Por Jean Castro*

O complexo fisiopatogênico causador da seca dos ponteiros têm sido, sem dúvida, um dos fenômenos de mais recorrente discussão nos últimos anos entre a pesquisa e o meio técnico. Representado por uma síntese de anomalias derivadas de distúrbios fisiológicos e patogênicos, têm como sinal principal a necrose e morte apical dos ramos que com o decorrer do processo, avançam de forma descendente para o interior da ramagem onde atingem folhas e peças florais os quais enegrecem, com a consequente morte do tecido vegetal.

De diagnóstico preciso difícil, eventos fisiológicos têm sido apontados como causadores de parte do problema. Sabe-se da complexidade existente entre o sistema de balanço de produção/reserva de fotoassimilados versus a carga de produção em que o cafeeiro suporta. Essa relação exige então que a partir do momento em que o cafeeiro sai do período de repouso e é submetido a suprimento de água e luminosidade, se obtenha máxima eficiência fotossintética e estruturalmente boa quantidade de reservas orgânicas, normalmente alocadas nos ramos, os quais serão utilizados para um crescente desenvolvimento vegetativo concomitante com a iniciação reprodutiva.

Neste momento, com a ação de fortes drenos, representados por tecidos meristemáticos, flores e raízes, a perda de capacidade fotossintética por fatores abióticos múltiplos, tais como temperaturas extremamente elevadas ou muito baixas, estresse hídrico ou ainda por déficit nutricional severo, e desfolha progressiva, provocam esgotamento energético e consequentemente grave depauperamento da lavoura. Com a necessidade de energia a planta passa a consumir as poucas reservas existentes a uma velocidade cada vez maior, e as folhas antes responsáveis pelo suprimento de carboidratos passam a não fazê-lo, ao mesmo tempo em que a sucção de água pela transpiração e o fornecimento desta para as porções distais dos ramos é interrompido, levando a debilitação gradual à medida que o processo se agrava.

A ação de organismos patogênicos sobre os tecidos debilitados também tem surgido como parte do diagnóstico do complexo seca dos ponteiros. Fungos oportunistas como Colletotrichum coffeanum, C. gloesporioides, Phoma sp., Ascochita, além de bactéria Pseudomonas seringae encontram condições ambientais favoráveis e assim iniciam processo de infecção e colonização sobre as plantas enfraquecidas, aumento progressivamente o depauperamento da lavoura.

Sabe-se então, que a prevenção de distúrbios fisiológicos está ligada diretamente na construção de uma lavoura sadia, oferecendo suporte para o desenvolvimento das plantas, pautada na nutrição, sanidade e demais tratos culturais adequados, concorrendo para a manutenção da relação fonte/dreno, do enfolhamento e do aumento da vida útil do cafeeiro.

*Jean Castro formou-se em Agronomia no final de 2015. Hoje, trabalha em um grupo agropecuário de Patrocínio (MG). Desde agosto de 2016 faz curso de pós graduação em cafeicultura pela Fundação Procafé em parceria com a Uniube.