A desbrota consiste da retirada de brotações que nascem no ramo ortotrópico da planta de café. Esses brotos, popularmente chamados de ramos ladrões, aparecem geralmente estimulados pela insolação que incide no tronco ou qualquer anomalia que interfere na dominância apical. Os danos vêm com o passar do tempo causando o chamado "envassouramento" da lavoura em que os brotos crescem, engrossam e tornam-se hastes. A retirada pode ser fácil quando a brotação é nova, pois pode ser retirada manualmente, mas quando estas se desenvolvem, ganham espessura, tamanho e a sua retirada torna-se mais trabalhosa dependendo da utilização de serrotes manuais de poda.
Foto 1: Lavoura sem desbrota com excesso de hastes.
A desbrota, em diversos casos, é uma prática esquecida pelo produtor que fica desatento ao desenvolvimento dos brotos ou que prioriza outras atividades e seus prejuízos costumam não ser percebidos no primeiro ano, quando os brotos ainda estão pequenos. Trata-se de um manejo cultural que só pode ser realizado pela mão humana, não havendo máquinas capazes de realizá-la e geralmente apresentam baixo rendimento.
Lavouras sem desbrota ficam com um número excessivo de hastes por planta e consequentemente de hastes por área. O excesso de hastes geralmente cria um falso aspecto de bom desenvolvimento vegetativo e as lavouras apresentam baixas produtividades ano após ano.
A melhor época para se realizar a desbrota é justamente logo após a colheita, antes do início do próximo período chuvoso, para que as plantas iniciem o crescimento vegetativo com os ramos "ladrões" retirados.
Foto 2: Brotações no ramo ortotrópico da planta de café.
Foto 3: Brotações engrossando e tornando-se hastes.
A desbrota é necessária em todo o tipo de lavoura:
Desbrota em lavouras novas:
Em lavouras novas de um ano ou mais é comum aparecerem brotos no tronco principal que devem ser arrancados anualmente a fim de que não se engrossem.
Desbrota em lavouras adultas.
Nas lavouras adultas a falta de uma desbrota condena a lavoura em um processo lento, gradual e de difícil recuperação. A desbrota deve ser realizada de uma a duas vezes no ano toda vez que se perceber aumento do número de ramos ladrões.
Foto 4: Lavouras adultas precisam de acompanhamento para se perceber o desenvolvimento de brotos.
Desbrota em lavouras podadas:
Na maior parte das lavouras que receberam algum tipo de poda (recepa, esqueletamento ou decote) a desbrota é uma atividade essencial e irá permitir o sucesso ou não da poda. Deve ser feita após o desenvolvimento inicial das primeiras brotações, escolhendo-se aquelas que melhor se encaixam na nova arquitetura das plantas. Em apenas alguns casos de podas feitas regularmente, como o esqueletamento sucessivo, pode-se dispensar a desbrota.
Capacitação de mão de obra.
Os funcionários responsáveis pelo serviço de desbrota precisam conhecer a técnica e devem ser treinados para que a atividade seja feita adequadamente. Uma desbrota mal feita pode comprometer uma lavoura por serem retirados os ramos inadequados.
Muitas vezes os produtores atrasam a realização da desbrota, o café floresce, os chumbinhos se desenvolvem e a operação acaba sendo cancelada. Essa situação deve ser evitada fazendo-se a desbrota mesmo após a florada ou quando os chumbinhos já apareceram. Só assim será possível manter a longevidade produtiva da lavoura de café.
Foto 5: Lavouras desbrotadas possibilitam boa arquitetura de plantas e produtividade alta.