A ferrugem do cafeeiro é uma doença que causa a desfolha das plantas, e, em consequência, promove a redução da produtividade dos cafeeiros. O controle químico da doença é eficiente e econômico, no entanto, precisa ser adotado com produtos fungicidas e épocas adequados.
Nos últimos anos, a ferrugem tem escapado ao controle químico usual, aparecendo, com níveis elevados de doença, no final do ciclo de infecção, em julho-agosto, apesar do controle químico normal aplicado. Este aspecto da doença, conhecido como ferrugem tardia, não é estranho, mas exige uma mudança de conceito no controle.
No presente ano agrícola, 2014/2015 chegou-se em julho-agosto de 2015, com níveis muito altos de ferrugem nas lavouras, assustando aos técnicos de AT e aos produtores, isto mesmo nas áreas que receberam controle via solo e complemento foliar.
Deste modo, caracterizada a presença da ferrugem tardia, é preciso analisar as causas e a solução para o problema, com base nas condições de clima registradas, na observação da situação das lavouras e diante dos resultados de controle obtidos nos ensaios.
Sabe-se que a evolução da ferrugem nos cafeeiros tem início em novembro-dezembro e vai até julho-agosto. O período infectivo normal, quando coincidem condições adequadas de umidade, temperatura e susceptibilidade das plantas, vai até março-abril.
No ciclo 2014/2015 aconteceram condições para o prolongamento do ataque da ferrugem até mais tarde. Os dados climáticos na Estação Experimental de Varginha mostram que ocorreu um período de pouca chuva no inicio de 2015, que freou um pouco a infecção. A partir de março a chuva ficou dentro da normalidade, com até um pouco a mais em março, porém a temperatura se situou, neste ano, cerca de 1,5 a 2 graus acima da média histórica, em junho-julho, conforme se pode observar pelos dados da tabela 1 aqui incluída.
Em função do estresse inicial, em janeiro-fevereiro, no período de granação dos frutos, por efeito de chuvas menores e temperaturas altas, os cafeeiros ficaram mais susceptíveis à ferrugem e a condição de temperatura mais elevada. Em seguida, facilitou pela redução no período de incubação do fungo, agravando a infecção. O gráfico aqui apresentado (figura 1) mostra os altos níveis de ferrugem em fins de julho de 2015.
Os resultados de ensaios de controle químico, conduzidos na FEX Varginha, também no ciclo 2014/2015, mostram os erros e acertos para a questão da ferrugem tardia. No ensaio, nos tratamentos em que foram feitas duas aplicações, de uma formulação de triazol mais estrobilurina, coincidindo em dezembro e fevereiro, a infecção final chegou a 59% de fls infectadas em julho de 2015. No tratamento com três aplicações, da mesma formulação, coincidindo pulverizações em dezembro, fevereiro e início de abril, a infecção em final de maio de 2015 chegou em apenas 5% e, neste ensaio, as plantas da testemunha, sem controle, chegaram a 74% de infecção (tabela 2).
Assim, fica evidenciada a importância em proteger as plantas mais tardiamente, com programas que privilegiem mais o fim do ciclo da doença, ao invés de priorizar o início como têm acontecido com muitas recomendações em uso pelas assessorias técnicas de mercado.
Figura 1- Evolução da ferrugem, em diferentes anos: o normal e os dois últimos ciclos da doença, conforme dados da Estação de Avisos da Fundação Procafé, em Varginha (MG). Média geral de 1999 a 2013 (carga alta e baixa) – ciclo 2013/2014 e ciclo 2014/2015.