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Análise dos custos de produção de café arábica no Estado do Paraná

POR FLÁVIA MARIA DE MELLO BLISKA

E CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 21/12/2009

2 MIN DE LEITURA

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O levantamento dos custos de produção de café no estado do Paraná, tradicional produtor brasileiro de café arábica, foi realizado nas duas principais regiões produtoras desse Estado: as regiões dos municípios de Jacarezinho (conhecida como Norte Velho) e Cornélio Procópio (ou Norte Novo). Os resultados para a safra 2006 indicaram (quadro 1) que o custo médio de produção do café arábica no sistema convencional de cultivo, R$287,10/sc, é mais elevado que o custo médio do sistema adensado, R$159,8/sc. Esse comportamento foi observado tanto no Norte Novo como no Norte Velho.

Intra-regionalmente, observou-se que tanto os custos do sistema tradicional como os do sistema adensado mostram-se mais elevados na região de Jacarezinho. Esse comportamento pode refletir os investimentos recentes, feitos nessa região, onde as lavouras de café têm sido renovadas a uma taxa superior à de Cornélio Procópio: 2,5% em Jacarezinho e 1,5% em Cornélio Procópio. Assim, apesar do café ter sido introduzido no Estado do Paraná via Jacarezinho, hoje as lavouras mais antigas encontram-se na região de Cornélio Procópio (com idade média de 20 anos), e concorrem para piores resultados, comparativamente à região de cafeicultura renovada de Jacarezinho (com idade média de 9 anos).

Com relação à estrutura de custo de produção do café arábica (operações + insumos), em R$/sc e R$/ha, no Estado do Paraná, nos sistemas de produção convencional e adensado, ano agrícola 2005/2006 (ou seja, safra 2006/2007), os resultados indicaram percentuais de gastos nutricionais muito elevados, em relação aos custos totais, por saca beneficiada de 60kg (39% nos cafezais convencionais e 37% nos adensados).

Os custos relativos às capinas (químicas, mecânicas ou manuais), nas lavouras convencionais do Estado do Paraná (10,4%) foram bem superiores aos das lavouras adensadas (5,9%). Quanto aos gastos fitossanitários, não foi observada diferença significativa entre os percentuais obtidos nos dois sistemas de cultivo (14,9% no convencional e 16,1% no adensado)

Com relação às despesas com a colheita, as gastos percentuais foram superiores no sistema adensado (18,7%), em relação ao convencional (13%). Os gastos com preparo também foram quase duas vezes superiores no sistema adensado (3,92%), em relação ao convencional (2,19%).

O item "Outros custos", que inclui podas (recepa, esqueletamento, decote, condução, limpeza), transporte (produtos, insumos, terreiro, mão-de-obra), irrigação, energia, arruação, conservação de carreadores, análises de solo e utensílios (custeio e colheita), indicou percentual de gastos um pouco maior no sistema adensado (19,40%), em relação ao convencional (16,43%), diferença não tão significativa quanto àquelas observadas nos itens "Controle do Mato", "Colheita" e "Preparo".

De modo geral, especialmente para a o Norte Novo, mas também para o Norte Velho, no Estado do Paraná observou-se interessante vantagem comparativa em relação às demais regiões produtoras de café do País (Bliska et al., 2009), uma vez que o custo médio do sistema adensado no Norte Novo foi de R$147,29 a saca e no Norte Velho R$172,34, valores são inferiores aos observados em outras regiões produtoras, principalmente se comparado com o Sul e Cerrado de Minas, Mogiana paulista, Alto Caparaó e Planalto e Oeste baianos.

Quadro 1. Custos operacionais totais de produção do café arábica nas principais regiões produtoras do Estado do Paraná (R$/ha e R$/saca de 60kg), safra 2006.



Quadro 2. Estrutura de custo de produção de café arábica (operações + insumos), em R$/sc e R$/ha*, nas principais regiões cafeeiras do Estado do Paraná, safra 2006.



Fonte: Dados da pesquisa.

FLÁVIA MARIA DE MELLO BLISKA

CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

Eng. Agr., MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico VI do IEA-APTA/SAA-SP

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