Registros de ocorrência relataram sua presença nas regiões de montanha do Estado, no período de 1976 a 1979, causando sérios prejuízos às lavouras cafeeiras de arábica.
Um dos primeiros comunicados informais de sua ocorrência em café conilon foi realizado pelo Engº Agrº João Luiz Perinne, em 1995, então funcionário da COOABRIEL.
Os primeiros focos foram relatados em Vila Valério, expandindo-se progressivamente para os municípios de São Gabriel da Palha, Jaguaré, Nova Venécia e, posteriormente, para toda a região Norte do Espírito Santo desde a safra agrícola 94/95, porém em baixas infestações.
Desde a safra 99/00 vem sendo observada causando danos na região central-serrana, principalmente nos municípios de Itarana e Itaguaçú, com ocorrência também na região Sul, no município de Castelo e recentemente em Vargem Alta e Cachoeiro de Itapemirim, também em café conilon. No município de Vargem Alta foi observada atacando lavouras de café arábica em plantio contínuo ao conilon, porém, sem maiores prejuízos. Tem sido observada também em plantios no Sul da Bahia.
A cochonilha é uma praga que na época de inverno se aloja no solo. Com o início das chuvas e das irrigações para indução do florescimento, sobem para a parte aérea da planta, indo se alojar nas flores, chumbinhos e na base dos frutos, onde ficam mais protegidas dos inimigos naturais e da ação dos agrotóxicos. O ataque ocorre, inicialmente, em reboleiras e vai se disseminando na medida em que a população aumenta.
Foto 1 - Dano da cochonilha em frutos chumbinho.
Fonte: Maurício Fornazier
A região de cultivo do café conilon, predominantemente situada no Norte do Estado, é caracterizada pelo acentuado déficit hídrico durante todo o ano, exigindo irrigações periódicas para obtenção de produtividades economicamente viáveis, o que parece favorecer o desenvolvimento populacional da cochonilha.
O inseto tem sido encontrado atacando as rosetas do cafeeiro, desde a floração até próximo à colheita. Sua população aumenta a partir de setembro, porém, nota-se acentuado desenvolvimento na primeira semana de novembro, se prolongando até março/abril, quando naturalmente diminui na parte aérea das plantas. A contínua sucção da seiva provoca a queda de flores e de frutos ainda verdes, causando um dano conhecido pelo produtor como "roseta banguela".
Foto 2 - Dano da cochonilha na época da floração. Roseta "banguela".
Fonte: Maurício Fornazier
Estima-se que a cochonilha da roseta venha causando, anualmente, danos superiores a U$10milhões à cafeicultura capixaba de conilon. Nesta safra de 2005/06 sua infestação foi muito alta, sendo estimado prejuízos superiores a 20% da safra de conilon - É interessante se contatar com o Presidente da COOABRIEL e ver a estimativa que eles têm desse prejuízo para essa safra.
Através de dois projetos de pesquisa financiados pelo Funcafé/Consórcio Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, o INCAPER em parceria com a COOABRIEL tem realizado diversas ações de investigação quanto à bioecologia e controle da praga, como o monitoramento dos locais de refúgio da cochonilha, a determinação da susceptibilidade dos diversos clones componentes das variedades recomendadas e a determinação de produtos químicos, épocas e métodos de manejo da praga.
Foto 3 - Equipe INCAPER/COOABRIEL: M. Fornazier, Wander Gomes, Alysson Scalfoni e Admar Bautz.
Fonte: Maurício Fornazier
Em áreas que anteriormente apresentaram diferentes índices de presença da praga, constatou-se grande incidência de formas jovens e adultas nas raízes "principal" (considere-se o conjunto das primeiras raízes que se formam) e secundárias, e em trânsito nas hastes da planta do café. Em diversas lavouras foi encontrada já infestando as rosetas a partir do florescimento ou pegamento dos ´frutos-chumbinho´.
O inseto foi encontrado atacando as raízes de uma ampla gama de hospedeiros, como as plantas daninhas: tiririca, canela de urubu, trapoeraba, macaé e maria-preta e plantas cultivadas comercialmente, como milho, cana-de-açúcar e abacaxi, podendo estas plantas servir de abrigo e fonte de alimentação para a cochonilha e para futuras re-infestação dos cafezais.
As cochonilhas se movimentam pelas plantas ou pelos tubos de irrigação, pelas plantas daninhas, etc. e podem ser carregadas por formigas.
Lavouras intensamente infestadas apresentam associação com formigas, que sobem das raízes e constroem canais de terra nas hastes do cafeeiro. Notou-se também apodrecimento do colo da planta, na região logo abaixo da inserção com o solo. Essas lesões podem servir de entrada para fungos e bactérias. Em muitas plantas foram observadas criptas nas raízes, onde o inseto se aloja. A maior incidência da praga foi constatada em lavouras de clones de maturação precoce.
A infestação da cochonilha nas rosetas do café conilon é, provavelmente, muito influenciada por longos períodos de estiagem, haja vista a constatação das mais elevadas infestações nas safras associadas a períodos de seca prolongada.
A falta de produtos registrados para controle da praga e o desconhecimento do adequado manejo podem causar sérios impactos ambientais e de saúde pública no meio rural.
Soluções emergenciais estão sendo testadas para diminuição dos danos causados pelo inseto ao conilon capixaba, já estando identificada a eficiência de diversos produtos químicos quando aplicados via foliar e que quando utilizados dentro de um sistema de manejo e rotação poderiam ser eficazes para o controle da cochonilha da roseta, sem causar resistência química.
Porém, embora a maioria desses produtos possua registro para uso na cultura do café, eles não possuem registro específico para a cochonilha, por não ser esta praga de importância econômica para grande parte da cafeicultura brasileira. Entretanto, através do interesse específico de cada firma detentora da patente desses produtos, pode-se solicitar a extensão de uso para a praga em questão, bastando que sejam cumpridas as exigências do Ministério da Agricultura.
A melhor forma de controle, hoje, é a aplicação dos produtos via foliar. Para tanto, se deve utilizar alto volume de calda e um excelente espalhante adesivo, a exemplo dos siliconados, que permita o molhamento e a penetração da calda no interior das rosetas, onde está alojada a praga. A utilização de pulverizadores costais manuais pode trazer alguns problemas quanto ao atingimento do alvo, pela dificuldade da penetração da calda no interior das plantas, além de demandar enorme esforço dos aplicadores, pelo volume de calda exigido na pulverização.
Outro aspecto importantíssimo é a pulverização na época correta, ou seja, quando a praga se encontra realmente presente na lavoura. Essa época é determinada através do acompanhamento sistemático da lavoura a partir de setembro. Como já falado, tem-se observado que essa época está entre o final de outubro e a primeira quinzena de novembro.
Outros trabalhos que facilitem o controle da cochonilha também estão sendo realizados, como o uso de produtos via solo e via tronco e o uso de diferentes tipos de cola via tronco. A época de aplicação de produtos via foliar e via solo também tem sido estudada. Porém, ressalte-se que para a convivência com a praga, sem agressão ao meio ambiente e buscando-se a redução de seus danos, outros dados referentes, principalmente, à biologia da praga e sua associação com inimigos naturais presentes nas áreas cafeeiras, necessitam ser obtidos através de estudos complementares.