O espaçamento na hora de plantar o café depende de uma série de fatores: cultivar a ser plantada, equipamentos a serem utilizados, topografia da área e a fertilidade do solo. Segundo estudo realizado pela Embrapa Café, os aspectos a serem analisados para a definição do espaçamento na implantação do cafezal são:
Topografia
As características topográficas do terreno são o ponto de partida para a definição do espaçamento, uma vez que a possibilidade ou não de moto mecanização dos tratos culturais e principalmente da colheita, condicionará essa escolha, e, a partir daí, outros aspectos igualmente importantes passam a ser considerados.
Plantios em sistema motomecanizado:
Deve ser respeitado o mínimo de espaço exigido para o trânsito das máquinas que irão trabalhar na área. Assim, o espaçamento entre as linhas do cafeeiro poderá ser de 3,5 a 4,0 metros.
Plantios em sistema não mecanizado:
De modo geral, para as cultivares de pequeno porte, recomendam-se espaçamentos entre as linhas de 2,4 a 3,0 metros. Para cultivares de maior porte, que normalmente têm maior diâmetro, aumentar 0,5 m nos limites da faixa.
Espaçamentos menores que os das faixas citadas podem ser adotados, desde que sejam previamente planejadas as podas, pois haverá, naturalmente, fechamento das ruas.
Para o espaçamento entre as plantas na linha, independente do sistema de plantio, recomenda-se: 0,50 m a 0,70 m para cultivares de porte baixo e maior que 0,70 m para cultivares de porte alto.
Quando se planeja colher com derriçadoras manuais motorizadas, deve utilizar-se de espaçamentos nas entrelinhas que permitam o manuseio pleno da máquina.
Insolação
A radiação solar é fundamental para todas as plantas. Quando na intensidade adequada, tem efeitos sobre o cafeeiro que podem se traduzir em maior atividade fotossintética, floração abundante e maturação mais uniforme. Por isso, para evitar o autossombreamento, principalmente em maiores altitudes, recomenda-se adotar espaçamentos mais largos e, se a topografia local permitir, preferir o alinhamento das linhas de plantio paralelas ao deslocamento do sol.
Por outro lado, a insolação excessiva, especialmente em altitude menor, pode ser danosa ao cafeeiro, provocando redução na diferenciação floral, abortamento das flores e escaldadura das folhas. Nesse caso, recomenda-se planejar a arborização como forma de amenizar tais efeitos.
Nutrientes
Quando a questão envolve os nutrientes na plantação, o Agrônomo Consultor em Cafeicultura, Diego Baquião, afirma que a relação de absorção deles depende muito da extração pelos grãos para o crescimento das plantas: quanto maior a densidade de plantas por hectare, maior será a extração de nutrientes do solo.
Um artigo apresentado pela Fundação Procafé, intitulado “Nutrição do Cafeeiro, Macro e Micronutrientes, Recomendações e Racionalização”, afirma que o aspecto nutricional é um dos fatores que afeta significativamente o desenvolvimento das plantas, tanto em altura como em diâmetro de copa. A adubação deficiente retarda o crescimento e resulta em plantas com menor diâmetro de copa, as quais requerem menor distância entre si em relação às lavouras com adequada nutrição.
A Embrapa Café separou as definições de macro e micronutrientes para a plantação de café:
Macronutrientes
Nitrogênio - atua no crescimento da planta, no aumento da vegetação com maior ramificação dos ramos plagiotrópicos, formação de folhas verdes e brilhantes, expansão da área foliar, formação de botões florais, promovendo ainda maior atividade fotossintética pelo aumento da clorofila e maior produção de carboidratos necessários à frutificação.
Fósforo - contribui para maior desenvolvimento do sistema radicular e parte aérea da planta, formação do lenho e granação dos frutos, influindo também na síntese e armazenamento de energia.
Potássio - apresenta importância nas atividades de fotossíntese, respiração e circulação de seiva na planta, com efeito na formação de amido nas folhas e contribuição na fase de granação dos frutos, se translocando com facilidade das folhas adjacentes para os frutos.
Cálcio - possui influência no crescimento e desenvolvimento do sistema radicular e na estruturação da ramagem da planta, havendo retenção de folhas, desenvolvimento de gemas, maturação dos frutos e produção de proteínas.
Magnésio - tem participação na constituição da clorofila com efeito no processo fotossintético e contribuição no metabolismo energético relacionado ao transporte de fósforo e carboidratos na planta.
Enxofre - participa do processo de composição das proteínas, tem influência na síntese de clorofila e no desenvolvimento do sistema radicular.
Micronutrientes
Boro - interfere significativamente no crescimento do cafeeiro e no processo de fecundação das flores.
Zinco - promove catalisação na formação de hormônios responsáveis pelo crescimento da parte aérea do cafeeiro principalmente nas áreas mais novas da planta.
Cobre - atua como catalisador nos processos de respiração e oxidação do cafeeiro, tendo muita influência na formação de folhas novas de plantas jovens e na defesa de doenças.
Manganês - deve ser reposto em solos com pH alcalino, com calagens excessivas e alto teor de matéria orgânica, evitando problemas que afetam a folhagem do cafeeiro.
As informações são da Embrapa Café, Fundação Procafé e entrevista com o consultor do Rehagro.