Com relação ao café robusta, o Estado de São Paulo não é um produtor tradicional e os valores dos custos de produção deste café na Alta Paulista, região Oeste, refletem a finalidade principal desta lavoura para o Estado: a produção de sementes para porta-enxerto, em mudas de arábica. Nessa região, utiliza-se a cultivar de robusta Apoatã IAC 2258, porta-enxerto com sistema radicular resistente aos nematóides Meloidogyne exígua e M. incognita, o que tem viabilizado a produção do café arábica na região. O volume de robusta destinado à indústria de torrefação e moagem e de solubilização não é significativo. Visto que a produção do café robusta em São Paulo é majoritariamente destinada à produção de sementes para produção de porta-enxerto, os resultados obtidos no estudo não devem ser utilizados como base de comparação com os custos do robusta produzido nos Estados do Espírito Santo, Rondônia e Bahia. Salienta-se, ainda, que o custo total de produção de café robusta no Estado de São Paulo, o menor custo de produção por saca de todo o Brasil, R$85,46, se refere a café não irrigado.
Quanto à estrutura de custo de produção do café (quadro 2), o menor percentual de gastos com a utilização de fertilizantes (formulados, elementos simples, micronutrientes e adubos orgânicos), em relação aos respectivos custos totais de produção, por saca beneficiada de 60kg, foi observado na cultura do café arábica, na região de Garça-Marília (12,5%). O maior percentual de gastos com nutrição foi observado na Alta Paulista (37,1%). Entretanto, apesar da diferença significativa com nutrição entre essas duas regiões, a produtividade média observada nos cafezais da Alta Paulista (20,5 sc/ha) ainda é inferior à média de Garça-Marília (22,0 sacas/ha). Um dos fatores que colaboram de forma significativa para esse resultado é a intensa degradação dos solos na região da Alta Paulista, com elevada infestação por nematóides.
A região de Garça-Marília foi a região produtora que apresentou maior percentual de gastos relacionados à fitossanidade da lavoura, em relação ao custo total por saca (44,9%). Este resultado provavelmente reflete a necessidade de controle de bicho-mineiro, muito comum na região, além do controle de ferrugem. Consequentemente, outros itens da estrutura de custo tornam-se relativamente inferiores aos das outras regiões, como o controle do mato (capinas químicas, mecânicas ou manuais), com o menor percentual de gastos por saca (2,65%).
Com relação à colheita do café arábica, o maior percentual de gastos foi observado na Mogiana (31,6%). Porém, com relação às atividades de preparo e beneficiamento do arábica não foram observadas diferenças significativas entre as regiões produtoras.
O item "Outros custos" inclui podas (recepa, esqueletamento, decote, condução, limpeza), transporte (produtos, insumos, terreiro, mão-de-obra), irrigação, energia, arruação, conservação de carreadores, análises de solo e utensílios (custeio e colheita).
Os resultados obtidos indicam que, de modo geral, as condições edafoclimáticas mais favoráveis à cultura, a maior utilização de tecnologia, o reconhecimento como região produtora de cafés de excelente qualidade de bebida e o menor custo de produção conferem à Mogiana maior vantagem comparativa em relação às demais regiões cafeicultoras do Estado.
Quadro 1. Custos operacionais totais de produção do café arábica e café robusta nas principais regiões produtoras do Estado de São Paulo (R$/ha e R$/saca de 60kg), safra 2006.
Fonte: Centro de Café 'Alcides Carvalho' - Instituto Agronômico / IAC.
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Quadro 2. Estrutura de custo de produção de café arábica e café robusta (operações + insumos), em R$/sc e R$/ha*, nas principais regiões cafeeiras do Estado de São Paulo, safra 2006.
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