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Entendendo o Custo de Produção

POR CARLOS OTÁVIO RIBEIRO CONSTANTINO

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 25/03/2009

4 MIN DE LEITURA

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O custo de produção é um instrumento importante para que o empresário da atividade cafeeira saiba auferir lucro e tenha claro quais são seus gastos. Entretanto, apesar de seu cálculo envolver algumas questões simples, outras são um pouco complexas, razão pela qual seu uso é pouco disseminado entre os produtores rurais. Sendo assim, o presente artigo tem por objetivo explicar como é composto o custo de produção, para facilitar o entendimento do leitor.

Tabela 1. Exemplo de planilha de Custo de Produção.


Fonte: software PCC Café - Programa de Cálculo de Custo do Café - utilizado pelo Projeto Educampo.

Renda Bruta

O item renda bruta é composto pelo valor da produção, que é a quantidade de sacas beneficiadas multiplicado pelo preço do café comercializado. As "vendas de escolha" também entram na composição, assim como "Outros Componentes da Renda Bruta", por exemplo, a venda de um equipamento. Desta forma, este três itens irão compor a renda bruta da atividade.

C.O.E. - Custo Operacional Efetivo

O custo operacional efetivo pode ser definido como o custo de todos os recursos de produção que exigem desembolso por parte da empresa para sua recomposição. Corresponde apenas aos gastos efetivamente incorridos na condução da atividade, ou seja, apenas aos itens de custo considerados diretos (mão-de-obra, fertilizantes, defensivos, energia, combustível, manutenção, reparos, impostos e taxas, assistência técnica).

C.O.T. - Custo Operacional Total

O custo operacional total envolve a soma do C.O.E, o valor da mão-de-obra familiar que, mesmo não sendo remunerada, é imprescindível à condução do empreendimento, e as depreciações, que equivalem a apenas uma parcela dos custos fixos. Do ponto de vista teórico, o custo operacional total define o custo incorrido pelo produtor no curto prazo para produzir e para repor a sua maquinaria e benfeitorias, bem como a própria lavoura, e continuar produzindo.

• O que é a depreciação? A depreciação corresponde a um custo indireto requerido para acumular fundos para substituição do capital investido em bens produtivos de longa duração, inutilizados pela idade, uso e obsolescência. Pode-se dizer que ela: i) representa a perda em valor do capital pelo desgaste físico ocorrido durante o processo produtivo; ii) é um procedimento contábil para distribuir o valor inicial do capital durante sua vida útil produtiva.

• Quais itens são depreciados? Para o caso da atividade "café" são depreciados todos os itens que são utilizados pela atividade, tais como: benfeitorias envolvidas no processo produtivo, máquinas, irrigação, além da própria lavoura, que em determinado momento deverá ser substituída.

C.T. - Custo Total

O custo total nada mais é que a soma do C.O.T. com o valor da remuneração do capital imobilizado com a atividade. O que é a remuneração do capital? Todo o capital investido na empresa tem um custo de oportunidade, uma vez que seu uso na empresa implica deixar de empregá-lo noutra atividade alternativa. Por definição, o retorno potencial desse capital na melhor alternativa possível de utilização forneceria uma medida desse custo de oportunidade. Como essa estimativa nem sempre é fácil, é expediente comum estimar o custo de oportunidade a partir do retorno que o capital teria se, em vez de aplicado na empresa, fosse investido no mercado financeiro como, por exemplo, na caderneta de poupança.

Margem Bruta

A margem bruta é uma medida de resultado econômico que pode ser usada quando o produtor apresentar os recursos de produção disponível e necessitar tomar decisões sobre como utilizar, eficazmente, esses fatores. A margem bruta pode ser definida em relação ao custo operacional e em relação ao custo total de produção.

A margem bruta em relação ao custo operacional efetivo é o resultado que sobra após o produtor pagar todas as despesas operacionais, considerando determinado preço unitário de venda e o rendimento do sistema de produção para a atividade. A margem líquida mede a lucratividade da atividade no curto prazo, mostrando as condições financeiras e operacionais da atividade agropecuária. A margem líquida é obtida pela diferença entre a receita bruta e o custo operacional total, sendo destinada à remuneração do capital fixo.

Lucro

O lucro é obtido subtraindo-se da renda bruta o custo total incorrido na produção. Quando o lucro total é positivo, tem-se uma situação de lucro supernormal, visto que todos os custos de produção estão sendo cobertos, restando um resíduo que pode ser empregado na expansão do empreendimento. Situações de lucro nulo caracterizam lucro normal, e implicam que a atividade estará cobrindo todos os seus custos, sendo capaz de refazer seu capital fixo no longo prazo. Finalmente, uma atividade com lucro total negativo estaria em situação de prejuízo econômico, sem condições de se manter em operação por períodos mais longos.

Neste caso, se os custos variáveis estiverem sendo cobertos, a atividade poderia manter-se em operação, mas apenas por determinado período, já que isso implicaria descapitalização, e consequente inviabilização do empreendimento no longo prazo.

