Diversos tipos de podas podem ser empregados na lavoura cafeeira, destacando-se a recepa, o decote e o esqueletamento. As podas podem ser indicadas de forma geral, em todo o talhão, ou em linhas determinadas ou, mesmo, em plantas isoladas, ou poda por apreciação.
No caso da recepa e do decote tem sido obtidos bons resultados na aplicação de poda por apreciação, especialmente nos casos de pequenas propriedades, pois é observada a real necessidade, verificada em cada planta, podando-se com o tipo e a altura mais adequados, aproveitando as partes boas existentes.
O conceito de poda por apreciação se baseia nos resultados de pesquisa e nas observações de campo, nos quais os melhores resultados de recuperação e de produtividade no pós-poda são obtidos onde as plantas são menos cortadas, com isso aproveitando a estrutura e as reservas acumuladas na ramagem e folhagem, presentes nas partes não podadas dos cafeeiros.
O esqueletamento/desponte é um tipo de poda lateral do cafeeiro, que visa renovar os ramos produtivos ou plagiotrópicos da planta. Ele vem sendo aplicado em larga escala na cafeicultura brasileira, principalmente para zerar a safra do ano seguinte à poda, concentrando a produção a cada 2 anos. Talvez por esta razão esta poda não venha sendo empregada, usualmente, de forma seletiva.
Relata-se, aqui, duas experiências realizadas com poda por esqueletamento de modo seletivo, neste caso não só utilizando a poda em determinadas plantas, mas, principalmente, cortando a ramagem lateral de apenas parte de uma determinada planta.
O trabalho foi feito em pequenas plantações de cafeeiros catuai, na Chapada Diamantina-BA, e em Porciuncula –RJ, nos 2 últimos anos agrícolas. Cada planta recebeu o corte de ramos laterais apenas na parte onde esses ramos se encontravam muito alongados, finos e com pouco crescimento em sua parte terminal, com entre-nós curtos, e, em muitos casos, com ponteiros secos. Os demais ramos, que apresentavam bom crescimento terminal, foram mantidos sem podas. Os ramos se encontravam concentrados na saia e, em certos casos, também no terço médio das plantas.
Como resultado da aplicação do esqueletamento/desponte seletivo, em plantas separadas ou em parte da planta de cafeeiros, verificou-se que ocorre uma rápida brotação e recuperação dos ramos laterais podados, função da manutenção do restante da planta, vegetando e produzindo reservas, que evitam o stress devido a uma poda geral da planta, esta afetando diretamente a morte das raízes finas. Observou-se, ainda, que plantas que não necessitarem ser podadas ou que foram podadas em ciclo anterior, continuam produxindo, sem problemas, até melhor, devido á abertura propiciada pelo esqueletamento de plantas ao lado. Verificou-se, ainda, que as partes não podadas de uma planta continuam sua produção normal. Também, verificou-se que a poda parcial por esqueletamento é perfeitamente exequível, usando podadeira motorizada, dirigindo a área de corte do equipamento apenas para as plantas ou parte delas, conforme onde se queira cortar.
Com base nos bons efeitos obtidos, pode-se projetar, ainda, com a adaptação de equipamentos, a viabilização do esqueletamento seletivo mesmo com máquinas tratorizadas, usando discos ou segadeiras menores, ou, mesmo, adotando o esqueletamento apenas de um lado da linha de plantas, isto no caso de chuva de granizo ou stress por carga, quando concentrados de um só lado das plantas/linhas.
Planta necessitada já esqueletada seletivamente.
Na foto à direita, o mesmo cafeeiro com o esqueletamento já realizado, mantendo sem poda a parte boa da planta.
Esquelamento seletivo dentro da mesma planta, sendo mantida a sua parte mais alta sem podar.