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Cooperativismo: realidade e desafios

POR ORLANDO CARLOS EDITORE

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 07/06/2006

5 MIN DE LEITURA

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Estou abrindo, hoje, este espaço, do cooperativismo, neste portal do café que espero tenha uma longa vida. Seguramente não serei eu quem irá escrever o último capítulo desta história.

Considero que esta é uma página muito importante deste portal, por uma razão simples - O cooperativismo é a melhor alternativa de organização econômica, para a maioria dos produtores de café.

Muito se fala e pouco se conhece sobre este modelo de organização que tem 162 anos de história, iniciada na Inglaterra, em 1.844, pelos 28 tecelões, pioneiros, de Rochedale.

Hoje, no Brasil, segundo dados da OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras e do CNC - Conselho Nacional do Café, somos 74 cooperativas que operam como café, das quais 40 têm o café como sua principal atividade. São mais de 100 mil cooperados, assim estratificados:

Por volume de entrega de café

Dados da COOXUPÉ, média de 4 anos - 2002 a 2005, mostram a seguinte distribuição com base na real entrega de café:

Cooperados/Volume

Estes quadros mostram mais uma característica da atividade cafeeira. Esta é uma atividade de pequenos produtores, ao contrário do que muita gente pensa e com distribuição "perversa" pois, 4,89% dos produtores representam 42,56% do volume. Se este é o caso da COOXUPÉ que opera em regiões de cafeicultura extremamente organizada, principalmente no sul e cerrado de Minas Gerais, podemos estimar que nas demais regiões cafeeiras, como São Paulo, zona da mata de Minas e Espírito Santo, esta concentração seja ainda mais acentuada. De resto, assim o é em todo o mundo, onde a OXFAM estima que 25 milhões de famílias produzam café.

Outro dado muito importante é que, ao redor de 30% da produção brasileira de café está organizada em torno das cooperativas representando, em média, 10 milhões de sacas de café, por ano, produção esta só superada pelo Vietnã e, em alguns anos, pela Colômbia.

Se o emprego gerado e/ou influenciado pela cafeicultura envolve 8,4 milhões de pessoas, no Brasil, podemos dizer que 2,5 milhões estão vinculados às atividades das cooperativas.

Mais ainda. Segundo, também, a OXFAM, o PIB do café no mundo é da ordem de
US$ 80 bilhões de dólares. Ora, se as cooperativas de café do Brasil, participam com 8% da produção mundial de café, não é exagerado afirmar que os produtores cooperativados, do Brasil, contribuem para a geração de um PIB da ordem de 6,4 bilhões de dólares, em todo o mundo.

Mas a importância das cooperativas não está só na comercialização do café. As cooperativas são importantes distribuidores de insumos (fertilizantes, defensivos, herbicidas, etc.) e o principal difusor de orientação técnica de maneira organizada.
Dados da COOPARAISO, para um período de 9 anos, nos mostram que a média da produção, geral, na sua área de ação é da ordem de 15,77 sacas de café, por hectare, enquanto a média de seus cooperados chega a 20,90 sacas.

Cumprem ademais uma função social relevante, com cursos profissionalizantes, educação ambiental e outros. Nas suas cidades são, na maioria das vezes, o principal empregador e quase sempre as maiores responsáveis pelo recolhimento de tributos.

Através de sua, principal, associação, o CNC, defendem com afinco o interesse econômico dos produtores de café junto ao Governo, bancos e os demais setores que compõem a cadeia do agronegócio café, inclusive com ações internacionais como, por exemplo, a Organização Internacional do Café - OIC.

Sem dúvida, nenhum sistema organizado faz mais pelos produtores e pelo Café do Brasil que o sistema cooperativo com seu amplo espectro econômico, político e social.

Como em todo segmento, temos muitos problemas a enfrentar e eu cito aqueles que julgo os principais:

1. Consolidação - Não é viável a existência de tantas cooperativas. O mercado é muito consolidado. 5 empresas respondem por 50 % das exportações mundiais. Outras 5 respondem por 60% da industrialização. Os 10 maiores exportadores de café do Brasil, respondem por, hoje, por aproximadamente 60% das exportações. Há dez anos atrás, respondiam por 40% e o processo de consolidação continua. No setor de torrefação brasileiro, o processo de consolidação é recente e começou com a chegada da Sara Lee, que adquiriu a União, o Café do Ponto e o Café Seleto. Depois a Elite-Strauss, adquiriu o Café Três Corações e agora se associou ao Café Santa Clara. A Melitta comprou o Café Bom Jesus. Hoje estas empresa já têm mais de 30% do mercado. E o processo continua.

