Com relação à escala de produção, observamos que um fato muito comum em grande parte das propriedades onde se cultivam o café conilon no estado do Espírito Santo é o tamanho das áreas de cultivo na propriedade, que são em sua maioria, pequenas. A cultura muitas vezes é considerada um fator de complementação na renda do produtor, ou seja, o café funciona como uma "poupança", tendo em vista que para o seu sustento diário, o produtor exerce outra atividade.
Verifica-se assim grande falta de profissionalização com a atividade. De maneira geral, o avanço tecnológico propicia aumento de produtividade, mas atualmente temos verificado uma grande desvalorização em termos reais do produto. Desta forma, torna-se necessário que, além de ser capaz de obter produtividade com custo equilibrado, conforme comentamos nos artigos anteriores, o cafeicultor também deve buscar a obtenção de uma escala de produção adequada na propriedade.
No quadro 1 verificamos o custo de produção associado à escala na safra 2007/08 de duas propriedades com produtividades idênticas e áreas de plantio de 3 e 13 ha, respectivamente.
Quadro 1: Custo de produção e escala - safra 2007/2008
Fonte: Projeto Educampo.
Observamos pelo quadro acima algumas informações importantes conforme pontuaremos a seguir:
1)As propriedades possuem produtividades idênticas na safra analisada, porém a área plantada é de 3 ha de café e 13 ha, ou seja 4,3 vezes maior;
2)O C.O.E. - Custo Operacional Efetivo por ha na propriedade de 3 ha ficou em R$ 5.000,00 enquanto que na propriedade de 13 ha o C.O.E foi de R$ 5.942,00, o que observamos é que na propriedade menor, ocorre maior eficiência principalmente no item mão-de-obra tendo em vista que o próprio produtor com sua família executam as atividades enquanto que na propriedade de maior área ocorre contratação da mesma.
3)O C.O.T. - Custo Operacional Total por ha na propriedade de 3 ha ficou em R$ 6.994,00 enquanto que na propriedade de 13 ha o C.O.T foi de R$ 7.910,00. Desta forma, verifica-se que a propriedade menor possui menor capital imobilizado, tendo irrigação com menor custo, ausência de estrutura de pós-colheita e menor número de benfeitorias, sendo portanto condizente com a menor produção enquanto que na propriedade de maior área ocorre maior capital imobilizado em infra-estrutura devido à necessidade da escala de produção da propriedade.
4)Observando-se, por exemplo, a lucratividade por ha, na propriedade de menor área plantada, o lucro foi de R$ 5.102,00 enquanto que na propriedade de maior área plantada, o lucro foi de R$ 3.430,00. Desta forma a propriedade menor é mais eficiente dentro do conjunto analisado e realmente esta é uma necessidade da mesma.
5)Quando analisamos a escala de produção, observamos que uma propriedade produz no total 180 sacas/ben. enquanto outra produz 780 sacas/ben. Desta forma analisando-se o lucro total enquanto uma propriedade tem R$ 14.796,00 outra tem R$ 44.594,00, mostrando assim maior competitividade apesar da maior necessidade de capital imobilizado e menor eficiência nos usos dos recursos. Sendo assim, o maior volume permite ao produtor maior lucro total mesmo tendo-se menor margem de lucro unitário.
Com relação ao item qualidade, temos verificado que, apesar da pouca valorização em relação a este item para o café conilon, o produtor não deve desconsiderá-la. Na grande maioria das vezes, as grandes perdas de qualidade encontram-se no processo de pós-colheita e podem ser revertidas sem custo adicional considerável. Tendo-se em vista que a diferença de preço de um tipo 7 para 7/8 é de R$ 3,00/sc, no caso de produtividade de 60 sacas ter-se-ia uma perda de R$ 180,00 por ha.
Enfim, tiramos como conclusões que:
1) Torna-se fundamental o aumento da escala de produção por parte dos produtores de café conilon; uma escala de plantio mínima seria de 10 ha e de produção em torno de 500 sc/ben.;
2) O produtor deve buscar não perder a qualidade do produto, que na grande maioria das vezes encontram-se no processo de pós-colheita.