Qual tabela de recomendação utilizar para cálculo de adubação?
Existem diversas metodologias utilizadas para recomendação de fertilizantes na cultura do café, cada qual, com suas particularidades adequadas a região que a mesma é utilizada. Portanto, a escolha do método a ser utilizado vai depender da região e das características pertinentes a área de cultivo que o cafeeiro se encontra.
Para estes fins, as metodologias mais utilizadas são o boletim 100, do IAC, e a 5ª Aproximação, muito utilizada no estado de MG.
Abaixo estão algumas das tabelas mais utilizadas nos cálculos de adubação:
Tabela 2. Recomendação de N e K para manutenção da lavoura (5ª Aproximação)
O cafeeiro responde a super dosagens de fósforo?
Por muitos anos o cafeeiro foi considerado como uma planta que não respondia à aplicação de altas doses de P no solo uma vez que este é um dos macronutrientes menos exportado pelos grãos de café. Assim, a planta não precisaria de grande quantidade do nutriente para completar seu ciclo reprodutivo. Portanto, com base nessas premissas as recomendações de adubação fosfatada de manutenção da cultura que sugerem aplicações que vão ao máximo de 80 a 100 kg ha-1 de P2O5 quando houver expectativa de 60 scs ha-1 e baixos teores de P disponível no solo.
Nesse contexto, existem alguns trabalhos demonstrando que a cultura pode responder à maior adubação fosfatada em fase de produção, principalmente em solos de Cerrado, naturalmente de baixa fertilidade, e em anos de alta produtividade, testadas doses máximas de 90, 150 e 180 kg ha-1 de P2O5. Em alguns trabalhos podem-se observar incrementos lineares de produtividade até a dose máxima anual de 400 kg ha-1 de P2O5 em sistemas irrigados e 600 kg ha-1 de P2O5 em sequeiro no sul minas.
A nutrição do cafeeiro tem relação com o surgimento de doenças?
O surgimento de doenças no cafeeiro é favorecido quando as condições ambientais são adequadas à disseminação das mesmas. Sobretudo, a propagação é maior quando a planta se encontra em algum tipo de estresse, seja ele nutricional ou hídrico.
Nesse sentido, a nutrição do cafeeiro é de grande importância para o manejo fitossanitário da lavoura, onde a correta e equilibrada nutrição faz com que ocorra redução nas chances de incidência de doenças na lavoura. A relação entre as quantidades dos nutrientes na planta também possui relação direta com a incidência de doenças, principalmente a relação K:Ca, na incidência de cercosporiose no cafeeiro.
Portanto, o manejo correto dos fertilizantes no cafeeiro, garante menores custos no controle de doenças nas plantas, onde as plantas equilibradas e bem nutridas terão maiores condições de evitar a disseminação das mesmas.
A utilização de silicatos substitui a calagem?
Atualmente tem se discutido muito a respeito do uso de silicatos na agricultura, onde os mesmos são utilizados na correção de solos, e também no controle de patógenos, atuando como fungicidas na aplicação via foliar e nematicidas via solo.
A correção dos solos por meio do uso de silicatos é realizada, porém sua eficiência é muito baixa, visto que a reatividade destes é muito reduzida no solo, pois sua granulometria na maioria das vezes é muito grosseira.
Sobretudo, a correção do solo deve ser feita com a aplicação de calcário, pois sua solubilidade é muito alta, com preço reduzido, assim seu custo benefício se torna mais atrativo que a utilização de silicatos para estes fins.
Ademais, seu uso via foliar, tem se mostrado muito eficiente no controle de doenças no cafeeiro, onde, por meio da interação das barreiras físicas e químicas que o silicato promove nas folhas, a disseminação dos fungos é muito reduzida.
É viável a realização de adubações de inverno?
A realização de adubações de inverno ainda é pouco disseminada entre os cafeicultores, sendo mais comum o parcelamento das adubações entre os meses de outubro e março. No entanto, alguns trabalhos evidenciam que a realização de adubações de inverno, principalmente se utilizando o nitrogênio (N), apresentam ganhos no inicio da vegetação na safra seguinte, garantindo assim maior crescimento e desenvolvimento do cafeeiro.
No sul de minas, foram feitos ensaios parcelando a recomendação total da adubação da lavoura em 12 parcelamentos, sendo um a cada mês. Os resultados foram representativos, onde a absorção de nutrientes pelo cafeeiro foi feito de maneira gradual e pontual, assegurando assim ótimo vigor na planta, pela não ocorrência de deficiências. O crescimento vegetativo se mostrou superior quando comparado ao parcelamento tradicional entre os meses de outubro a março.
É viável a utilização de macronutrientes via foliar?
Muito se discute a respeito de aplicações via foliar de macronutrientes no cafeeiro, no entanto, o fornecimento de N, P, K, Ca, Mg e S na maioria das vezes são suplementados via solo. Geralmente as quantidades requeridas por esses nutrientes são elevadas, inviabilizando o fornecimento via foliar.
Sabe-se que os micronutrientes são fornecidos via foliar, por serem requeridos em menores quantidades. Sobretudo, cabe atenção por parte dos cafeicultores para que não ocorra falta de nenhum dos micronutrientes, pois se somente um deles estiver deficiente, a produção da planta estará comprometida (Lei do Mínimo).
Tabela 4. Recomendação de Macro e Micronutrientes em aplicações via foliar.
Novos estudos mostram que a complementação da adubação via solo com macronutrientes fornecidos via foliar, em momentos estratégicos do ciclo fenológico do cafeeiro, como a florada e o enchimento dos grãos, podem representar ganhos na produção, assim como maior pegamento de florada e menor incidência de grãos chochos.
Autores:
Giovani Belutti Voltolini – Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, membro do Núcleo de estudos em Cafeicultura – Necaf e membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia – GHPD.
Ademilson de Oliveira Alecrim – Eng. Agrônomo, Mestrando em Fitotecnia pela Ufla, membro do Núcleo de estudos em Cafeicultura – Necaf e membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia – GHPD.
Nicolas Bedo Teodoro de Sousa – Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, membro do Núcleo de estudos em Cafeicultura – Necaf