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É Broca

POR EDUARDO TREVISAN GONÇALVES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 10/12/2012

2 MIN DE LEITURA

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O endosulfan, pesticida organoclorado utilizado mundialmente no controle da famosa larva do besouro Hypothenemus hampei, a broca, considerado altamente tóxico e associado a problemas reprodutivos e do sistema endócrino - será banido do País a partir de 31 de julho de 2013. De acordo com cronograma estabelecido pela ANVISA o endosulfan não poderá ser comercializado, no Brasil, a partir desta data. Antes disso, a partir de 2011, o produto não pode ser mais importado e a fabricação em território nacional está proibida desde 31 de julho de 2012.

As restrições ao uso do endossulfan se dão pelo fato do produto fazer parte dos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), disseminados após a segunda guerra mundial e reconhecidamente bioacumuladores e persistentes, isto é, da mesma maneira que o DDT e Aldrim, se acumulam nos animais por meio das cadeias reprodutivas.

Por ser um produto de tecnologia ultrapassada, sua produção e uso são altamente perigosos. Em novembro de 2008, a empresa Servatis - uma das fabricantes do endosulfan no Brasil , deixou vazar 18 mil litros do agrotóxico no rio Paraíba do Sul, no município de Resende, no Rio de Janeiro. O acidente provocou a suspensão da pesca, o esvaziamento de reservatórios e a possível contaminação da água em diversas cidades , sem contar que o produto derramado está em circulação até hoje, pois não se degrada com facilidade no ambiente.

Os principais sistemas de certificação e de verificação de café, Rainforest Alliance CertifiedTM, UTZ Certified, 4C, e Fair Trade, têm políticas de restrição ao uso do produto a fim de garantir a saúde das pessoas e do meio ambiente. A RAS (entidade que acredita organismos de certificação para uso do selo Rainforest Alliance CertifiedTM ), tinha como política proibir o endossufan até 2011. A pedido dos produtores brasileiros prorrogou seu uso até julho de 2012. UTZ e 4C prorrogaram a utilização do endossulfan até julho de 2013, acompanhado a legislação brasileira, que permite a utilização de estoques antigos.

A proibição tem causado muita preocupação aos cafeicultores e ao mercado de cafés especiais já que, até o momento, existem poucas opções químicas com efeito similar, e as práticas não químicas, entre elas a coleta dos cafés do chão após a colheita são consideradas de alto custo, sendo que a utilização de agentes biológicos ainda foi pouco estudada. Estas mudanças poderão acarretar prejuízos econômicos aos produtores e diminuição da qualidade dos grãos já que muitos deles poderão ir ao mercado brocados.

Seja agora ou até julho, os produtores de café terão que descontinuar o uso do endossulfan. Nos casos dos empreendimentos certificados, esta medida é mais urgente, já que poderão perder sua certificação no caso de descumprimento de regras. No caso dos não certificados, o acesso ao produto acabará muito brevemente.

EDUARDO TREVISAN GONÇALVES

Engenheiro agrônomo, Gerente de Projetos do Imaflora.

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ENG. AGR. ME. THALES AUGUSTO DUARTE DANIEL

JI-PARANÁ - RONDÔNIA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 25/03/2014

Em visita à UFV em 2013 tive acesso a uma tecnologia, através do Prof. Dr.  Marcelo Picanço e seu grupo de pesquisa, que está sendo útil para os Cafés das Matas de Minas, especificamente em Caratinga-MG.

Se trata de uma mistura de 750 ml de metanol + 250 ml de etanol + 10 ml de benzaldeído que atrai o inseto adulto da broca. Na verdade essa mistura é colocada em um pequeno frasco (20 ml), com abertura, dentro de uma garrafa PET de 2L (pintada de vermelho) cortada e amarrada no cafeeiro. O interessante é que a broca não morre pelo efeito tóxico destes produtos, que tem reduzida toxicidade aos humanos, ela é atraída para dentro da garrafa, que é montada de cabeça para baixo e acaba morrendo afogada, pois dentro da garrafa há água misturada com detergente neutro, para quebrar a tensão superficial da água.

Na verdade muitos detalhes da armadilha foram omitidos, porque neste sucinto texto é difícil descrever o seu perfeito funcionamento, no entanto, as omissões podem ser sanadas pelo próprio Picanço e sua equipe, no laboratório de entomologia da UFV.

Os céticos podem dizer que o método é ineficaz, na verdade é sabido que não se trata de um inseticida e sim uma armadilha, no entanto, o método é eficiente sim.

Eu mesmo nas lavouras em que instalei as armadilhas posso afiançar que é uma boa tecnologia, além de seu custo ínfimo e toxicidade reduzida faz com que o produtor entre na lavoura todos os dias, coisa que poucos fazem e que é de extrema importância.

Esse método é um alento ao produtor até esteja consolidada outra tecnologia química com eficiência comprovada, a exemplo do que foi o Endosulfan para a Cafeicultura, apta ao uso pelos NOSSOS PRODUTORES.
PAULO CESAR SANTOS SCALLI.

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/01/2013

O melhor controle de broca chama-se boa colheita de grãos ou seja não deixar grãos na lavoura,e uma otima varreção, são totalmente atoxicos e participam de todos os programas de qualidade ,e são aprovados por todas certificadoras e anvisa.

WEBER AGOSTINHO DA SILVA

MONTE BELO - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 19/12/2012

Prezado Eduardo, muito bem colocado a respeito da Broca do Cafeeiro e a proibição do

Endossulfan no Brasil. Nos preocupa muito em saber os prejuízos que a Broca traz.

