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CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO
SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO
EM 17/12/2009
Amigo Ticoulat,
Agradecemos seus comentários, os quais sem dúvida tomamos como construtivos. Poderíamos, inclusive, tornar essas trocas de ideias mais frequentes.
Primeiramente, gostaríamos de reforçar a informação de que o levantamento se refe especificamente ao ano agrícola 2005/2006 (safra 2006). Apesar disso, sua publicação é interessante por permitir a comparação dos custos de produção entre as regiões cafeeiras, em uma mesma safra, utilizando-se da mesma metodologia, uma oportunidade excelente para avaliação de algumas das vantagens comparativas entre regiões cafeeiras, como explicamos no primeiro artigo dessa série sobre custos de produção que publicamos no CafePoint.
Em segundo lugar, gostaríamos de descrever de forma sintética a metodologia utilizada no levantamento de dados, para que outros leitores possam entender a questão da amostragem utilizada no estudo (motivo pelo qual colocamos por extenso os nomes referentes a algumas siglas que certamente são de seu conhecimento), o que contribui para as diferenças de produtividade observadas em seus comentários.
O levantamento via aplicação de um questionário estruturado, desenvolvido em parceria com técnicos do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e da Embrapa Café (Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café - CBP&D/Café). Procurou-se compatibilizar os diferentes modelos de levantamento de custos de produção utilizados pelas cooperativas de café, universidades, consultores do setor, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e, principalmente, os tradicionais levantamentos de custo de produção desenvolvidos pelo Instituto de Economia Agrícola.
O questionário foi estruturado em duas partes principais. A primeira parte procurou identificar as principais características da região de atuação de cada um dos informantes entrevistados: cooperativa, associação e outros agentes da cadeia produtiva, além de extensionistas rurais, pesquisadores e consultores. Tais informações foram importantes na interpretação dos resultados, ao indicarem as possíveis razões para as discrepâncias observadas entre os custos de produção de café nas diferentes regiões produtoras (publicado em BLISKA et al. Informações econômicas, SP, v.39, n.9, set.2009).
A segunda parte do questionário avaliou as operações de produção realizadas em cada região (insumos e materiais consumidos, máquinas e implementos agrícolas utilizados no ano agrícola, preços dos insumos, máquinas, implementos e salários praticados nas respectivas regiões).
Os levantamentos contaram com a colaboração de diversas Instituições de Pesquisa e/ou de Assistência Técnica e Extensão Rural dos estados analisados, além de Cooperativas, Associações de Produtores e consultores do setor. A aplicação dos questionários foi realizada com o auxílio da Embrapa (Rondônia, Cerrado e Zona da Mata de Minas Gerais, Oeste da Bahia e Espírito Santo), do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER) (Espírito Santo) e do Departamento de Economia Rural (DERAL), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. Em algumas regiões, como no vale do Jequitinhonha e Oeste da Bahia, recorreu-se a especialistas e consultores que fornecem assistência técnica às propriedades da região ou técnicos dos órgãos estaduais de assistência técnica e extensão rural. Também, contou-se com o auxílio de Associações de produtores, como em Rondônia e com produtores individuais ou empresas, como no Vale do Jequitinhonha, Oeste da Bahia e Zona da Mata.
Os questionários foram aplicados in loco, e na maioria dos casos em reuniões com a participação de mais de um representante local ou regional. Como os entrevistados selecionados para a realização das entrevistas são tidos como informantes-chave em suas respectivas regiões, os custos médios de produção, assim como os coeficientes técnicos médios de produção, para cada uma das regiões produtoras e tipo de café (arábica ou robusta) foram calculados utilizando-se a média aritmética dos dados obtidos por meio dos questionários aplicados em cada região produtora.
No Oeste da Bahia os seis questionários que compuseram a amostra foram preenchidos com base em informações obtidas in loco, com os seguintes informantes (não necessariamente na mesma ordem dos dados apresentados no artigo publicado, pois temos o compromisso de não divulgar os nomes de pessoas e empresas entrevistadas): 1) Representantes da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S. A.); 2) Representantes da AIBA (Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia); 3) Empresa de grande porte; 4) Produtor de grande porte; 5) Consultor com grande atuação na região que também é produtor (médio porte); 6) Consultor com grande atuação na região. Com relação ao porte das propriedades, consideramos em função dos resultados da primeira parte do questionário, que o pequeno produtor nessa região tem em média 100ha (área irrigável com utilização de um pivot).
Na região do Planalto da Conquista a amostra foi formada da seguinte forma: 1) Produtor e representante da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia); 2) Representantes da EBDA; 3) Consultor atuante na região, que também é produtor (médio porte); 4) Média de quatro questionários aplicados na região de Barra do Choça, representando os pequenos produtores da região.
Para a região Sul (café robusta) foi aplicado apenas um questionário, respondido por um consultor de grande atuação tanto nessa região como no Estado do Espírito Santo.
Recentemente disponibilizamos a alguns produtores o formulário utilizado para o levantamento de custos e outros detalhes metodológicos. Em janeiro próximo esse material será publicado, o que permitirá que cada produtor obtenha seu próprio custo, utilizando a mesma metodologia, porém adequando os coeficientes à realidade de sua propriedade.
Por fim, ressaltamos que o estudo não pretende esgotar o assunto, mas ao contrário induzir que um maior número de cafeicultores tenha no cálculo da estimativa do custo de produção uma ferramenta de gerenciamento que os permitam alcançar maior eficiência econômica e competitividade para seu negócio.
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