O estoque oficial de café no Brasil está esgotado. As últimas sacas estão saindo. Chega ao fim uma era de política cafeeira, onde era exercido, com eficiência, o preço mínimo de garantia ao produtor, que gerava aquisições e estocagem, sempre que necessário.
As últimas sacas, do estoque oficial de café estão saindo
Através dessa política, praticada pelo ex-IBC, os cafés estocados serviram ao ordenamento da oferta, com reflexos nos preços ao produtor e na geração de divisas ao país. O estoque servia, ainda, para dar segurança ao suprimento de café, aos mercados externo e interno, pois as safras cafeeiras no Brasil obedecem a um ciclo bienal de produção, típico da cafeicultura a pleno sol, sucedendo-se safras altas e baixas. Os problemas climáticos, as geadas frequentes aumentavam o risco de perda de safras.
Os armazéns, antes cheios, estão ficando vazios
O estoque vai acabando, mas os resultados estão ficando. Ficam no aumento do consumo do café, com o mercado brasileiro evoluindo muito desde a política de utilização dos estoques excedentes, no estimulo ao consumo no país. Em 1950 eram consumidos, internamente, apenas cerca de 3 milhões de sacas/ano. Duas décadas após, em 1970, com o subsidio de cafés entregues às indústrias, o volume consumido subiu para cerca de 8 milhões de sacas.
Com estímulos de marketing e de controles de qualidade adicionais, sobre aquela base lançada, o consumo chega hoje a cerca de 20 a 21 milhões de sacas de café/ano, sendo o país o segundo maior consumidor mundial do produto, um mercado significativo e exclusivo para os cafeicultores brasileiros.
Os resultados da política cafeeira, da época do IBC ficam, também, através da nova cafeicultura, implantada mediante o Plano de Renovação de Cafezais. O qual criou a base para a transformação das lavouras de café no Brasil, antes com produtividade de 6 a 8 sacas por ha e com safras de 20 a 22 milhões de sacas/ano, para mais de 23 sacas/ha, atualmente.
Na época, em 1970, se tinha cerca de 2,2 bilhões de pés de café, em cerca de 2,5 milhões de hectares. Hoje, são cerca de 7 bilhões em área semelhante, de 2,3 milhões de hectares, assim com aumento do estande de plantas por área e as safras subiram para, agora, o nível de 45 a 50 milhões de sacas/ano.
Novas lavouras, modernas e produtivas, com variedades melhoradas, com mecanização plena e exploração mais empresarial, surgiram do trabalho de renovação e formam a base para maiores níveis de produtividade e das safras brasileiras de café.
Este aumento e melhoria nas lavouras aconteceram, mesmo tendo de superar os problemas de baixa fertilidade dos solos, devidos à expansão dos cafezais para regiões de cerrado, e, ainda, de suplantar as novas doenças e pragas, decorrentes de desequilíbrios, e ultrapassar os períodos críticos de seca dos últimos anos.
Conta-se, agora, com lavouras modernas e produtivas, com boa qualidade dos cafés produzidos. Em grande parte são cafezais com bom nível de mecanização, do plantio à colheita e preparo, muitos com suporte em irrigação e explorados de forma empresarial. Novas variedades, mais produtivas e resistentes, foram e vem sendo introduzidas. Temos, assim, uma lavoura mais competitiva.
A diversificação das regiões produtoras, que foi promovida pelo zoneamento climático do Plano de Renovação de Cafezais, executado pelo ex-IBC, trouxe benefícios adicionais, ao produtor e ao país, pois reduziu o risco e ampliou a margem de segurança para as safras.
Ainda temos a evoluir. Mas a boa herança, os ganhos obtidos no campo econômico-social e no tecnológico, não deve ser esquecida, deve ser valorizada, para embasar fases futuras da política cafeeira.