O objetivo da análise foi caracterizar as peculiaridades dos custos de produção de café na Região e mostrar os indicadores associados aos cafeicultores mais, e menos, eficientes em termos da alocação dos seus custos de produção. Os parâmetros observados indicam que o grupo acompanhado apresenta grade heterogeneidade quando aos aspectos técnicos e econômicos.
Um forte indicativo dessa heterogeneidade e a área plantada com café nas diversas propriedades analisadas, que variou de 900,95 a 0,5 hectares, com uma média de 72,8 hectares. Compatível com essa variação, também se observou que a produção de café média das fazendas participantes do Educampo Cerrado, safra 2009/2010, variou de 9,5 a 36.757 sacas por fazenda por ano, com média de 3.207 sacas.
Também a produtividade por hectare, cuja média foi de 44,79 sacas na safra 2009/2010 consideradas as 224 propriedade analisadas, mostrou grande variabilidade, com a fazenda de menor produtividade colhendo apenas 5,24 sc/ha e a de maior rodutividade alcançando a média de 89,73 sc/ha. O histograma a seguir mostra a distribuição da produtividade nas fazendas acompanhadas, onde se observa que a produtividade da maioria das fazendas concentra-se na faixa entre 35 e 55 sacas por hectare.
FIGURA 1 - Histograma da produtividade das propriedades cafeeiras acompanhadas pelo Projeto Educampo Café no Cerrado Mineiro, na safra 2009/10.
As fortes variações de produtividade estão associadas à magnitude dos indicadores econômicos e financeiros, tanto por hectare quanto por saca produzida, que também apresentaram grandes variações no conjunto das propriedades analisadas. O custo total por hectare cultivado variou de R$ 17.704,00 a R$ 7.191,00, com um valor médio de R$ 9.347,00/ha nas 224 fazendas acompanhadas. O Custo Operacional Efetivo (COE) - o desembolso - por saca produzida variou de R$ 53,16/sc a R$ 558,88/sc, com média R$171,19/sc.
QUADRO 1 - Alguns indicadores técnicos e econômicos das 224 propriedades acompanhadas pelo Projeto Educampo Café na Região do Cerrado Mineiro, durante a safra 2009/2010.
A composição do custo de produção efetivo (COE), ou seja, do desembolso efetuado para cultivo da lavoura cafeeira no cerrado mineiro, está mostrada no Quadro 2, a seguir. Por ele, verifica-se que as atividades de adubação e colheita se destacam como principais itens, em média responsáveis por mais 60% dos desembolsos financeiros. Por outro lado, observa-se também que o custo do Projeto Educampo Café corresponde a menos de 0,7% do total desembolsado diretamente pelo cafeicultor.
QUADRO 2 - Composição média do Custo Operacional Efetivo (COE) das 224 propriedades acompanhadas pelo Projeto Educampo Café na Região do Cerrado Mineiro, durante a safra 2009/2010.
A figura 2 mostra o histograma do custo de adubação das 224 propriedades acompanhadas, onde se observa que a maioria dos produtores gastou com adubação entre R$ 1.500,00 e R$ 2.000,00 por hectare, com uma média em torno de R$1.800/ha.
FIGURA 2 - Histograma do custo de adubação, por hectare, das propriedades cafeeiras acompanhadas pelo Projeto Educampo Café no Cerrado Mineiro, na safra 2009/10.
Na Figura 3, observa-se a distribuição do custo de colheita do café, por hectare, nas propriedades acompanhadas pelo Educampo Café na safra 2009/10. Quando analisada a dispersão dos gastos, nota-se uma maior concentração destes na faixa de R$1.500,00 a R$2.200,00/ha, com um custo médio de colheita de R$ 1.665,00/ha.
FIGURA 3 - Histograma do custo de colheita, por hectare, das propriedades cafeeiras acompanhadas pelo Projeto Educampo Café no Cerrado Mineiro, na safra 2009/10.
Com o objetivo de mostrar um resultado finalístico da atividade cafeeira no cerrado mineiro durante a safra 2009/10, o Relatório do Educampo Café também apresenta uma distribuição das margens líquidas (receita auferida com a cafeicultura menos os custos totais dessa atividade) alcançadas nas propriedades acompanhadas. Em média de todas as lavouras cafeeiras, a margem liquida foi de R$ 6.170,00/ha, enquanto que a maior margem foi de R$ 26.409,00/ha e a menor foi negativa em 5.847,00/ha.
FIGURA 4 - Histograma da margem líquida, por hectare, das propriedades cafeeiras acompanhadas pelo Projeto Educampo Café no Cerrado Mineiro, na safra 2009/10.
Buscando identificar as relações entre a eficiência econômica da cafeicultura - medida pela margem líquida da atividade - e a produtividade das lavouras, foi elaborado o Gráfico 5, mostrado a seguir. Por ele, observa-se que as propriedade (25% do total) que alcançaram a maior margem líquida, em média R$ 11.043,48/ha, tiveram uma produtividade média de 50,82sc/ha. No extremo oposto, 25% das propriedades que tiveram as menores margens líquidas, em média negativa em R$ 452,29/ha, tiveram produtividade média de apenas 26,88sc/ha. A metade das propriedades com margem líquida por hectare cultivado em torno da média (R$ 6.272,76), teve uma produtividade de 44,01 sc/ha. Esses resultados comprovam, mais uma vez, a forte influência da produtividade no resultado financeiro da atividade cafeeira.
FIGURA 5 - Relação entre a eficiência econômica, medida pela margem líquida, e a produtividade das lavouras cafeeiras nas propriedades acompanhadas pelo Projeto Educampo Café no Cerrado Mineiro, na safra 2009/10.