Taxa de remuneração do capital

A taxa de remuneração do capital (TRC) é um interessante indicador de resultados, em analise de investimentos, pois indica a atratividade do projeto e permite comparações com atividades alternativas, tanto do setor rural quanto de outros ramos da economia.

A TRC é obtida da seguinte formula:

- TRC sem terra = Margem liquida/estoque de capital sem terra x 100;
- TRC com terra = Margem liquida/estoque de capital com terra x 100.

Para a analise é mais interessante o uso da TRC com terra, pois considera o valor da terra no cálculo da remuneração o capital.

Tabela 2. Exemplo de planilha de Indicadores Técnicos e Econômicos.


Fonte: software PCC Café - Programa de Cálculo de Custo do Café - utilizado pelo Projeto Educampo.

CARLOS OTÁVIO RIBEIRO CONSTANTINO

Engenheiro Agrônomo formado na UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense. Atua como consultor técnico no Projeto Conilon Eficiente COOABRIEL.

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LIZ TANAJURA

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - ESTUDANTE

EM 28/03/2018

Prezado Carlos. Parabéns pelo artigo.
que recomendações vc me daria caso a TRC fosse abaixo de 6% em pecuária de corte?
GILMAR BATISTA ESTRELA

MONTE SANTO DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/06/2016

Prezado Carlos, parabéns pelo artigo,



Eu me aposentei ano passado e comprei um pequeno sitio mo Sul de Minas com 50 mil pés de café. Estou gastando, gastando, mas não sei se vou ter retorno. Como não sou do ramo estou perdido no controle a apuração do resultado. Se não for incomodo poderia me enviar a planilha para comecar a estudar os custos?



Grato pela atenção, Gilmar Estrela e-mail gbe_ps@hotmail.com
GILMAR BATISTA ESTRELA

MONTE SANTO DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/06/2016

Prezado Carlos,



Parabéns pelo artigo. Eu me aposentei ano passado e comprei um sitio no sul de minas que tem cafe. Estou perdido se vale a pena ou não produzir café, justamente porque não estou sabendo avaliar e controlar os custos. Assim, se não for incomodo, gostaria de receber a planilha excel para tentar apurar os custos e ver que rumos devo tomar.



Grato pela atenção, Gilmar Estrela. gbe_ps@hotmail.com
RAFAEL SIQUEIRA

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/02/2016

Carlos Otávio, bom dia



Ótimo artigo com informações claras e objetivas.

Seria possível o compartilhamento da planilha em excel?



Email: rafaeljts@yahoo.com.br



Muito Obrigado
GUILHERME JOSÉ VICENTE FERBEK

DOMINGOS MARTINS - ESPÍRITO SANTO

EM 12/02/2016

Possuo um software exclusivo para a cafeicultura. Sou formado em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pelo IFES campus de Alegre e desenvolvi o software como trabalho de conclusão de curso. Me coloco à disposição para diálogo.



gui.ferbek10@gmail.com
JOÃO FERNANDO BIGHI VENTURIN

CARIACICA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2015

Carlos Otávio,



Muito interessante o artigo e o modelo de controle.



Você poderia enviar a sua tabela de custo de produção de café? (em excel)



Email: jfventurin@hotmail.com



Desde já agradeço.
VALDIR

ALFENAS - MINAS GERAIS

EM 25/03/2013

Boa Tarde.

Gostaria de fazer o contato com vocês, pois trabalhamos com terreiros de café,

de asfalto e concreto, terraplenagem.Se conhecerem alguém que precisa desse tipo

de serviço, fazemos.

José Valdir de Oliveira.

email: minasbarragem@hotmail.com
DANILO

MANHUMIRIM - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/11/2012

Boa noite

Gostaria de saber se os senhores disponibilizam este Software.

att.

Danilo Ferreira

SAMUEL HENRIQUE FORNARI

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 27/02/2012

Senhores, não tenho visto ninguém comentar, mas onde estão as chuvas??? Fevereiro está terminando com chuvas bem abaixo da média e as previsões para os próximos 15 dias não são muito animadoras. Poderia afetar em algo???

Segue desempenho das chuvas em fevereiro. Fonte Somar:

Tabela 4: CHUVAS OBSERVADAS TOTAL EM FEVEREIRO

Região Total Média Desvio(%)
PAR        13    185 - 92
SSP   114   192- 40
MOG   114   222 - 48
CER 78     241 - 67
SMG 85   240 - 64
SMG2   55    204 - 72
ZMG 5   132 - 95
ZES   70   95  - 26
AL 17    110  -84
VC   27    78  - 65
CA   194   320  - 39
HAROLDO OLYNTHO JUNQUEIRA FRANCO

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 26/02/2012

Carlos Otávio,

Muito interessante o artigo e o modelo de controle.

Você poderia enviar a sua tabela de custo de produção de café com os meses de lançamento dos custos? (em excel)

Email: ho_jf@hotmail.com

Muito obrigado.

