A poda de recepa em cafeeiros, normalmente efetuada em plantas mais velhas e depois de carga alta com plantas estressadas, provoca má brotação e morte de plantas, exigindo, na maioria das áreas, replantio das falhas.
A recepa é um tipo de poda drástica que corta o tronco do cafeeiro mais baixo (0,4 - 0,8 m – recepa baixa ou alta) ficando as plantas sem vegetação por um período relativamente longo, até que saiam novos brotos do tronco recepado. Assim, sem reservas, boa parte das raízes finas das plantas, cerca de 60% delas, morrem. Este fator, associado a outros problemas como o stress por carga anterior alta e a ocorrência de fusariose, acaba prejudicando a brotação. Deste modo, um percentual significativo de plantas brota mal ou não brota, resultando em morte.
A mortalidade com a ausência de rebrota dos cafeeiros recepados leva a falhas que prejudicam o estande de plantas por área, fator importante na produtividade da lavoura. Esta situação de lavoura falhada pode ser vista mesmo de longe ao se observar a plantação, ficando buracos ou áreas livres de cafeeiros nela. Essa situação, além de prejudicar a capacidade produtiva da lavoura, favorece o crescimento do mato, onerando o controle das ervas.
A capacidade de rebrota de plantas recepadas depende de alguns fatores de influência negativa: idade avançada das plantas; espaçamentos muito abertos (especialmente entre plantas na linha), onde a produção por planta é maior; variedades pouco vigorosas; poda feita após safra muito alta e/ou em lavouras mal-tratadas. O efeito de rebrota deficiente em variedade pouco vigorosa pode ser visto no gráfico da figura 1.
Hoje em dia, a poda de recepa é pouco indicada ou, em último caso, quando nenhum outro tipo esteja adequado. Mesmo assim, sempre que possível, deve ser feita mais alta, deixando pulmão.
Quando da execução da poda por recepa, uma prática que pouquíssimos produtores vêm adotando, é o replantio de falhas, as quais, conforme visto anteriormente, têm sido frequentes. Os cuidados nessa operação de replantio devem ser os seguintes:
- Usar mudas maiores, mais adaptadas e o quanto antes após constatação das falhas;
- Usar adubação de cova semelhante àquela de um novo plantio, verificando o equilíbrio de nutrientes mediante análise prévia do solo;
- Usar um produto inseticida/fungicida de solo;
- Usar uma variedade de melhores características, especialmente aquelas que possuam resistência a nematoides;
- Se possível, usar esterco ou outra fonte de matéria orgânica na cova ou em cobertura;
- Cuidar no controle do mato de forma especial nas replantas, evitando intoxicação por deriva de herbicidas.