Observamos que a rentabilidade da cultura do conilon só é satisfatória quando se tem altas produtividades (a partir de 40 sc/ha), o que poucas propriedades conseguem, na média, alcançar. Assim como acontece às demais culturas, no café conilon o produtor eficiente consegue rentabilidade acima da média dos demais produtores.
Portanto é ilusório acreditar que o conilon é uma cultura "milagrosa" em termos econômicos. Além da produtividade, outro item que merece especial atenção é o custo equilibrado ao sistema de produção, assunto que será tratado neste artigo.
Quando pensamos em custo de produção, a primeira coisa que vem à mente é: como buscar alternativas para a diminuição do mesmo? No entanto, dentro do sistema de produção da cafeicultura, na maioria das vezes, o que ocorre é o aumento do custo total por ha (R$/ha) e a diminuição do custo unitário (R$/saca).
Portanto, o produtor deve buscar em sua atividade o caminho para o custo equilibrado ao seu nível de produtividade, de forma a alcançar o maior lucro por ha (R$/ha) e não o maior lucro por saca (R$/saca) como se almeja comumente.
Analisaremos abaixo a composição do custo de produção numa mesma propriedade acompanhada pelo projeto Educampo no Noroeste Capixaba, permitindo assim que os fatores do custo fixo (depreciação e remuneração do capital) sejam todos idênticos por hectare, bem como o rendimento da mão-de-obra, que é similar nos talhões, associada a diferentes produtividades dos talhões (20, 40 e 60 sc/ha), mostrando como se dividem os itens do custo de produção de cada faixa de produtividade.
Quadro 1. Custo de produção para produtividades de 20 sc/ha, 40 sc/ha e 60 sc/ha na safra 2007/08.
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Pelo quadro acima podemos observar o seguinte com relação à composição da renda e dos principais itens do custo de produção:
• Renda Bruta: considerando-se o valor de R$ 200,00/sc beneficiada, a renda aumenta na mesma proporção que a produtividade;
• Educampo: o valor por hectare é o mesmo, independentemente da produtividade alcançada. Porém, com o aumento da produtividade ocorre diluição da porcentagem em relação à renda e ao C.O.E;
• Adubação de Solo: o custo aumenta de acordo com o aumento da produtividade, devido à necessidade de melhor nutrição. No entanto, a porcentagem do C.O.E proporcional a este item se encontra relativamente próxima (entre 30 a 40%), o que mostra equilíbrio na evolução do custo;
• Controle de pragas e doenças: assim como a adubação, o custo demandado para proteção das plantas aumenta de acordo com o aumento da produtividade, pois há a necessidade de melhores cuidados fitossanitários. No entanto, a porcentagem do C.O.E se encontra relativamente próxima (de 7 a 8 %), evidenciando novamente equilíbrio na evolução dos custos de produção;
• Controle de plantas daninhas: o valor gasto por hectare permanece relativamente estável. Entretanto, ao avaliamos em termos de porcentagem do C.O.E, o mesmo diminui em função do aumento da produtividade;
• Tratos Culturais: em termos de valores, o mesmo aumenta de acordo com a produtividade, pois ocorre necessidade de maior número de desbrotas. Em particular e quando se avalia a % do C.O.E ocorre pequena diminuição;
• Colheita e pós-colheita: o custo cresce à medida que ocorre aumento da produtividade, no entanto o valor por saca tanto para a colheita com para a pós-colheita não se altera, pois a propriedade é a mesma;
• C.O.E - Custo Operacional Efetivo: em termos de valores por ha, ocorre aumento devido, principalmente, ao maior investimento e também à necessidade de maior custo por hectare, considerando-se dois itens importantes como colheita e pós-colheita. Quando avaliamos a % da renda em relação ao C.T. - Custo Total, o mesmo diminui. Porém, ocorre certo equilíbrio entre as faixas de produtividade;
• C.O.T - Custo Operacional Total e C.T. - Custo Total: como a propriedade é a mesma, os valores de depreciações e remunerações do capital são iguais para todas as produtividades. Porém, como é de se esperar, a porcentagem da renda em relação ao C.T. - Custo Total diminui sensivelmente com o aumento da produtividade, pois ocorre diluição dos custos fixos, se traduzindo em eficiência produtiva e econômica, ou seja, com os mesmos recursos se produz mais café por hectare.
Em suma, verificamos que, para a propriedade analisada, a produtividade de 20 sc/ha permite pequena margem de lucro (0,64 %) quando comparada com 40 sc/ha (27,66%) e com 60 sc/ha (40,8%). Observamos também que o custo encontra-se equilibrado de acordo com o nível de produtividade, não tendo de onde reduzi-lo.
O que procuramos dentro do acompanhamento técnico e gerencial, num primeiro momento, é buscar alternativas técnicas para a elevação da produtividade dos talhões menos produtivos. Num segundo momento, através da análise de custo diferenciado, é possível identificar os talhões menos eficientes e renová-los na expectativa de produtividades satisfatórias.
Enfim, tiramos como conclusões que:
1) Torna-se fundamental o acompanhamento técnico e gerencial visando à manutenção de rentabilidade a longo prazo, tendo em vista que as margens unitárias vêm diminuindo a cada ano;
2) O produtor que não conseguir acompanhar o avanço tecnológico corretamente, fatalmente estará fora da atividade no médio prazo, pois as cotações de mercado atuais não cobrem os custos fixos quando se tem baixas produtividades.