As lavouras de café na região Sul de Minas estão convivendo com uma nova erva resistente ao herbicida glifosato. Ela é a conhecida como pé-de-galinha (Eleusine indica), uma gramínea que era pouco frequente em cafezais, passando a uma maior dominância de áreas e a requerer cuidados especiais no seu controle.
Sabe-se que as ervas daninhas surgem de forma espontânea nas lavouras, sendo o uso contínuo e duradouro de herbicidas do mesmo grupo químico um fator que pode resultar na seleção natural de espécies, populações ou biótipos que ganham, ciclo após ciclo, tolerância às aplicações.
Os herbicidas à base de glifosato, pela sua boa eficiência e custo baixo, são usados em larga escala nas lavouras de café no Brasil, seja isoladamente ou em combinação com outros ativos ou outros métodos de controle de plantas daninhas.
Nas lavouras cafeeiras, já era frequente e bem conhecida a ocorrência de duas ervas resistentes ao glifosato: a buva ou voadeira (Conyza spp) e o capim gengibre ou amargoso (Digitaria insularis). Mais uma erva se junta a esse grupo, dificultando e elevando o custo de seu controle.
Desde 2003, a erva pé-de-galinha era considerada resistente a herbicidas inibidores de ACCase. Para aqueles inibidores da síntese de aminoácidos de cadeia aromática ou inibição da enzima EPSPs (enolpiruvil-shiquimato-fosfato sintase), como o glifosato, do grupo químico das glicinas, a erva pé de galinha tem sido considerada como de resistência a nível baixo (RNB). Isto significa que pode haver controle com aumento de dose do ativo herbicida.
A verificação de ausência de controle da erva pé-de-galinha em lavouras de café mostra distribuição de plantas em reboleiras ainda verdes ou sem controle ao lado de ervas de outras espécies de tamanho similar, controladas ou secas, após aplicação de herbicida à base de glifosato. Isto indica que a falta de controle não foi por falha na aplicação, mas pela tolerância maior dessa população ou biótipo de erva.
Na ocorrência da erva pé-de-galinha resistente em uma determinada lavoura, indica-se, inicialmente, praticar o controle em ervas mais novas, aumentar a dose de glifosato ou combinar com um herbicida de grupo novo, sendo os mais usados, atualmente, do grupo químico Clethodin (Select) ou de Haloxifop p-metil (Verdict) ou de Quizalofope-p-etílico (Targa Max) ou de Clomazona ou de Glufosinato de amonia. O uso de herbicidas de pós-emergência em combinação com herbicidas residuais também é indicado para reduzir a sementeira da erva, além de ser indicado combinar o controle químico com métodos de controle mecânico (Carpideira, trincha, enxada etc).