A forte estiagem que ocorreu na área de café conilon, no Norte do estado do Espirito Santo, no período de dezembro de 2014 a fevereiro de 2015, mostrou que o clone 2, ou o V12, suportou mais o estresse hídrico, não apresentando murcha nas plantas, enquanto os demais, do clone Vitória, em linhas ao lado, se mostravam com plantas completamente murchas.
A resistência ou tolerância à seca já é conhecida nos cafeeiros conilon, da espécie Coffea canephora, os quais são, normalmente, mais tolerantes a períodos de estresse hídrico, quando na comparação com variedades da espécie C. arabica. Este diferencial se deve, principalmente, ao sistema radicular, mais volumoso e mais profundo, dos cafeeiros conilon.
Também já se sabe que, no geral, cafeeiros conilon formados por mudas clonais são menos tolerantes à seca, quando comparados com cafeeiros formados por mudas de sementes.
A comparação entre clones de C. canephora, quanto à sua tolerância a períodos secos nunca havia sido feita, embora, na prática, sempre tenha se notou que materiais genéticos mais próximos do robusta, de folhas maiores, sempre ficam mais murchos do que outros mais próximos das características do conilon, com folhas menores. Explica-se isto pelo fato de se considerar que esses materiais tiveram diferentes origens, uns da África úmida e outros da seca.
Neste ano foi muito nítida a diferença de comportamento, em relação ao estresse hídrico, verificada em campos de conilon clonal, nas áreas de Colatina e de São Gabriel da Palha, no Norte do Espírito Santo. Nesses campos, o clone conhecido por clone 2, correspondente ao V12, mesmo comparado com outros clones, com as mesmas características de folhas menores, típicas de conilon, se mostrou bem mais tolerante à seca.
A explicação para este diferencial favorável ao clone 2 certamente não está ligada a prováveis diferenças entre clones, no sistema radicular das plantas. Esta diferença, tudo indica, está ligada ao tipo de folhagem do clone 2. Ele possui folhas mais arredondadas e mais grossas, devendo transpirar menos e perdendo menos água do que àquelas dos demais clones.
Ressalta-se que, diante do clima mais seco que vivenciamos nos últimos anos e considerando, em consequência, a falta de água para irrigação, o plantio de clones mais tolerantes à estiagem é muito importante, para redução dos riscos.