Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), após a decisão de ser realizado o controle químicos de pragas, doenças e plantas daninhas ou espontâneas, é necessário tomar atenção para uma série de etapas relacionadas à segurança e eficácia, para garantir o uso correto e seguro dessa ferramenta de suporte aos agricultores.
Primeiramente é necessário analisar com precisão o cultivo agrícola e responder a alguns questionamentos iniciais para determinar o tratamento fitossanitário e garantir bons resultados agronômicos:
- Qual é o alvo biológico (praga, doença ou planta daninha/espontânea) que precisa ser controlado/manejado?
- Qual o tratamento mais recomendado para esse controle?
- De que forma a aplicação deve ser realizada para conferir resultados eficazes?
Uma aplicação realizada de forma equivocada ou quando não são respeitadas as instruções de rotulagem, bem como as Boas Práticas agrícolas, podem, além de gerar prejuízo e desperdício, aumentar consideravelmente os riscos de contaminação das pessoas, do ambiente e dos organismos não alvo.
As perdas podem ocorrer por deriva descontrolada, lixiviação ou escorrimento, podendo atingir áreas não alvo como áreas urbanas ou de proteção ambientais como também transeuntes ou animais domésticos. Para melhorar este desempenho, são essenciais a utilização e a capacitação da mão-de-obra treinada para o uso eficaz dos equipamentos de aplicação, seguindo as recomendações de rótulo e bula dos produtos, bem como as orientações do engenheiro agrônomo responsável.
A Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários pode ser considerada como o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação de determinado produto químico biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, com o mínimo de contaminação de outras áreas.
A pulverização consiste no processo físico-mecânico de transformação de uma substância líquida em partículas ou gotas. Já a aplicação é a deposição de gotas sobre um alvo desejado, com tamanho e densidade adequados ao objetivo proposto. Qualquer alteração no tamanho e densidade das gotas pode comprometer em demasiado a qualidade da aplicação.
Quando se pensa em pulverização, deve-se ter em mente que fatores como o alvo a ser atingido, as características do produto utilizado, a máquina, o momento da aplicação e as condições climáticas e ambientais não estarão agindo de forma isolada. A interação destes fatores é responsável direta pela eficácia ou ineficácia do controle. Quando qualquer uma destas interações for desconsiderada ou equacionada de forma errônea, poderá ser a responsável pela falha na operação. Portanto, a verificação de características locais nos momentos que antecipam a aplicação, como velocidade do vento, temperatura, umidade relativa do ar e previsão meteorológica são primordiais para determinar o sucesso ou fracasso da aplicação.
Vale destacar alguns passos importantes a serem realizados/verificados:
a) Manter a calda agitada: principalmente para formulações pó-molhável (PM) ou suspensão concentrada (SC), por risco de se depositarem no fundo do pulverizador em condições de agitação ineficiente. Formulações concentrado emulsionável (CE), por tenderem a migrar para a superfície, ocasionando uma má distribuição mesmo quando a dose por área está adequada.
b) Importância de usar os filtros corretos: formulações pó-molhável (PM) ou suspensão concentrada (SC), por possuírem partículas sólidas em suspensão na calda, uma vez que o diâmetro das partículas de pó poderá ser superior ao da abertura de peneiras muito finas.
c) Regulagem e calibração dos equipamentos: ajuste dos componentes da máquina às características da cultura e produtos a serem utilizados. Cuidados em relação a tipos de pontas, espaçamento entre bicos, altura da barra, ajuste da velocidade, etc, verificando a vazão das pontas, determinando o volume de aplicação e a quantidade de produto a ser colocada no tanque. Essa etapa é fundamental para garantir a qualidade da aplicação e evitar perdas significativas de tempo e de produto.
O volume de pulverização a ser utilizado depende de fatores tais como: o alvo desejado, o tipo de ponta utilizado, as condições climáticas, a arquitetura da planta e o tipo de produto a ser aplicado. Também é necessário cuidado na escolha das gotas adequadas às condições climáticas locais, principalmente a umidade relativa do ar. Gotas de pulverização que se elevam ou se deslocam para fora da área de aplicação deverão ser evitadas. Aplicações de herbicidas poderão causar danos irreversíveis se atingirem além das plantas daninhas.
Qualquer quantidade do produto químico que não atinja o alvo não terá qualquer eficácia e estará representando uma forma de perda. Dessa forma, observa-se que a eficácia da aplicação está diretamente ligada ao volume chegando ao alvo e não ao volume pulverizado, de forma direta (quando se coloca o produto em contato com o alvo no momento da aplicação) ou indireta (quando se atinge o alvo posteriormente, pelo processo de redistribuição, que poderá se dar através da translocação sistêmica, translaminar ou pelo deslocamento superficial do depósito inicial do produto).
Em relação aos pulverizadores, devem ser verificados todos os itens recomendados pelo fabricante a respeito de calibração e regulagens, limpeza e higienização, segurança, presença de vazamentos e condições climáticas.
Para o Cecafé, as orientações contidas em rótulos e bulas dos agrotóxicos é extremamente necessário, pois tem papel importante na conscientização dos agricultores buscando evitar quaisquer restrições comerciais entre os países.
As informações são do Cecafé – por Lilian Vendrametto, Gestora de Sustentabilidade do CECAFÉ.