As mudas de café recém-plantadas no campo devem ser cuidadas, para que tenham um bom pegamento e seu desenvolvimento inicial normal. Para isso é importante que contem com umidade no solo e, se possível, também sombra.
As mudas de café são produzidas em viveiro com boa umidade, de regas diárias, e sob ambiente de meia-sombra. Na sua fase final, elas devem ser aclimatadas ao sol. No entanto, pelas dificuldades, os viveiristas pouco cuidam dessa fase. Mesmo aclimatando, as mudas muito próximas nos canteiros tem parte das folhas sombreadas e, assim, quando vão a campo acabam sentindo no novo ambiente, mais ensolarado e menos úmido.
Cafeeiros conilon com proteção lateral com milho.
O estresse das plantas novas por falta de água já é bem conhecido. As plantas murcham inicialmente e chegam a queimar folhas e a brotação nova, sobrevindo desfolha e até a morte, por efeito de desidratação dos tecidos. Por isso, na fase inicial da formação da lavoura, as plantas jovens devem receber suprimento de água por molhações ou regas, sempre que faltarem chuvas. Adotando-as de forma preventiva, ou seja, não deixar as plantas sentirem muito, para depois socorrer as mesmas com água.
Com relação ao efeito de sombra no pós-plantio, o conceito desse tipo de proteção das mudas no campo tem sido desenvolvido ultimamente. Nas áreas mais quentes e ensolaradas, especialmente naquelas de cultivo de robusta-conilon, a cobertura inicial tem se demonstrado essencial para o pegamento e desenvolvimento das plantas. Para cafeeiros arábica cultivados em zonas mais frescas, logicamente, a sombra é menos crítica. No entanto, nos últimos anos, com veranicos observados nos períodos dezembro-fevereiro, onde predominam temperaturas altas, também têm sido verificados bons efeitos com sombra no pós-plantio nessas regiões.
Proteção de sombra, essencial em plantio, em zonas quentes, de mudas de conilon. São utilizados, de preferência, materiais disponíveis nas propriedades, como colmos de bambu partidos e fincados no solo (primeira foto) ou pedaços de folhas de palmeira (segunda foto).
Nos anos de 2014/2015, em grande plantio efetuado em Fazenda do Sul de Minas, verificou-se que, mesmo molhando as mudas no pós-plantio, houve muita morte de plantas. Nessa área, algumas plantas que se encontravam sob uma árvore, pegaram e se desenvolveram normalmente. Foi uma lição, que agora passamos adiante. Ali, mais valeu a sombra do que a própria água, pelos efeitos que trataremos em seguida. No mesmo sentido, um ensaio de proteção por sombra foi conduzido em Pirapora, zona de temperatura média anual de cerca de 24º C. As avaliações de crescimento iniciais das plantas de café (arábica ou conilon) mostraram parâmetros muito superiores na condição de proteção por sombra (tabela 1). Também, a proteção em cafeeiros conilon foi demonstrada vantajosa em ensaio em Varginha (MG), com superioridade, no pegamento e crescimento inicial, nas plantas protegidas (tabela 2).
O conceito de sombra no pós-plantio se relaciona com dois aspectos. O primeiro, mais fácil de ser entendido, se refere à menor transpiração e, portanto, resulta em menor necessidade de água em plantas sombreadas. O segundo, menos comentado mas muito importante, diz respeito ao nível de fotossíntese das plantas, o qual é comprovadamente menor em plantas jovens, sob plena luminosidade e em altas temperaturas. Esta constatação, inclusive, leva à produção das mudas em viveiros sob meia sombra.
O efeito da sombra sobre a fotossíntese influi diretamente no ciclo de crescimento da planta. Menor fotossíntese acaba resultando em poucas reservas pra suprir as raízes e estas, menos ativas, reduzirão sua contribuição na absorção de água/nutrientes pra atender à parte aérea da planta.
Com esses efeitos favoráveis da proteção por sombra pode-se verificar que ela auxilia e se integra ao suprimento de água. Por isso o que se anuncia no título – sombra e água (fresca), nesse caso não pela temperatura da água, mas pela sua constância de aplicação.