Soluções mais ecológicas e seguras, com bom custo-benefício, é uma oportunidade para a agricultura. Segundo a Kynetec, especialista em pesquisa de mercado em saúde animal e agricultura, acredita-se que em 2025 o setor global ultrapasse 8 bilhões de dólares, já que a tendência é uma demanda crescente no manejo integrado de pragas e doenças, pressões regulatórias, companhias investindo fortemente nesta área e produtores acreditando cada vez mais na importância destes produtos para uma agricultura mais eficiente e sustentável.
Com o crescimento da procura por essas soluções, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem desenvolvido medidas para fortalecer a área. Uma delas é o Programa Nacional de Bioinsumos, que visa melhorar a oferta de insumos biológicos, oferecer suporte técnico e fomentar pesquisas sobre a implantação desse manejo sustentável nas lavouras. Além disso, tem como intuito acelerar a criação de normas reguladoras para incentivar o surgimento de novas empresas no mercado.
De acordo com o Programa Nacional de Bioinsumos, os bioinsumos são produtos ou processos de origem vegetal ou microbiana utilizados nos sistemas de cultivo agrícola e pecuário que interferem positivamente no crescimento, desenvolvimento e mecanismo de resposta de animais, plantas, microrganismos e substâncias derivadas, que interagem com os produtos e os processos físico-químicos e biológicos.
Com este avanço, o Dr. Fernando Andreote, professor da ESALQ/USP, elaborou uma classificação para os produtos biológicos oferecidos no mercado: os Inoculantes, os Biodefensivos, os Ativadores e os Repositores. Os dois primeiros contêm em sua formulação microrganismos específicos para fins predeterminados, enquanto que os Ativadores estimulam os organismos presentes no solo e os Repositores fazem a reposição de microrganismos ao solo para a reorganização e funcionalidade do seu microbioma. Para entender melhor sobre a classificação dos biológicos, a Engª. Agrª. MSc. Maria Stefânia D’Andrea Kühl, Analista Técnico da Microgeo, empresa do setor de biológicos, com foco na produção e comercialização da tecnologia, explicou sobre cada conceito.
Inoculantes
Referem-se a um produto que contém microrganismo e que tem como função a ação favorável ao crescimento e desenvolvimento das plantas. Para sua eficácia agronômica, é necessário que o produto contenha a espécie de microrganismo caracterizado como inoculante proveniente de cepas de “coleção oficial”, garantia de concentração mínima em suporte estéril, livre de outros microrganismos não específicos a fim de garantir sua pureza.
Biodefensivos
Considerado o segmento que mais cresce dentre os biológicos. Os biodefensivos são agentes Biológicos de Controle, como organismos vivos, de ocorrência natural ou obtidos por manipulação genética. Tem como função, o controle de uma população ou de atividades biológicas de outro organismo considerado nocivo à agricultura. Neste caso há duas categorias técnicas: inimigos naturais – entomopatógenos (como exemplo os fungos e bactérias), organismos que naturalmente infectam, parasitam ou predam uma praga específica; ou a técnica de inseto estéril – liberação de machos esterilizados usados na supressão ou erradicação de pragas. Para que o produto seja eficiente na agricultura deve-se ter a indicação do local da coleção biológica e a concentração mínima do ativo biológico; é importante seguir as indicações de uso nas culturas apropriadas e alvos biológicos a que se destina.
Ativadores
Esta classificação abrange os fertilizantes, fertilizantes orgânicos, organominerais, biofertilizantes, condicionadores de solo, substratos para plantas, substâncias húmicas e fúlvicas, e aditivos. São também conhecidos como Bioestimulantes, já que apresentam efeitos diretos ou indiretos na melhoria das propriedades físico-químicas do solo e na estimulação da atividade biológica presente nele. Conforme o enquadramento do produto, este deve apresentar garantias mínimas de compostos químicos, princípios ativos e/ou agentes orgânicos em sua composição para se obter os benefícios agronômicos.
Repositores
Contém em sua composição a presença de diferentes espécies de microrganismos vivos, que tem como função a reposição biológica, a reorganização e a funcionalidade do microbioma do solo. “Nesta classificação, podemos destacar o MICROGEO – um componente balanceado utilizado para a produção do Adubo Biológico através do Processo de Compostagem Líquida Contínua (CLC) em Biofábricas instaladas diretamente nas propriedades agrícolas. O Adubo Biológico é caracterizado como repositor por apresentar concentração de 107 a 109 células de bactérias por mL e em termos qualitativos, média de 300 diferentes grupos de bactérias. Os grupos variam de acordo com a localidade da instalação da Biofábrica CLC, garantido microrganismos adaptados ao local de uso o que o torna uma biotecnologia altamente eficiente”, explica a Maria Stefânia.