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Análise foliar e sua interpretação para a cultura do café

POR ANDRÉ GUARÇONI M.

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 30/07/2009

4 MIN DE LEITURA

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Devido às complexas reações que ocorrem no solo, alguns nutrientes podem ser determinados em quantidade suficiente, via análise de solo, mas podem estar, na verdade, indisponíveis para as plantas. Os tecidos das plantas, por sua vez, mostram o status nutricional das mesmas em dado momento, revelando sua real capacidade de absorver os nutrientes. Dessa forma, a análise dos tecidos, aliada à análise do solo, permite uma avaliação mais eficiente do estado nutricional do cafeeiro, culminando em possíveis redirecionamentos do programa de adubação. Isso é possível devido à estreita relação existente entre a produção das culturas e o teor de nutrientes em seus tecidos.

Na análise de tecidos, entretanto, o técnico ou o produtor só tomam conhecimento da deficiência de qualquer nutriente depois que a planta já esteja sofrendo as conseqüências dessa deficiência. Por isso, essa análise é realizada para identificar as causas de problemas nutricionais não identificados pela análise de solo e para melhorar as aplicações de fertilizantes para o ano seguinte, especialmente em culturas perenes como o café. Apenas em alguns casos especiais a análise foliar serve de base única para a recomendação de adubação.

Amostragem foliar

A parte da planta geralmente utilizada para o diagnóstico nutricional é a folha, uma vez que reflete bem as mudanças nutricionais, por ser a sede do metabolismo e por ser o principal local para onde são transportados os nutrientes absorvidos pelas raízes.

Da mesma forma que para a amostragem de solo, para a amostragem foliar deve-se dividir a área em talhões homogêneos, ou seja, subárea com a mesma declividade (topo de morro, meia encosta, baixada, etc.), as mesmas características perceptíveis do solo (cor, textura, condição de drenagem, etc.), o mesmo manejo (uso de corretivos, fertilizantes, etc.) e com plantas de mesma variedade e idade. Além disso, na coleta, deve-se fazer o caminhamento em zig-zag, visando representar toda a área do talhão.

A época, as folhas amostradas e o número de folhas a ser coletado por talhão homogêneo mudam de uma cultura para outra. Na Tabela 1 são mostradas as relações de coleta para os cafés arábica e conilon.

Tabela 1


Deve-se evitar a coleta de amostras foliares logo após a aplicação de fertilizantes via solo ou foliar, bem como de qualquer defensivo, devendo-se esperar 30 dias, aproximadamente, para realizar a amostragem. Deve-se evitar, também, a coleta após intensos períodos de chuva.

O trabalho torna-se mais eficiente quando a amostra foliar é acondicionada em saco de papel e enviada ao laboratório de análises no mesmo dia. Na impossibilidade desse procedimento, é aconselhável que as folhas sejam lavadas com água corrente e enxaguadas com água filtrada, acondicionadas em sacos de papel e postas para secar ao sol. Além disso, é imprescindível que as amostras sejam identificadas adequadamente antes do envio ao laboratório.

Interpretação dos resultados das análises foliares

Existem muitos métodos utilizados para a interpretação dos resultados das análises foliares. Por ser de mais fácil entendimento e utilização, propõe-se o método que compara os teores revelados pela análise foliar com teores tabelados para a cultura, sendo estes determinados em lavouras de referência. Na Tabela 2 são mostrados os teores foliares de nutrientes considerados adequados para o café arábica e para o café conilon.

Tabela 2 - Teores foliares considerados adequados para o café arábica e para o café conilon



1 5ª Aproximação de Minas Gerais (1999) (faixas de suficiência); 2 5ª Aproximação do Espírito Santo (2007) (faixas de suficiência); N = Nitrogênio; P = Fósforo; K = Potássio; Ca = Cálcio; Mg = Magnésio; S = Enxofre; Fe = Ferro; Zn = Zinco; Cu = Cobre; Mn = Manganês; B = Boro.