No setor de cooperativas, temos que olhar os exemplos, do setor, no mundo e eu cito apenas um - Na Holanda, em 1.949 existiam 426 cooperativas que trabalhavam com leite e detinham 84 % de participação no mercado. Em 2.002 o número de cooperativas se reduziu para 5 e a participação de mercado cresceu para 85 %.

2. Capitalização - Este é um assunto que merece nossa atenção e será objeto de maiores debates em outros artigos, no futuro. A cooperativa é uma sociedade de pessoas em uma economia capitalista. Como concorrer? A OCB está totalmente empenhada na busca de mudanças da lei que rege o cooperativismo, que data 1.967, para atender às exigências da economia moderna, sem ferir nenhum princípio básico do cooperativismo. Recentemente, reconhecendo esta realidade o governo criou uma linha, para capitalização das cooperativas de crédito. Infelizmente, apesar de todo o esforço do setor, as cooperativas de produção não foram contempladas. Esta tem que ser uma meta das lideranças, coordenadas pela OCB.

3. Fidelização - Aqui encontramos mais um desafio importante. Como fidelizar o cooperado? É comum ouvir que o pequeno produtor é fiel e o grande não. Será verdade? Será que as cooperativas são igualmente competentes para atender às necessidades dos produtores de qualquer porte? Como as companhias aéreas fidelizam seus clientes? Como procedem os bancos? Vamos, mais uma vez, apreender com os exemplos e empreender em nossas cooperativas.

4. Governança e Gestão Corporativa - Deixei, de propósito, este item para finalizar este artigo. Cooperativas têm que ser geridas por profissionais competentes, sejam eles cooperados ou não. Não é o rótulo que qualifica o produto e sim seu conteúdo. Não é possível continuar ouvindo que o sistema é frágil, que seus dirigentes são despreparados e que, portanto, goza de pouca credibilidade. Temos que trabalhar para mudar esta realidade que, se não é verdade em muitos casos, todos eles de sucesso, ainda persiste em muitas de nossas cooperativas. Chega de amadorismo que só tem feito mal ao cooperativismo.Vamos, em outros artigos, tratar desta questão, essencial.

Finalizando, quero cumprimentar e desejar muito sucesso a toda equipe do CAFÉ POINT e homenagear o maior líder cooperativista que eu conheço que é aquele algo mais, que temos dentro de todos nós e que se emociona, toda vez em que construímos o bem comum. No fundo esta é a essência que buscamos naqueles que se juntam a construir este ideal.

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DANIEL FRANCO

CEARÁ-MIRIM - RIO GRANDE DO NORTE - ESTUDANTE

EM 27/01/2012

Parabéns pelo texto. Sou estudante do curso tecnico em Cooperativismo, do IFRN. Um dos maiores medos das turmas é a ausência de vagas de trabalho... vamos incentivar galera, tem tudo pra dar certo, se antes faltava mão de obra especializada, agora já não falta mais! Abraços.
MAURÍCIO MIARELLI

FRANCA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 22/06/2006

Parabéns à Equipe do CaféPoint pela feliz escolha do Consultor em Gestão de Cooperativas e Estruturação da Cadeia do Café, meu amigo Orlando Editore.

Gostei muito dos temas que serão discutidos, de acordo com a proposta do consultor, em seu artigo inaugural. Certamente, despertarão grande interesse de todos que militam no cooperativismo, especialmente, dos cooperados cafeicultores.

Aguardo com expectativa os próximos artigos.

Abraços,

Maurício
LUIZ ALBERTO ANDRADE

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/06/2006

Gostaria de cumprimentar o autor deste artigo, Orlando Carlos Editore, pois o Cooperativismo sempre foi, e será, de extrema importância para as cadeias produtivas do café e de outros segmentos.

Além de todas as dificuldades relacionadas neste artigo, hoje também temos que enfrentar uma política governamental que não reconhece o poder, que é fisiológico do Cooperativismo, de alavancar desenvolvimento, inclusão social e geração de empregos, entre outros benefícios.

Temos que lutar para preservar a unicidade do Cooperativismo através da OCB, bem como todos os direitos advindos do ato cooperativo.

Parabéns pela matéria editada.

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