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Análise de balanços em cooperativas

POR BRÍCIO DOS SANTOS REIS

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 22/11/2006

5 MIN DE LEITURA

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As demonstrações contábeis divulgadas pelas cooperativas podem trazer informações de extrema relevância para avaliação da saúde econômico-financeira dessas instituições. Ressalta-se a expressão "podem trazer", pois, muitas vezes, a prática contábil é encarada, única e exclusivamente, como uma necessidade imposta pela legislação fiscal de apuração e pagamento dos inúmeros tributos que sobrecarregam as empresas brasileiras.

Infelizmente, como já comentado em artigo anterior, essa visão acerca do processo de escrituração das operações persiste em diversos empreendimentos. Porém, a sistematização das informações contábeis vai muito além do simples atendimento às exigências legais, constituindo importante fonte de informações para subsidiar as decisões administrativas em diversos níveis e, ademais, permitindo a agentes externos (fornecedores, instituições financeiras, clientes, etc.) que verifiquem a real situação da organização com a qual pretendem manter relações comerciais ou de qualquer outra natureza.

No caso dos associados de uma cooperativa, efetivos ou potenciais, as demonstrações contábeis devem propiciar condições adequadas para avaliação de suas reais condições econômico-financeiras. Nesse sentido, esse artigo procura apresentar algumas formas de extrair dessas demonstrações dados elucidativos sobre sua estrutura patrimonial e de resultados.

Para tanto, será explicitada a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) de uma cooperativa de processamento de café que não terá seu nome divulgado, embora essa peça contábil tenha sido tornada pública em seu Relatório de Gestão.

Partir-se-á do pressuposto de que essa demonstração representa, fidedignamente, a real estrutura de resultados da organização, ou seja, de que não foi elaborada, simplesmente, para cumprimento das exigências fiscais.

A figura 1 traz a DRE da cooperativa em questão e envolve os anos de 2001 a 2005. Cabe ressaltar que os valores descritos já foram deflacionados com base no IGP-M do período. A análise de balanços exige que, para efeitos de comparação entre demonstrações de anos diferentes, o efeito inflacionário seja eliminado dos dados apresentados e, consequentemente, as técnicas de avaliação sejam aplicadas a valores de uma mesma data, normalmente, a do último ano da amostra.


Figura 1 - Demonstração de Resultado do Exercício - de 2001 a 2005 (clique aqui para aumentar a imagem.)

Outro ajuste relevante para a análise refere-se à modificação da classificação do Resultado financeiro. Enquanto a contabilidade registra essa diferença entre despesas e receitas financeiras como operacional, a análise de balanços requer que o mesmo seja reclassificado como não-operacional, isto é, seja considerado como gasto/rendimento não relacionado diretamente ao negócio principal do empreendimento.

Isso se dá em virtude da necessidade de apuração de um resultado operacional que reflita, efetivamente, a rentabilidade da principal "razão de ser" da cooperativa. Em outras palavras, resultado apurado sem levar em consideração possíveis ganhos e/ou despesas no mercado financeiro, gastos em função de atrasos nos pagamentos de contas, juros recebidos de clientes que atrasam a liquidação de duplicatas, entre outras operações não corriqueiras e de difícil previsão.

Analisando os valores de forma bruta, algumas conclusões podem ser tiradas, como o crescimento expressivo dos custos no último ano, passando de, aproximadamente, de R$ 34,4 milhões em 2004 para algo em torno de R$ 49,6 milhões em 2005. Esse crescimento foi acompanhado de elevação, também substancial, nas receitas obtidas com a venda de produtos e serviços, que saltarem de um patamar de R$ 39,6 milhões para R$ 55,1 milhões no mesmo intervalo de tempo. Contudo, como a relação entre essas grandezas se comportou no período?

A resposta a essa e muitas outras questões só podem ser obtidas a partir do momento em que algumas técnicas de análise de demonstrações financeiras são implementadas. A primeira delas, a análise vertical, procura, exatamente, correlacionar os valores monetários apresentados na DRE a uma base previamente definida.

A figura 2 explicita esses cálculos. Tomando como valor de referência a Receita Bruta, todos os principais componentes da DRE são transformados em coeficientes, ou seja, em percentuais dessa receita originada com a venda de mercadorias, produtos e serviços.


Figura 2 - Análise Vertical da DRE - período de 2001 a 2005.

Assim, percebe-se que o custo, mesmo tendo sofrido significativo incremento em termos monetários no ano de 2005, apresentou o menor coeficiente em todo o período analisado. Em outras palavras, enquanto em 2003 esse custo chegou a representar 89,6% da receita obtida, seu valor baixou para 86,8% em 2004 e para 85,1% em 2005.

