melhorar a qualidade do café produzido, via fertilizantes, deve ser realizada, primeiramente, em pequenos talhões. Se as interações entre genótipo, micro-clima, manejo e processamento do produto ferem favoráveis, pode-se aumentar a área gradativamente, incluindo-se novos talhões no sistema. Obviamente, a resposta de cada talhão será diferente, permitindo separar as lavouras em talhões nos quais vale a pena investir em fertilizantes mais caros e talhões que não apresentam um resultado econômico compensatório.

Além disso, deve-se utilizar esse intervalo de tempo para a conquista de mercados específicos, essenciais ao aumento da taxa de retorno. Capacidade de observação, paciência e visão de mercado são fatores fundamentais em todo o processo.

Produzir café de qualidade é bom, mas aumentar o lucro da atividade, com segurança, é muito melhor.

ANDRÉ GUARÇONI M.

D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa-MG. Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)

7

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

CLEITON RODRIGUES

EM 18/01/2019

Qual dosagem eu posso usar por planta no café? Sem a análise de solo.
ERNANE

DOURADOQUARA - MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 22/03/2019

A análise de solo é indispensável para se fazer um manejo adequado em sua lavoura, uma vez que, é por meio dela que se torna possível determinar as quantidades necessárias para a aplicação de um nutriente, atendendo assim a demanda do cafeeiro!
Assim como um médico necessita de um exame para estabelecer um tratamento ao paciente, o engenheiro agrônomo também necessita da análise para entender melhor as necessidades de sua lavoura!
Pois é necessário que haja um balanço entre nutrientes, pois tanto a falta como o excesso de um determinado elemento (nutriente) podem trazer prejuízos.
ANTONIO CARLOS

SANTA MARGARIDA - MINAS GERAIS

EM 02/05/2018

top tenho q achar na região de manhuaçu mg
ALEXSANDRO PIVETTA

SANTA TEREZA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 26/07/2011

    gostaria de tirar uma duvida sobre o esterco de galinha.

    verdade  que jogando ele por ter muito nitrogenio a ajudar a forma muita folha ajuda a ter abortamento da flores e fruto menor ?

   desde ja agradeço

    email      alexsandro.es@hotmail.com



     obrigado
WESLEY JUNIO TEIXEIRA

PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 24/07/2011

Quero jogar  cloreto no café separadamente do nitro e fosforo, em duas aplicações; qual a dose e qual a época certa?
ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/04/2009

Prezado Antônio Magno Pereira de Carvalho,

Você pode, sim, aplicar o cloreto de potássio nas condições apresentadas, desde que seja necessário. A vantagem é que o cloreto de potássio é o fertilizante potássico mais barato do mercado, dada sua elevada concentração de K2O. Como as plantas ainda são novas, não há qualquer relação do cloreto de potássio com a qualidade do café a ser produzido no futuro, como alguns podem sugerir.

Agradeço o questionamento.

André Guarçoni M.
ANTONIO MAGNO PEREIRA DE CARVALHO

MONTANHA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 12/04/2009

Pode ser aplicado cloreto de potássio em lavouras de formação recém-plantada, ou seja, 60 dias após o plantio? E qual a vantagem?

Obrigado.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures