A cafeicultura pode contar com dois corretivos de ação mais rápida: a cal virgem dolomitica e, de forma semelhante, a mesma cal, hidratada, adequadas a cafezais adultos.
Na lavoura cafeeira é mais comum o uso do calcário, obtido pela simples moagem da rocha sem a calcinação, sendo este composto por carbonatos de cálcio e magnésio. Apesar de boa fonte, sua ação é mais lenta, especialmente quando se utiliza este corretivo em cobertura sem incorporação, a única forma possível em lavouras adultas.
A cal virgem é obtida industrialmente, através da calcinação ou queima completa da pedra calcária em fornos adequados a altas temperaturas. Neste processo são formados os óxidos de cálcio e de magnésio. Quando o CaO e o MgO reagem com a água, são produzidos os respectivos hidróxidos. Esses compostos são rapidamente solúveis e, tratando-se de bases fortes, são bastante reativos no solo, podendo ser uma fonte muito útil quando se necessita de efeito no curto prazo, seja na correção do pH do solo, seja no suprimento do cálcio e do magnésio, nutrientes importantes ao desenvolvimento e produtividade dos cafeeiros. A cal virgem dolomitica mais comercializada para esse fim em Minas Gerais tem 60% de CaO e 30% de MgO e PRNT de 160.
A cal hidratada agrícola ou cal extinta é obtida pela hidratação da cal virgem. Seus constituintes já são os hidróxidos de cálcio magnésio. Como se emprega normalmente 20% de água na hidratação, os teores de CaO e MgO caem nessa mesma proporção em relação à cal virgem. Assim, os teores de CaO e MgO nesse produto se situam em cerca de 48% e 24%.
Conforme a origem do material e a boa moagem, a cal dolomitica possui baixo teor de resíduos sólidos quando suspensa em água, podendo, assim, ser aplicada em dose pequena através da própria água de irrigação com correções a curto prazo (ver tabela 1). Devido seu PRNT alto e sua reatividade, os ensaios mostram que a dose pode ser de cerca de 1/3 da dose usual de calcário comum.
Na aplicação manual da cal virgem dolomitica (CVD) deve-se adotar cuidados de proteção, pois ela tem efeito cáustico (dos hidróxidos) que se formam com a umidade, atuando na pele dos aplicadores. A cal hidratada não apresenta este problema.
No uso de calcários comuns em cobertura, em cafezais adultos, os técnicos que assistem aos cafeicultores sempre mostram duvidas sobre seu bom funcionamento, pois ao fazerem nova análise de solo no ano seguinte, os níveis de pH e teores de Ca e Mg praticamente não se alteram, e, assim, os resultados voltam a indicar a necessidade de mais calcário. Quando se usa a cal, logo em seguida se observa nas análises a correção do solo, verificada já a partir de 10 dias da aplicação.
Por outro lado, havia por parte de alguns técnicos a suspeita de uso da cal com pouca umidade, com respeito à possível reversão de óxidos para carbonatos. Diversas pesquisas (ver tabela 2) mostram que isso não acontece. O trabalho de pesquisa mais recente, feito em laboratório, na Fundação Procafé, conforme tabela 3, simulou pouca e muita água, esta maior quantidade para efeito de hidratação, ou seja, para apagar a cal. Os resultados de pH ocorreram de forma semelhante com pouca ou muita água, indicando que, mesmo em situação de pouca água, por um período formam-se os hidróxidos, que elevam o pH. Neste trabalho foi possível verificar também uma pequena alteração na temperatura, quando da hidratação, e observou-se que com cerca de 30% de água fica viável aplicar a cal, ou seja, a hidratação poderia ser feita ao nível da própria fazenda, para os casos onde é preciso efetuar aplicações manualmente.