A evolução da ferrugem em cafeeiros depende das condições climáticas e da susceptibilidade das plantas, e está muito afetada pela carga pendente das plantas. O período infectivo normal do fungo ocorre na época mais chuvosa e quente, entre novembro e abril.
No controle químico da ferrugem, pela via foliar, são usadas formulações fungicidas combinando triazóis mais estrobilurinas, em 2-3 aplicações no ciclo, buscando cobrir o período infectivo da doença. No entanto, nos últimos anos, por efeito de inverno mais quente e chuvoso, a infecção pela ferrugem tem ocorrido mais tardiamente. Especialmente em programas com 2 aplicações foliares, iniciadas e terminadas mais cedo no período, tem ocorrido um maior nível final de infecção e desfolha das plantas, mesmo diante do controle praticado.
Foi conduzido um ensaio, no ciclo 2013/2014, na Fazenda Experimental, da Fundação Procafé, em Varginha (MG), para estudar programas de épocas de controle da ferrugem, usando combinações de aplicações em épocas mais cedo, com outras intermediárias e mais tardias, visando alcançar níveis finais de infecção mais baixos. Foi incluída, ainda, a modalidade de aplicação única em dose concentrada. A formulação usada foi do produto comercial Ópera.
Os resultados da amostragem de ferrugem nos cafeeiros, sob efeito dos tratamentos, realizada em julho, no pico da infecção, encontram-se resumidos na tabela 1.
Tabela 1- Tratamentos do ensaio e infecção em cafeeiros, sob efeito de diferentes épocas de controle da ferrugem, em programas com o uso de formulação do fungicida Ópera (Eepoxiconazol +Piraclostrobina), Varginha-MG, 2014.
Por efeito da boa carga pendente e, apesar de ter ocorrido um veranico em janeiro-fevereiro de 2014, a ferrugem evoluiu bastante nos cafeeiros da parcela testemunha, sem controle, atingindo, em julho de 2014, o nível de 62% de infecção. Nos tratados com Ópera, em diferentes épocas, o nível variou de 2,4 a 27,6 %, mostrando controle diferenciado.
Verificou-se que as aplicações combinando épocas mais tardias da formulação fungicida foram mais eficientes na redução da infecção final da ferrugem, ou seja, diminuíram a evolução da ferrugem tardia. Quanto ao efeito da aplicação concentrada, ela foi efetiva quando usada numa época intermediária, que possibilitou reduzir, drasticamente, o inoculo e, assim, manteve residual adequado de controle da infecção final.
Os resultados obtidos permitiram concluir que:
a) A redução da infecção tardia da ferrugem é efetiva com uso de aplicações coincidindo mais tarde no ciclo infectivo da doença, ou usar 3 aplicações cobrindo todo o período.
b) Um programa de 2 aplicações, na dose cheia, iniciando em meados de janeiro e a segunda em fins de março ou início de abril também se mostra adequado.
c) Quando necessário, usando doses mais elevadas da formulação fungicida, o controle pode ser obtido, ainda, com aplicação única e em época intermediária do período infectivo.
As infecções tardias da ferrugem promovem desfolhas severas nos ramos e prejudicam a produção do ano seguinte.