O que pode estar por trás dessa redução relativa de custos? O aprofundamento da análise e a conseqüente resposta a essa pergunta dependem, é claro, de informações qualitativas que, muitas vezes, não são explicitadas pelos Relatórios de Gestão.

Talvez a cooperativa em estudo tenha alcançado maior eficiência em seu processo produtivo, o que configuraria fator positivo para seu desenvolvimento. Por outro lado, essa redução de custos poderia ser resultado de menores preços pagos aos cooperados que entregaram seus produtos para industrialização, indicando, porventura, que a instituição tomou medidas que não estariam em consonância com seus objetivos sociais.

A despeito da redução relativa nos custos, a cooperativa, como pode ser comprovado pela análise dos indicadores descritos na Figura 2, obteve seu segundo pior coeficiente de Resultado Operacional no último ano. Enquanto no período de 2001 a 2003, esse coeficiente sempre foi superior a 1,7% da Receita Bruta, em 2004 e 2005 chegou a 1,09% e 1,3%, respectivamente.

Isso indica que o ganho obtido em termos de redução de custos, seja com prejuízos aos cooperados ou não, foi superado pelo aumento considerável das Deduções, uma vez que as Despesas Operacionais mantiveram sua tendência oscilatória irregular e fecharam o período de análise em torno de 2,5% da Receita Bruta, percentual inferior aos verificados nos anos de 2001 e 2003.

Como essas Deduções envolvem devoluções de produtos/mercadorias por parte de clientes e, em sua maior parte, tributos incidentes sobre faturamento, seria interessante que a cooperativa estudasse a possibilidade de investir na contratação de especialistas da área tributária para que fosse realizado um programa de planejamento fiscal. Cabe ressaltar que enquanto as receitas cresceram 42,06% em termos reais de 2001 para 2005, a carga tributária sobre o faturamento sofreu acréscimo de 106,76% no mesmo período.

Em suma, essas são algumas informações que podem ser extraídas das Demonstrações Contábeis explicitadas em Relatórios de Gestão e apreciadas em Assembléia Geral Ordinária de cooperativas.

No próximo artigo, outras técnicas serão aplicadas aos dados do mesmo exemplo descrito anteriormente, com acréscimo das informações contidas no Balanço Patrimonial da cooperativa em questão, para que, além do que já foi avaliado, outras informações possam complementar o processo de análise de balanços e, consequentemente, subsidiar os tomadores de decisão e todos os demais interessados na saúde econômico-financeira da cooperativa, inclusive seus associados.

BRÍCIO DOS SANTOS REIS

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ELBIA BARRETO MARQUES

BAGÉ - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 21/06/2013

Conteúdos de qualidade. Parabéns!
AGUINALDO DE RESENDE TOLEDO

VARGINHA - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 14/04/2013

Muito bem. Faz tempo q. não comento nada neste espaço, q. aproveito para parabenizar os responsaveis pela iniciativa e finalização  de um canal fácil e de comunicação simples e honesta.

Faz 35 anos q.estou convivendo com café.

Comecei lá pelos idos de 1980, ingrecendo no extinto IBC , minha segunda  escola de agronomia e grandes mestres.

Hoje, completamente fora daquilo em que fui formado, pois, no Mapa, atuo em laboratório, analizando fetilizantes e afins, no âmbito de fiscalizão Federal, completamente fora de minha formação profissional, Porém, sempre estudando, analizando a situação atual do café e suas complicações, como produtor, ainda q. pequeno, trago na minha alma  a chama ainda que quase pequena o amor por esta cultura, q. na sua essência nada tem ou culpa pela situação em termos de negócio e os prejuizos que dela possam vir de seu cultivo.

Meus amigos, vcs devem estar perguntando o q. isso tem a ver .

Nada. Apenas a despeito de tantas falas do agronegócio, preços, safras, estimativas, enfim, uma grandeza de argumentos, mtos c/ argumentos razoáveis outros completamente s/ nenhum significado , nem técnico , mto menos estratégicos s/ logística nenhuma e sempre , como sempre, acreditando no governo.

Sou cafeicultor, sou agrônomo, trabalhei 30 anos com café, direta e indiretamente.

Infelizmente não consigo ver um futuro p/ café. Estamos, todos , na famosa "torre de babel', entanda q. já ouviu falar.

Deus nos ajude.
FELLIPE SILVA MARTINS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 11/04/2013

Muito bom, vocês teriam algum artigo científico, dissertação ou tese publicados no assunto?
MARIA ANGELA GONZAGA DE JESUS

GOIÂNIA - GOIÁS - PESQUISA/ENSINO

EM 18/02/2009

Excelente artigo - parabenizo o autor - afinal de contas há pouco referencial teórico nessa área. Certamente, será um ponto de referencia para pesquisa.

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