Basta, portanto, comparar os teores foliares obtidos na própria lavoura, com os teores apresentados na Tabela 2. Se o teor na lavoura for menor do que o teor tabelado, significa que o nutriente está em déficit. Se o teor na lavoura for maior, o nutriente estará em excesso. Caso seja igual ou esteja compreendido na faixa apresentada na tabela, o nutriente está em nível adequado na lavoura.

As faixas de suficiência, em alguns casos, são amplas, como para o Fe no café arábica. Isso indica que a produção será adequada com qualquer teor dentro da faixa, para determinada região. Em uma região o café irá produzir bem com 100 mg/kg de Fe. Noutra região, a produção será adequada quando o teor for de 180 mg/kg de Fe. Isso ocorre devido às diferenças climáticas, ao tipo de solo e à variedade, cabendo ao técnico ou produtor, determinar, por meio de observação, qual o teor específico, dentro da faixa, mais adequado para a sua região.

Um fator crucial, entretanto, consiste em fazer uma amostragem compatível à da tabela de interpretação que se pretende utilizar. Os teores foliares variam de acordo com a época do ano e com as folhas coletadas nas plantas. Dessa forma, não adiantaria fazer uma amostragem diferente da utilizada na tabela de interpretação, uma vez que não seria criada uma base real para comparação. As relações de coleta apresentadas na Tabela 1 são compatíveis com os teores apresentados na Tabela 2. Portanto, resultados analíticos de amostras foliares coletadas em outros estádios de desenvolvimento, ou seja, fora do estádio chumbinho, não podem ser comparados com os teores apresentados na Tabela 2, mesmo que muitos o façam de forma equivocada.

A análise foliar é uma importante ferramenta de diagnose para um programa eficiente de adubação. Entretanto, deve ser utilizada em conjunto com outras ferramentas, especialmente a análise de solo. Apenas se utilizar todas as ferramentas disponíveis, para refinamento dos programas de adubação, o produtor conseguirá eficiência máxima do seu cafezal e, consequentemente, maior produção com menor custo.

Literatura Consultada

Manual de recomendação de calagem e adubação para o Estado do Espírito Santo - 5a Aproximação/Prezotti, L.C.; Dadalto, G.G.; Oliveira, J.A. (Eds.). SEEA/INCAPER/CEDAGRO, Vitória, ES, 2007.

Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5a Aproximação. RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.), CFSEMG, Viçosa-MG, 1999. 359 P.

ANDRÉ GUARÇONI M.

D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa-MG. Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)

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LUIZ FERNANDO FALEIROS

FRANCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/02/2023

Gostaria de saber quando que o Co e principalmente o Mo serão anexados na analise foliar?
Obrigado.
PEDRO DIAS MOREIRA

DIVINO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 17/11/2016

Trabalho com Café,faz algum tempo. Gosto de indicar/recomendar Análise foliar quando o Solo apresenta altos índices de fertilidade e com carga pendente alta e a solicito na fase de chumbinho (janeiro). Porque ? Porque pode ter ocorrido alguma falha na coleta desse solo(principalmente quando não acompanho a coleta )Pelo resultado tira-se a dúvida !
ISSAC FERREIRA DIAS

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 21/10/2016

Tenho uma dúvida, caso os teores estejam menos que na rmtabela 2, qual o cálculo utilizo para determinar a adubação?
CLAUDINEI

PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/07/2014

Boa tarde,

Lendo um dos comentários acima um amigo disse que usou calcário e gesso em uma correção e no ano seguinte a analise de solo pediu um aumento de calcário um pode neutralizar o outro?
ENES

IBIRACI - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/10/2013

Sugiro que inclua o município de Claraval na relação de produtores de café, a ún ica maneira que encontrei de me cadastrar foi usar o nome do municpipio vizinho, pois não encotrei CLARAVAL na relação, o café é o produto mais importante do município.
ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/02/2013

Brainne Cardoso Vaneli,



Independentemente se a comparação é feita por Tabelas ou não, um padrão é sempre necessário para que os resultados das análises apresentem algum sentido. Esses padrões podem ser simples e de fácil utilização como a "faixa de suficiência" e o "nível crítico foliar", ou podem ser mais refinados e funcionais, como o "Desvio Percentual do Ótimo - DOP", os "Índices Balanceados de Kenworthy" e o "DRIS", que exigem conhecimento mais aprofundado de nutrição de plantas.



