A poda é uma técnica conhecida por muitos técnicos e cafeicultores. Pensando na dúvida que ela pode trazer, separamos ) uma explicação sobre cada tipo. As informações são do Manual do Café Manejo de Cafezais em Produção, da Emater (MG).
São vários tipos de poda que podem ser praticadas na lavoura cafeeira, sendo classificadas em podas leves (desponte e decote) e podas drásticas (recepa e esqueletamento). A decisão pelo tipo de poda será em função da avaliação técnica, econômica e operacional.
Recepa
É uma poda drástica, isto é, há uma retirada de grande parte do tronco, que provoca, como consequência, um rebaixamento acentuado do índice de reservas de planta, com morte de grande parte das raízes absorventes, as quais ressurgem posteriormente. Uma vez recepado, o cafeeiro ficará por uma safra sem produção e irá retornar a uma boa produtividade para a cultura somente na segunda safra.
A recepa consiste em cortar o ramo ortotrópico a uma altura de 20 a 40 cm do solo, chamada de “recepa baixa”, ou de 40 a 100 cm, denominada “recepa alta”. É utilizada, normalmente, quando a planta já perdeu grande parte dos ramos baixios, sendo a altura do corte determinada em função destes ramos, visando preservar o que restou deles. Nesta condição, tem-se a chamada “recepa com pulmão”, que tem como resultado uma brotação mais vigorosa da planta.
Dependendo do estado dos ramos laterais da “saia” preservada (muito compridos ou pouco produtivos), pode ser recomendável o seu encurtamento, após o surgimento das novas brotações.
Na ausência destes ramos, faz-se o corte, deixando apenas o “toco”, caracterizando a “recepa sem pulmão”.
Decote lenhoso
É uma poda em que o corte é feito no ramo ortotrópico, em plantas em que grande parte dos ramos laterais ainda se encontram presentes e que podem ter potencial produtivo para a próxima safra. O decote pode ser alto, quando o tronco é cortado entre 1,5 a 2,0m do solo, e baixo, de 1,0 a 1,5m. É mais indicado para diminuir o tamanho das plantas, facilitando os tratos e a colheita ou visando maior incidência de luz, aumentando, assim, as brotações dos ramos produtivos e a florada.
Tecnicamente, o decote baixo só deve ser indicado quando se deseja adequar a arquitetura da planta, como, por exemplo, eliminando o cinturamento.
Decote herbáceo
É uma variante no sistema do decote propriamente dito e consiste na eliminação da gema terminal do ramo ortotrópico, daí o nome de decote herbáceo. Tem como finalidade o controle sobre a altura das plantas, mas, devido à resposta da planta no crescimento lateral dos ramos produtivos, é recomendado apenas quando há espaço suficiente nas linhas do cafezal, sob pena de um fechamento e definhamento dos referidos ramos. Normalmente, há o aparecimento de brotos que podem ser mantidos ou não.
Esqueletamento
Sua poda vai ser mais drástica quanto maior for a porção removida dos ramos plagiotrópicos. Como na recepa, há grande perda de raízes absorventes, que se restabelecem após algum tempo. Esta poda consiste no corte dos ramos laterais do cafeeiro de 20 a 50 cm a partir do tronco, dando à planta um formato cônico. Simultaneamente, deve-se fazer o decote da planta. A opção pelo “esqueletamento” deve ser feita quando a planta ainda apresentar grande parte dos seus ramos produtivos preservados e quando for necessário o revigoramento destes. Caso já tenha ocorrido perda significativa dos ramos plagiotrópicos, deve-se optar pela recepa.
Desponte
Considerado uma poda do tipo leve, consiste no corte dos ramos produtivos, de 50 a 80 cm a partir do tronco, conferindo um formato cônico à planta. Quando se efetua o desponte , deve-se fazer conjuntamente o “decote”, como no esqueletamento visando quebrar a dominância apical e induzir às brotações laterias.
O desponte é indicado, quando a lavoura se encontra fechada, com os ramos plagiotrópicos longos, com poucas gemas produtivas nas extremidades dos ramos, mas, ainda sem perda da “saia” e sem cinturamento.
Desbrotas
Quando realizar a poda, deve-se estar atento a necessidade das desbrotas e, consequentemente, dos custos de mão de obra para sua realização. As desbrotas, principalmente quando se faz a opção por podas drásticas como a recepa, exigem o emprego de mão de obra capacitada. Normalmente, tanto na recepa, quanto no decote, deixam-se de dois a três brotos por planta no sentido de linha de plantio, quando a colheita é feita manual. Este cuidado é para que os brotos não tombem para o interior da rua e se quebrem, não somente pelo peso, como também pelo esforço a que são submetidos pelas mãos do colhedor.
Quando a colheita é realizada com colhedeiras mecânicas, os brotos, também de dois a três por planta, devem ser deixados no sentido do interior da rua, porque o deslocamento da máquina irá força-los no sentido de linha de plantio. No caso de decotes altos, pode-se optar pela desbrota total, pela condução de dois a três brotos ou pelo livre crescimento (sem desbrotos nos ponteiros). Neste último caso, após a próxima safra, é necessário fazer uma nova poda abaixo da anterior, diminuindo-se, consideravelmente, os custos da mão de obra.
As informações são do Manual do Café Manejo de Cafezais em Produção, da Emater (MG), de 2016.