Atualmente no mercado foi lançado um produto, AZAMAX, da empresa UPL, trata-se de um Inseticida/Acaricida, com registro para Bicho mineiro e Broca do Café, faixa Azul, com eficiência de controle de igual para melhor que Endosulfan e o mais importante, não deixa resíduos! Entre nesse link para obter mais informações sobre o produto:

https://www.uplbrasil.com.br/produtos/inseticidas/azamax. A Cooxupé já está trabalhando esse Inseticida com seus cooperados. Seu principio ativo é a  Azadiractina. No Congresso de Pesquisas Cafeeiras desse ano foi apresentado um trabalho.

Qualquer dúvida, fico a disposição.
EDUARDO TREVISAN GONÇALVES

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 18/12/2012

Obrigado a todos e todas pelos comentários. Vamos continuar atentos à respeito dos produtos e práticas alternativas ao endosuulfan já que este produto, queiramos ou não, sairá do mercado.
PAULO SOARES

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 16/12/2012

Obrigado por responder meu comentario mas eu tenho uma duvida ainda eu uso aquii no cafe a balveria. Tenho notado diferenca nela a cochonilha limpou e a broca nao estou tendo ainda no ano passado nesse mes estava cheio eu acho ele muito bom.

ALBINO JOÃO ROCCHETTI

FRANCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/12/2012

Volto ao assunto por que ficaram algumas perguntas na resposta do Sr. Eduardo Trevisan:


1ª) Até agora usou-se o Endossulfan por que era barato e eficaz. Com apenas uma ou no máximo duas aplicações ao ano, apesar de ultrpassado, os seus riscos eram pequenos, pela baixa utilização. Estávamos (cafeicultores, técnicos e empresas fabricantes de defensivos), em uma "zona de conforto´, da qual tivemo que sair.


2º) Quanto ao uso da bovéria, concordo como Sr. José Adauto: trabalhosa, dependente de clima, altamente técnica). Sei que na Colombia  é muito utilisada, mas aqui no Brasil, não tenho notícia de nenhuma popriedade que a utilize.


3º) Repasse amual: está deixando de existir, pelos motivos citados pelo José Adauto: está faltando mão de obra nas regiões cafeeiras  e os poucos existentes, por terem outras opções, ou por falta de prática para este serviço, ou ainda, por ser um serviço muito rude (poeira, posição de trabalho,etc), se recusam a fazê-lo. Então, fica café no chão.


A varrição mecânica está melhorando esta situação, pois deixa menos grãos no chão, mas também tem limitações de topografia e de preço das varredeiras.


As coisas têm que evoluir; então aguardamos os novos lançamentos de produtos menos nocivos, de fácil aplicação, porém ... seguramente mais caros.


Albino Rocchetti - Franca - SP.
JOSÉ ADAUTO DE ALMEIDA

MARUMBI - PARANÁ - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 13/12/2012

Todos nós sabemos que os prejuízos causados pela broca são enormes: tipo, bebida, aspecto, peso...

A exigência externa é "zero" de broca..

Então o questionamento do Eduardo está correto:- "Como é possível ficar dependendo de um só produto?"

As práticas alternativas , como a bovéria, depende muito das condições de clima para o seu bom desenvolvimento/controle; o repasse ou catação funciona muito bem mas  está limitado a disponibilidade da mão de obra e também o custo.

Quem está , e quem vai ganhar com esta situação?
PAULO SOARES

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 12/12/2012

e uma pena os danos que o endosulfan faz. ele é um produto bom, nao tem outro para combater as brocas no cafe e aí muitos sao testados, mas vamos ver ne

EDUARDO TREVISAN GONÇALVES

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 12/12/2012

Obrigado pelos comentários. Aproveitando o comentário do Sr. Albino, as certificações estão atendendo à uma determinação mundial (de proibir o endossulfan) e antecipando a legisção nacional.

Vale destacar que as certificações em geral, são voluntárias.

Uma pergunta que me surge com seu comentário é: Com tanta tecnologia disponível, como é possível que a cafeicultura brasileira (a mais forte do mundo) dependa tanto de um único produto? Porque é necessário aplicar um produto tão ultrapassado até os dias de hoje? As práticas alternativas (boveria, repasse da colheita) são realmente caras e ineficientes?

ALBINO JOÃO ROCCHETTI

FRANCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/12/2012

Bem explicado está....porém...mal resolvido também está.


Quero ver quem vai pagr o prejuízo (dos cafeicultores e do Brasil), quando gerações de broca se sucederem uma sobre outra e a infestação explodir.


Então as certificadoras citadas vão bater palmas,pois o Brasil estará perdendo mercado pela má qualidade causada pelos grãos brocados.


O produto que o suceder ( a pesquisa das multinacionais vai conseguir), custará, no mínimo, três vezes mais.... e continuamos baixando a cabeça!


Albino Rocchetti - Franca SP.
JOSÉ EDUARDO MENEZES MENDONÇA

CARMO DO PARANAÍBA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/12/2012

Concordo com os " possíveis danos" causados pelo endossulfan, no entanto, para que nós produtores paremos de usá-lo, precisaremos de uma alternativa técnica e economivamente viável!
MARYELI ZANI

DIVINOLÂNDIA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/12/2012

Realmente Eduardo endosulfan é um produto proibido pela FAIR TRADE consta na lista vermelha , e em nossa auditoria foi nosso unico problema. Muito Boa sua materia bastante informativa é isto ai mesmo....
WILLIAN SILVA COSTA PEREIRA

PARAGUAÇU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/12/2012

Muito bem explicado.

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