Cafeeiros da cultivar de café Mundo Novo tem se mostrado muito susceptíveis à ferrugem, apresentando maiores índices de infecção, desfolha e perda de produtividade por efeito dessa doença. Parece até que as folhas de cafeeiros dessa cultivar são como um doce para o fungo da ferrugem (Hemileia vastatrix), pois nelas se desenvolve com mais facilidade.
As pesquisas realizadas quanto ao efeito da ferrugem sobre cultivares de café catuai e mundo novo, ambas susceptíveis à ferrugem, mostram prejuízos bem superiores na cultivar mundo novo. Na média de safras e em duas localidades a perda de produtividade, por efeito da ferrugem, foi de 23,3 % para a catuai e 42,4 % para a mundo novo (quadro 1).
Cafeeiros MN (no caso acaiá 474-19), em Varginha (MG), mostram severo ataque e desfolha pela ferrugem, função do seu maior estresse pela carga.
Essa maior susceptibilidade do MN à ferrugem, inclusive, tem levado, sempre que possível, a instalar ensaios de teste de controle da ferrugem. Por exemplo, de fungicidas e suas doses em lavouras dessa cultivar, diante da maior possibilidade de alcance de maiores níveis de infecção nas parcelas testemunha, com maior diferenciação entre os tratamentos, conferindo maior segurança aos resultados.
Os fatores que influem na evolução da ferrugem do cafeeiro são – as condições climáticas, o inoculo presente, residual e a susceptibilidade das plantas, muito relacionada com seu estresse, principalmente pela carga pendente. Além disso, tem o efeito da genética das plantas, existindo nesse aspecto fatores de resistência. As nossas principais cultivares, a catuai e a mundo novo, portadoras do fator SH5, com susceptibilidade à maioria das raças do fungo da ferrugem.
Sendo as duas cultivares – catuai e MN – igualmente susceptíveis, por que então uma, a MN, se mostra mais prejudicada pela doença? A resposta a essa pergunta está ligada ao fator de evolução da doença mais importante, conforme dito anteriormente, o estresse pela carga. Nos cafeeiros MN a frutificação é mais uniforme e a maturação é mais precoce, isso fazendo coincidir o consumo de energias da planta, num período mais concentrado e mais curto, condicionando maior fraqueza e maior susceptibilidade das plantas, que, assim, são mais atacadas pela ferrugem. Outros fatores de estresse, mais presentes nos cafeeiros MN, como sua maior susceptibilidade à seca, igualmente influenciam, de modo semelhante ao stress pela concentração da carga.
Na cultivar catuai, ao contrario do MN, sua frutificação desigualada promove menor estresse nas plantas e, assim, a infecção pela ferrugem é menor, ocorre menor e mais lenta desfolha das plantas, havendo uma maior retenção foliar e, assim, menor perda produtiva pela ferrugem.
Com o que acabamos de tratar, a maior susceptibilidade da cultivar MN exige, em contrapartida, maiores cuidados no controle químico da doença nessa cultivar, especialmente quanto ao numero de aplicações e sua época. Um exemplo disso é o que se passa em cafeeiros esqueletados de 1º ano, onde, normalmente, uma aplicação de fungicida de solo e uma foliar são capazes de dar um bom controle em cafeeiros catuai, e, ao contrário, usualmente são necessárias duas foliares em cafeeiros MN, senão é comum o aparecimento de plantas ocas, ou seja, com desfolha de dentro pra fora. A cultivar Topázio, em observações de campo tem apresentado um comportamento semelhante ao MN, quanto à sua susceptibilidade à ferrugem.