Traduzido do inglês, barter significa escambo, troca ou permuta. No agronegócio, o termo está vinculado à prática de trocar uma parte da produção por maquinário ou insumo, de acordo com a necessidade do produtor rural. No Brasil, a operação teve início em meados dos anos 90 e a mais de 10 anos a Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé), fundada em 1979, na cidade de Lajinha (MG), realiza essa modalidade de negociação a fim de facilitar a aquisição de produtos por parte dos associados. Com o objetivo conscientizar e tornar ainda mais conhecida a prática, a Coocafé lançou a campanha “Barter - O poder está em suas mãos” em todas as plataformas de comunicação, on e off.
O café é considerado muito mais do que uma cultura, hoje ele é reconhecido como uma moeda para adquirir insumos para a propriedade. Na área de atuação da cooperativa, o café é o carro-chefe das famílias que vivem da agricultura, o que facilita ainda mais para os associados realizarem suas aquisições. A modalidade da troca impulsiona o cafeicultor a gerenciar de forma mais eficiente sua produção. Em entrevista com o diretor presidente da Coocafé, Fernando Cerqueira, transmitida através do Programa Alvorada Sertaneja, a operação Barter é explicada de forma detalhada. Fernando, com a experiência adquirida no decorrer dos anos à frente da cooperativa, deixa ainda algumas dicas para os produtores. Confira:
O que é a operação Barter?
“A modalidade de Barter existe há muitos anos no Brasil, a parte de café não é tão antiga quanto soja e milho. A operação nada mais é do que um sistema de troca, é uma moeda de permuta. Nós (produtores) temos duas opções: compramos o insumo a prazo ou recorremos ao banco e pagamos juros; não sabemos no vencimento quantas sacas de café nós teríamos que vender para pagar a dívida. Com isso, há duas certezas, o valor final do financiamento e o juros que pagaríamos. Mas quantas sacas de café gastaríamos? Não sabemos. Na operação barter a gente faz uma conversão: tantas sacas de adubo ou de inseticida por tantas sacas de café. Isso gera uma segurança maior para o produtor”.
A cooperativa tem alguma parceria?
“Para esse trabalho normalmente nós fazemos parcerias com algumas empresas de fertilizantes, defensivos e também a Coocafé estabelece seu próprio Barter em algumas mercadorias em que as empresas não geram esse tipo de modalidade. Nos últimos anos que temos feito, isso tem sido muito positivo para o produtor. A gente tem que lembrar que a única moeda que nós sabemos produzir é o café, nós produzimos o café que no futuro vai virar dinheiro.”
Conselhos para os cafeicultores:
“Toda vez que pensamos em futuro, a gente tem uma interrogação na frente. Nós não conhecemos e nem podemos prevê-lo. Quando a gente faz a modalidade barter ou a gente faz as nossas travas de café, nós não estamos tentando advinhar o futuro, isso pertence a Deus, estamos tentando apenas sair da zona de incerteza.
A partir do momento que nós fixamos parte da nossa produção, e é muito bom ressaltar isso, nunca devemos fixar ou fazer barter de 100% da nossa produção, até porque existem fatores climáticos, políticos, econômicos e de produção que podem influenciar em uma grande oscilação de mercado. Então nós, da Coocafé, sempre aconselhamos a atingir no máximo 30% do nosso futuro, seja ele em barter ou fixação de preço. Com essa atitude é que saímos da zona da incerteza.
Produtor, conheça o seu custo de produção, porque se é caro ou se é barato vai depender do seu custo. Sempre vale lembrar: Não é uma aposta.
Precisamos trabalhar a produtividade, a qualidade e a administração dos nossos custos, porque na verdade é a única coisa que está em nossas mãos. E uma coisa é certa: lavouras bem cuidadas, pulverizadas, adubadas e com um processo de pós-colheita muito bem feito, com certeza vai propiciar o produtor a fechar no azul e nunca no vermelho”.
As informações são da Coocafé.