Um abraço.
Haroldo Junqueira Franco
CARLOS OLIVEIRA

SANTA CRUZ DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 02/04/2009

Prezado Carlos Otávio,

Estou justamente iniciando o desenvolvimento de uma planilha de custo para uso em minha propriedade. Moro no RS, mas tenho um sítio no sul de Minas. Estou terminando um MBA em Agronegócios na minha cidade e escolhi com trabalho de conclusão de curso fazer um levantamento dos custos da minha propriedade e montar uma planilha do Excel. Assim se voce puder gostaria que me enviasse algum material que pudesse me auxiliar no trabalho.

Carlos Oliveira
CARLOS OTÁVIO RIBEIRO CONSTANTINO

MIMOSO DO SUL - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/04/2009

Prezado Carlos Oliveira,

Com certeza a gestão passa a ser uma questão de sobrevivência atualmente, e o uso de software facilita em muito a operacionalização deste processo. No caso do projeto Educampo, usamos um software desenvolvido pelo SEBRAE especificamente para o projeto.

No mercado existem vários softwares de gestão rural, porém confesso não ter encontrado nenhum específico para café, que seja de fácil uso e de análise simples. Mas sugiro a você que pesquise em sites de buscas, onde você encontrará versões demonstrativas das empresas e você pode encontrar algum que seja bom para o seu caso.

O item mais complicado é no caso de lançamentos, pois caso você não consiga nenhum, você pode utilizar o Excel que permite uma ótima análise de informações. Tenho algumas planilhas que inclusive posso te repassar. Qualquer outra dúvida, estou a disposição.
CARLOS OTÁVIO RIBEIRO CONSTANTINO

MIMOSO DO SUL - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/04/2009

Prezado Frederico Oliveira Guabiraba,

São muito oportunas suas colocações, responderei por partes:

1) Com relação aos meses de receita e despesas, no caso do café conilon, fazemos como de 01 de agosto de um ano a 31 de julho de outro ano, pois todo o processo produtivo entra no custo de produção. Em relação ao café arábica não tenho muita experiência, porém sei que ocorrem muitas diferenças entre as regiões em termos de colheita. Desta forma, acredito ser interessante que o mês seja o que representa realmente o fim da colheita, por exemplo, se sua colheita termina em 31 de setembro você poderia calcular seus custos como sendo de 01 de outubro de um ano a 31 de setembro de outro ano.

2) Tendo em vista o item receita, o que fazemos na prática é o fechamento dos custos no fim da safra e analisamos colocando como valor da venda o preço do dia em que se realiza a análise. E quando todo o montante da safra em questão for vendido, outra análise pode ser feita incluindo assim o preço médio de venda praticado.

3) A questão da alta produção num ano e baixa no outro ano realmente leva a uma interpretação complicada para o custo. Visando amenizar este efeito pode-se ao final de duas safras realizar uma análise bianual, que permitira assim uma melhor tomada de decisão.

Qualquer outra dúvida, estou a disposição.
CARLOS OLIVEIRA

SANTA CRUZ DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 31/03/2009

Prezado Carlos Otávio,

O seu artigo parece ser "o assunto do momento" há muito tempo. Acredito que já exista uma conscientização por parte de uma boa parcela de produtores sobre a importância do uso de ferramentas de gestão na atividade rural. E este é o ponto chave do teu artigo e que chamou minha atenção. Ou seja, o uso de um software como auxiliar na administração. A minha pergunta então é: como e onde conseguir estas ferramentas ou seja softwares auxiliares na gestão rural voltados à cafeicultura?
JOSE LUIZ DA SILVA JUNIOR

CAPETINGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 28/03/2009

Acho que ja esta na hora de criar neste site algo como Mercado Livre da Agropecuaria ,onde os produtores terão acesso 24 hr. aos mais diversos produtos , preços , propostas de negocios , alem de poder ofertar seus produtos e mercadorias , ja chega dele ficar correndo de um lado para outro procurando melhores preços e/ou condições de pagamento . Ha muita gente com boas oportunidade de negociação tanto em compra como em venda sem oportunidade de promover seus negocios
Os interessadosacessariam o site , cadastro , sua atividade e pesquisa o que procura , do outro lado estaria quem ter ofertas .
Tudo é muito simples e chega de alguns poucos ditarem regras e preços de produtos ( ex : insumos ) acho que estimula a concorrencia .
FREDERICO OLIVEIRA GUABIRABA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/03/2009

Bom dia Carlos,

Achei muito interessante e esclarecedor este artigo e gostaria de aproveitar a oportunidade para esclarecer algumas duvidas. Para levantar o custo de produção de uma lavoura de café quais seriam os meses de lançamento de receitas e despesas (de outubro a setembro?). Levando em consideração que seja entre outubro e setembro, como fica o lançamento das receitas e despesas e a análise dos indices tecnicos e economicos, pois às vezes tenho um montante de café da produção da colheita 07/08, que venderei apenas em 2009, portanto lançarei a receita em 2008/2009, o que prejudica o ano de 07/08 e supervaloriza o ano 08/09, ja que um ano é de safra e outro de contra-safra, entendeu?

Atenciosamente,

Frederico Oliveira Guabiraba

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