É como chover no molhado: notícias boas sobre o comportamento da Cultivar Arara surgem, uma depois da outra. Aqui são relatados o bom desempenho produtivo, o alto vigor e a resistência a doenças, em condições de altitude elevada, na região de Araxá (MG), em experimento e em plantios comerciais.
A variedade Arara foi desenvolvida pelos técnicos do ex-IBC e da Fundação Procafé e sua adaptação, em diferentes regiões, vem sendo estudada. Em Araxá, a cultivar foi avaliada no Campo Experimental da Capal, hoje Coopercitrus. Ela apresentou produtividade média de 63 sacas por hectare e o padrão Catuaí vermelho IAC 144 resultou em 38 sacas por hectare, na média de sete safras.
Em função dos bons resultados do experimento, diversas lavouras comerciais vêm sendo cultivadas com a Arara. Dessas plantações foram colhidas e avaliadas, em 2017, as primeiras safras, em duas áreas comerciais: na Fazenda Panorama, (município de Tapira) e na Fazenda São Pedro de Alcântara (em Ibiá).
Na Fazenda Panorama, a área com a Arara é de 15,7 hectares. O talhão mais velho, de 4,4 hectares, foi implantado em dezembro de 2014 e sua primeira safra, colhida em julho de 2017, alcançou produtividade de 41,4 sacas por hectare. Não fossem os problemas climáticos (as chuvas de fevereiro a maio de 2017 foram 60% acima do normal), que acarretaram em uma quebra de rendimento de 24% (as demais variedades tiveram perda de 30%, ou seja, 25% a mais que o Arara), a produtividade seria maior. Com os rendimentos normais, a produtividade subiria para cerca de 54 sacas por hectare. A porcentagem de peneira 17 acima foi de 61%, apesar do stress hídrico. Sua pontuação pela escala SCAA foi de 86 pontos. Agrega-se o fato de que, apesar da condição de alta produtividade e sob stress hídrico, a lavoura chegou ao pós-colheita em ótimas condições nutricionais e fitossanitárias, com bom enfolhamento, diferentemente de lavouras de outras variedades com idades semelhantes.
A propriedade está instalada a uma altitude de 1,2 mil metros, em condições muito favoráveis ao ataque de Phoma e da mancha aureolada, o que foi possível constatar nos demais talhões, com outras variedades, da propriedade. Ali foi observado que, mesmo as plantas de Arara sofrendo danos em função de chuva de pedra, diferentemente das demais lavouras, não apresentaram incidência dessas doenças. Outra observação foi que, mesmo em parte da lavoura implantada sobre terreno com cascalho, as plantas se mantiveram, durante todo o ano, em ótimo crescimento vegetativo.
Na fazenda São Pedro de Alcântara, a 980 metros de altitude, existem 11,4 hectares da cultivar Arara, também implantados em dezembro de 2014. A produtividade, obtida de forma semelhante, foi muito boa, sendo de 51,9 sacas por hectare, prejudicada pelo rendimento baixo (gastos 652 litros por saca), em função do déficit hídrico. Com um rendimento normal (480 litros por saca) ela subiria para 70,5 sacas por hectare. Nesta fazenda a variedade Arara mostrou ainda mais as características de plantas muito produtivas. Os cafeeiros também se mantiveram bem enfolhados no pós-colheita, com boas expectativas de alta produtividade para a próxima safra. A qualidade da bebida também foi destacada. Um lote do café Arara da fazenda ficou classificado entre os finalistas do Prêmio Ernesto Illy.
A cultivar Arara promove ganhos de produtividade, possui vigor e resistência em suas plantas, além da boa qualidade dos frutos e grãos. Ela apresentou tolerância a altas temperaturas e ao estresse hídrico e mostrou tolerância a Phoma e mancha aureolada e imunidade à ferrugem. Deste modo, o valor ou benefício do desenvolvimento de um material genético como o Arara deve ser destacado. A sua adoção pelos cafeicultores, como ocorreu nas duas fazendas aqui relatadas, com certeza vai permitir maior renda, empregos e a permanência do produtor na atividade.