Na análise de tecidos, entretanto, o técnico ou o produtor só tomam conhecimento da deficiência de qualquer nutriente depois que a planta já esteja sofrendo as conseqüências dessa deficiência. Por isso, essa análise é realizada para identificar as causas de problemas nutricionais não identificados pela análise de solo e para melhorar as aplicações de fertilizantes para o ano seguinte, especialmente em culturas perenes como o café. Apenas em alguns casos especiais a análise foliar serve de base única para a recomendação de adubação.
Amostragem foliar
A parte da planta geralmente utilizada para o diagnóstico nutricional é a folha, uma vez que reflete bem as mudanças nutricionais, por ser a sede do metabolismo e por ser o principal local para onde são transportados os nutrientes absorvidos pelas raízes.
Da mesma forma que para a amostragem de solo, para a amostragem foliar deve-se dividir a área em talhões homogêneos, ou seja, subárea com a mesma declividade (topo de morro, meia encosta, baixada, etc.), as mesmas características perceptíveis do solo (cor, textura, condição de drenagem, etc.), o mesmo manejo (uso de corretivos, fertilizantes, etc.) e com plantas de mesma variedade e idade. Além disso, na coleta, deve-se fazer o caminhamento em zig-zag, visando representar toda a área do talhão.
A época, as folhas amostradas e o número de folhas a ser coletado por talhão homogêneo mudam de uma cultura para outra. Na Tabela 1 são mostradas as relações de coleta para os cafés arábica e conilon.
Tabela 1
Deve-se evitar a coleta de amostras foliares logo após a aplicação de fertilizantes via solo ou foliar, bem como de qualquer defensivo, devendo-se esperar 30 dias, aproximadamente, para realizar a amostragem. Deve-se evitar, também, a coleta após intensos períodos de chuva.
O trabalho torna-se mais eficiente quando a amostra foliar é acondicionada em saco de papel e enviada ao laboratório de análises no mesmo dia. Na impossibilidade desse procedimento, é aconselhável que as folhas sejam lavadas com água corrente e enxaguadas com água filtrada, acondicionadas em sacos de papel e postas para secar ao sol. Além disso, é imprescindível que as amostras sejam identificadas adequadamente antes do envio ao laboratório.
Interpretação dos resultados das análises foliares
Existem muitos métodos utilizados para a interpretação dos resultados das análises foliares. Por ser de mais fácil entendimento e utilização, propõe-se o método que compara os teores revelados pela análise foliar com teores tabelados para a cultura, sendo estes determinados em lavouras de referência. Na Tabela 2 são mostrados os teores foliares de nutrientes considerados adequados para o café arábica e para o café conilon.
Tabela 2 - Teores foliares considerados adequados para o café arábica e para o café conilon
1 5ª Aproximação de Minas Gerais (1999) (faixas de suficiência); 2 5ª Aproximação do Espírito Santo (2007) (faixas de suficiência); N = Nitrogênio; P = Fósforo; K = Potássio; Ca = Cálcio; Mg = Magnésio; S = Enxofre; Fe = Ferro; Zn = Zinco; Cu = Cobre; Mn = Manganês; B = Boro.
Basta, portanto, comparar os teores foliares obtidos na própria lavoura, com os teores apresentados na Tabela 2. Se o teor na lavoura for menor do que o teor tabelado, significa que o nutriente está em déficit. Se o teor na lavoura for maior, o nutriente estará em excesso. Caso seja igual ou esteja compreendido na faixa apresentada na tabela, o nutriente está em nível adequado na lavoura.
As faixas de suficiência, em alguns casos, são amplas, como para o Fe no café arábica. Isso indica que a produção será adequada com qualquer teor dentro da faixa, para determinada região. Em uma região o café irá produzir bem com 100 mg/kg de Fe. Noutra região, a produção será adequada quando o teor for de 180 mg/kg de Fe. Isso ocorre devido às diferenças climáticas, ao tipo de solo e à variedade, cabendo ao técnico ou produtor, determinar, por meio de observação, qual o teor específico, dentro da faixa, mais adequado para a sua região.
Um fator crucial, entretanto, consiste em fazer uma amostragem compatível à da tabela de interpretação que se pretende utilizar. Os teores foliares variam de acordo com a época do ano e com as folhas coletadas nas plantas. Dessa forma, não adiantaria fazer uma amostragem diferente da utilizada na tabela de interpretação, uma vez que não seria criada uma base real para comparação. As relações de coleta apresentadas na Tabela 1 são compatíveis com os teores apresentados na Tabela 2. Portanto, resultados analíticos de amostras foliares coletadas em outros estádios de desenvolvimento, ou seja, fora do estádio chumbinho, não podem ser comparados com os teores apresentados na Tabela 2, mesmo que muitos o façam de forma equivocada.
A análise foliar é uma importante ferramenta de diagnose para um programa eficiente de adubação. Entretanto, deve ser utilizada em conjunto com outras ferramentas, especialmente a análise de solo. Apenas se utilizar todas as ferramentas disponíveis, para refinamento dos programas de adubação, o produtor conseguirá eficiência máxima do seu cafezal e, consequentemente, maior produção com menor custo.
Literatura Consultada
Manual de recomendação de calagem e adubação para o Estado do Espírito Santo - 5a Aproximação/Prezotti, L.C.; Dadalto, G.G.; Oliveira, J.A. (Eds.). SEEA/INCAPER/CEDAGRO, Vitória, ES, 2007.
Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5a Aproximação. RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.), CFSEMG, Viçosa-MG, 1999. 359 P.