Sucesso.



André Guarçoni M.
BRAINNE CARDOSO VANELI

ILICÍNEA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 05/02/2013

Boa noite...



Uma duvida!!!



Como seria um método ou existe alguma formula para a interpretação de analise foliar  a não ser por uma comparação com nas tabelas, (nível de suficiência).



Desde ja agradeço.




ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 08/01/2013

Prezado Luiz Antônio Valle Guimarães,

Essa é uma dúvida recorrente. Você pode manter as folhas verdes, acondicionadas em sacos de papel, na parte de baixo da geladeira por 3 ou 4 dias, levando ao laboratório logo em seguida.

Se o intervalo entre a coleta e envio ao laboratório for maior do que 4 dias, você deve proceder como indicou, mas numa ordem um pouco diferente:

A) Lavar em água corrente.

B) Enxaguar (de preferência em água destilada ou filtrada) e secar um pouco em tolha (de papel ou de pano).

C) Secar ao sol (até que as folhas fiquem bem secas e quebradiças - é importante abrir bem o conjunto de folhas, para que não ocorra fermentação).

D) Quando as folhas estiverem bem secas e quebradiças, condicionar em sacos de papel e levar ao laboratório.

Quanto tempo até levar ao laboratório vai depender muito da umidade do ar a qual as folhas ficarão expostas, pois sua superfície tende a se hidratar novamente, favorecendo o processo de fermentação. O ideal é que leve as folhas ao laboratório o mais rápido possível após a secagem, mas acredito que suportem bem pelo menos uma semana.

Sucesso.

André Guarçoni M.

LUIZ ANTÔNIO VALLE GUIMARÃES

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 20/12/2012

André,

Na coleta das amostras, quando não for possivel encaminhar no mesmo dia ao laboratório, a sugestão é :

a - Lavar as folhas em água corrente:

b - Enxaguar:

c - Acondicionar em sacos de papel e

d - Secar ao sol.

Pergunta : Secar dentro do saco ?

Quanto tempo posso ficar com essas folhas secas até levar ao laboratório.

Grato.
HENRIQUEGABRIELDACOSTA@HOTMAIL.COM

PIUMHI - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 02/12/2012

minha analise de terra pediu calcario este ano na faixa de 2 ton por hectare sendo que no ano anterior ja tinha feito a calagem o que pode estar acontecendo minhas adubaçoes sao 4 de 380 kg por hct ano de 20 00 20  minha analise veio toda desbalanceada e pedindo muito calcario e potassio repeti a analise em outro laboratorio e deu a mesma coisa  no ano de 2010 fiz um erro que nao sabia a analise pediu fosforo calcario e gesso eu joguei um em cima do outro pode ser isto que em 2012 de este desbalanceio na analise
GILBERTO BOLDT

SANTA MARIA DE JETIBÁ - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/11/2012

Prezado andre,

Sou tecnico agropecuario da stuhr agropecuria de santa maria de jetiba, as vezes surge a duvida de qual a melhor epoca de se coletar as folhas do cafe para analise, se seria 30 dias depois da primeira ou da segunda adubaçao com npk , e no caso do conilon, seria o mesmo processo de coleta , ok obrigado pela atençao - Gilberto
ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/11/2012

Prezado Marcelo Lobo Masetti,



Infelizmente não é possível definir a quantidade de nutriente a ser aplicada a partir da análise foliar apenas. Algumas tentativas têm sido feitas no sentido de viabilizar tal opção, mas ainda não apresentam resultados plenamente confiáveis.

