Em condições de cafeicultura de montanha de trato manual, mesmo cafeeiros adensados que se encontram fechados e sem saia podem ser podados mais altos, com melhores respostas de recuperação em relação ao uso da poda tradicional de recepa baixa.
O uso de podas em cafezais vem crescendo nesses últimos anos. Antes, a prática era utilizada apenas de forma corretiva, hoje em dia já é empregada no manejo normal da lavoura, visando facilitar os tratos e a colheita.
Uma das regras padrões para uso das podas tem sido a de observar a saia dos cafeeiros, sua ramagem baixa e quando ela se mostra inexistente, logo vem a ideia de recuperá-la através de uma poda baixa, de recepa.
A recepa, no entanto, só deve ser usada em ultimo caso, pois a copa da planta precisa ser toda reformada novamente e, com isso, se perde praticamente duas safras, o que interfere muito na média produtiva da lavoura. Além disso, a recepa gera grande volume de ramagem e de troncos das plantas, que precisam ser removidos para fora da lavoura, resultando em custos adicionais. Também exige desbrotas e, com a abertura da área, aumenta o problema de mato e seu controle é dificultado, já que os brotos novos ficam mais sujeitos à toxidez pelo uso de herbicidas.
Por outro lado, o uso alternativo de podas altas, como o decote e o esqueletamento/desponte, em condições normais, pressupõe a existência de ramagem lateral em boa quantidade, o que é difícil de encontrar em cafeeiros já fechados.
Recentemente, no Espírito Santo, efetuou-se, na região de cafeicultura de montanha, em Mal Floriano, um trabalho de teste de poda mais alta em cafeeiros adensados e fechados que se encontravam quase sem ramagem lateral baixa. Foram aplicadas podas em diferentes alturas do tronco, uma recepa baixa e uma alta e um esqueletamento em três alturas de decote: a 1,5 m, 1,8 m e 2,20 m.
Nas podas de 1,5 a 1,8 m, os troncos praticamente ficaram sem quaisquer ramos laterais, ali se imaginando que não haveria boa recomposição. Os resultados obtidos do trabalho mostraram que é possível sim, a curto prazo, recuperar a copa de cafeeiros nessa condição, aproveitando as brotações ortotrópicas novas que saem dos troncos cortados, formando uma boa estrutura produtiva, bem superior àquela promovida pela recepa.
No caso da poda mais alta, nessa aproveitando alguns ramos laterais no topo da planta, ela se evidencia como a mais produtiva na primeira safra pós-poda, porém tende a fechar a lavoura novamente e exige a aplicação de nova poda, tipo safra zero. Só que nesse caso as brotações ortotrópicas saídas na parte baixa do tronco serão aproveitadas para recomposição da saia, útil em novo esqueletamento. Nas podas com decote mais baixo houve boa recomposição da copa, podendo-se, ainda, aproveitar para tirar mais safras em seguida.
Nas recepas efetuadas no trabalho, a mais alta se mostrou melhor, mesmo não existindo pulmão. Da mesma forma foram aproveitados alguns brotos, nesse caso efetuando-se desbrotas, o que não ocorreu nas podas altas.
Ressalta-se que, no experimento efetuado, a variedade era catuaí vermelho, com 21 anos de idade, no espaçamento original de 1,7 x 0,8 m, tendo sido eliminada uma linha a cada duas linhas.