Por Gabriela Kaneto
Por conta da pandemia de covid-19 (coronavírus), já declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados estão sendo tomados para que o vírus não se espalhe com maior rapidez. Essas ações devem ser estendidas também para o campo, onde muitas pessoas seguem trabalhando para gerar alimentação para o restante da população.
No município de Cristalina, em Goiás, a produtora Cristiane Zancanaro já adotou algumas mudanças na propriedade. “Começamos com a conscientização de todos e diminuímos o número de pessoas na cantina, tendo de dois a três turnos para ter o espaço de dois metros necessário entre os colaboradores”, diz. Além da fazenda, que foi fechada para visitações, grande parte dos funcionários do escritório localizado em Brasília já estão organizados no sistema home office.
Com a época de colheita se aproximando, a atenção precisa ser redobrada, uma vez que muitos trabalhadores vêm de outros locais para trabalhar. “Os ônibus são higienizados a cada transporte e conseguimos álcool em gel individual para todos os funcionários. Além disso, flexibilizamos os horários de registro de pontos em 15 minutos por equipes ou setores de trabalho. Por exemplo, turmas de campo, como capina e serviços gerais, podem encerrar os afazeres 15 minutos antes para terem condições de higienização das mãos e equipamentos”, conta, explicando também que decidiu voltar com o sistema de cartões para bater ponto ao invés da biometria.
Para entender melhor a importância dessas medidas de proteção e a profundidade do assunto, o CaféPoint conversou com a consultora Miriam Xavier, que auxilia na segurança de alimentos e gestão de propriedades. De acordo com ela, o vírus pode ser transmitido pelo contato direto entre as pessoas e através de materiais e superfícies que alguém contaminado tocou. Por isso é extremamente importante que as medidas de prevenção sejam aderidas nas fazendas, locais de grande fluxo de pessoas.
“As nossas maiores defesas serão mantermos uma distância de no mínimo um metro de outras pessoas, termos cuidado extremo com a higiene das mãos, não tocarmos o rosto e não compartilharmos utensílios como copos, talheres e garrafas”, explica. Abaixo, algumas informações sobre itens necessários e cuidados que devem ser redobrados:
Máscaras: a indicação de uso é somente para pessoas que apresentem algum sintoma, para profissionais da saúde ou para quem tiver contato com alguém que tenha suspeita ou confirmação do vírus. A vigilância sanitária também tem indicado usar em viagens de ônibus. Segundo Miriam, utilizar a máscara o dia inteiro, ou durante um longo período do dia, pode ser prejudicial porque cria um microambiente úmido, além de que grande parte das pessoas acaba tocando-a, podendo haver a contaminação.
Álcool em gel: pode ser um paliativo quando não é possível lavar as mãos com maior frequência, mas Miriam alerta que não resolve se não houver higienização das mãos com água e sabão em alguns momentos do dia.
Locais coletivos: a higienização interna dos ônibus antes dos colaboradores entrarem e logo após desembarcarem é imprescindível. De acordo com a consultora, pano descartável e uma solução sanitizante são suficientes, mas, em alguns casos, a opção pode ser pulverizar essa solução internamente. É importante também realizar a higienização dos banheiros, refeitórios e todos os locais e superfícies onde as pessoas acessam. A quantidade de vezes a higienizar vai depender de quantas pessoas e quantas vezes elas utilizam esses locais ao longo do dia.
Assim como Cristiane já faz em sua propriedade, Miriam recomenda dividir os turnos das refeições para evitar aglomerações e manter os espaços necessários entre uma pessoa e outra. Para os escritórios, aqueles que conseguirem exercer suas atividades em casa devem adotar o sistema home office.
Para ajudar na disseminação de informações, várias cartilhas gratuitas estão sendo disponibilizadas por cooperativas, órgãos municipais e entidades privadas. Além da precaução, o Sebrae, por exemplo, fez um material com informações sobre planejamento de produção e distribuição. Clique aqui para acessar alguns conteúdos sobre os temas.
Miriam ressalta que as indicações dos órgãos oficiais têm sido atualizadas com frequência. É preciso se manter atento aos canais do Ministério da Saúde, da Anvisa e da Organização Mundial da Saúde, que já estão com páginas específicas sobre o coronavírus.