A partir da análise foliar, você vai saber se há deficiência, mas não a quantidade a ser aplicada. Por isso, a análise de solo é importante. Mas o nitrogênio não é analisado nos laboratórios de rotina, não é mesmo? Dessa forma, sugiro pensar na adubação nitrogenada como um processo contínuo, onde sua experiência, aliada aos resultados das análises foliares, será fundamental para definir as doses mais adequadas para a sua lavoura específica, inclusive considerando os anos de maior produtividade.

Não há como relacionar os números por você sugeridos a partir de análises de rotina.

Sucesso.



André Guarçoni M.

ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/11/2012

Prezado Carlos Alberto Amaral,



Você não pode dispensar a análise de solo. Contudo, pode utilizar como extrator a resina ou o Mehlich 1, pois ambos apresentam elevada correlação com o conteúdo de P na planta e a produção das culturas.

Mas, se utilizar o Mehlich 1 como extrator, deve ter, para a correta interpretação da análise, algum estimador da capacidade tampão do solo, como o teor de argila ou, especialmente, o fósforo remanescente (P-rem). Isso é necessário, pois o resultado da análise foliar seria considerado como um refinamento para o ano seguinte.

Sucesso.

André Guarçoni M.

ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/11/2012

Prezado Paulo Cesar de Melo,

Você conhece algum resultado de pesquisa científica, independente, que tenha testado esse material com sucesso?

Eu desconheço.

Att.,

André Guarçoni M.

PAULO CESAR DE MELO

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 14/11/2012

Caro colega, o que vc  me diria sobre o uso de Granulados Bioclásticos Marinhos, alga a base de Lithothamnium, retirado ai no ES para adubação em cafe´s?

abrs
CARLOS ALBERTO AMARAL

ESPERA FELIZ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/09/2012

Caro amigo,ja que pela analise foliar sei o que a planta esta absorvendo do solo,eu posso dispensar  o P resina.
MARCELO LOBO MASETTI

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 29/08/2012

Tenho uma dúvida.


Constatada a deficiência nutricional pela diagnose foliar, somente por ela, dá para saber o quanto de adubo devo aplicar, seja via foliar seja via solo para corrigir o problema?


Ou então, para que o café apresente o toer de 3,0 dag/kg de N na sua folha equivale a que concentração de nitrogênio no solo?


Tem como relacionar estes números?


Obrigado.
COLONIA EMPREENDIMENTOS

EUNÁPOLIS - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 27/06/2012

sou o gerente da fazenda com 250ha quero saber qual a epoca coreta para fazer analise foliar e solo. cafe conilon.
COLONIA EMPREENDIMENTOS

EUNÁPOLIS - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 27/06/2012

QUAL A DIFERENÇA ENTRE OS DOIS TIPOS DE CAFE ARABICA E CONILON
ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 20/12/2010

Caro Sebastião Eduardo de Andrade,

Ao que me parece o problema está na definição de talhão homogêneo e gleba. No artigo, considero os dois como sinônimos. Veja bem, se você subdivide um talhão homogêneo (mesma declividade, as mesmas características perceptíveis do solo, o mesmo manejo e com plantas de mesma variedade e idade) em algumas "glebas" (pequenas áreas do talhão) para facilitar o trabalho, isso não tem qualquer influência na amostragem.

O que importa é dividir a lavoura em áreas com mesma declividade, as mesmas características perceptíveis do solo, o mesmo manejo e com plantas de mesma variedade e idade, independentemente do seu tamanho, e coletar 100 folhas em cada uma dessas áreas, 4 por planta (25 plantas). Todas essas 100 folhas devem ser enviadas para o laboratório, mas em apenas uma sacola, formando uma amostra. Essa forma de amostragem é a mesma em um talhão homogêneo (gleba) de 5 ha ou 0,5 ha.

É simples assim. Não precisa complicar.

Agradeço o questionamento. Qualquer dúvida volte a escrever.

André Guarçoni M.

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