O longo período sem chuvas que causa estresse hídrico nas principais regiões de café arábica no Brasil já vem prejudicando o potencial produtivo das lavouras, com perdas especialmente nas regiões do Sul, Oeste e Triângulo, em Minas Gerais, e na Mogiana, em São Paulo. Juntas, essas regiões respondem por mais de 70% da produção de arábicas no País.
Vimos acompanhando nas estações meteorológicas os dados do balanço hídrico em diversos pontos dessas regiões. A análise dessas informações, conforme gráficos aqui apresentados, mostra déficits hídricos significativos.
As chuvas vieram mais próximas às normais até fevereiro e, a partir de março, praticamente não choveu. Em decorrência disso, verificou-se a falta de água no solo e, em consequência, lavouras murchas com folhas amareladas, secas e com desfolha. Os frutos de café nessas lavouras vêm amadurecendo forçados, com passagem de muitos deles do estágio verde diretamente para seco, sem o estágio cereja.
As lavouras mais novas, por terem sistema radicular mais superficial, ou aquelas sobre solos mais arenosos ou extremamente argilosos, pela menor disponibilidade de água, são as que mais estão sentindo a estiagem.
Além de perdas sobre a safra atual de café pelo menor tamanho e má formação dos grãos, o déficit hídrico recente reduz o crescimento da ramagem nova, o qual aliado à seca de folhas e desfolha, também pode influir no potencial para a safra de café futura, em 2019.
Ao persistir a atual deficiência hídrica, que podemos chamar de precoce, num período em que o solo deveria estar abastecido de água em sua caixa para fornecer a umidade suficiente para os cafeeiros suportarem o stress no período de inverno, período tradicionalmente seco, pode haver desfolhas severas nos pés e perdas muito significativas na safra futura, que já viria em ciclo de baixa.
Ainda é cedo para quantificar as perdas, porém o produtor e o mercado devem ficar atentos a essa anormalidade climática.