O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de varias doses elevadas de gesso, cobrindo o solo junto á linha de cafeeiros, no pós plantio, na fase de formação e produção do cafeeiro.
Foi conduzido um ensaio na Fazenda Experimental da Fundação Procafé/Capebe em Boa Esperança-MG, no período 2007-10, sobre solo do tipo latossolo vermelho, textura argilosa, estrutura granular e baixa fertilidade (ver análise química inicial na tabela 1), O experimento foi delineado em blocos ao acaso, com 7 tratamentos e 3 repetições, com parcela de 7 plantas, sendo as 5 centrais úteis.
Os tratamentos constaram de doses de gesso, as quais foram aplicadas em cobertura, em uma faixa de um metro de largura (0,5 m de cada lado da linha de cafeeiros) em uma lavoura da cultivar Catuaí Amarelo IAC 62, com 6 meses de campo, com espaçamento de 3,5 x 0,7 m. Os tratos, as adubações e demais correções nutricionais foram aplicadas de forma semelhante para todo o ensaio, observando-se as recomendações usuais e os resultados das análises de solo e folhas, efetuadas para acompanhamento. Foram feitas correções iniciais, com 200 g de sulfato de magnésio, semelhantes em todos os tratamentos, a fim de reduzir o efeito competitivo do cálcio no solo. Nos anos seguintes, as correções foram feitas com óxido de magnésio na dose de 1 tonelada por hectare. Os tratamentos ensaiados foram: 1) Testemunha sem gesso 2) 1,5 Kg de gesso por metro (= 4,3 t /ha) 3) 3 Kg de gesso por metro (8,6 t /ha) 4) 4,5 Kg de gesso por metro (12,9 t /ha), 5) 6 Kg de gesso por metro (17,1 t / ha) 6) 7,5 Kg de gesso por metro (21,4 t /ha) 7) 9 Kg de gesso por metro (25,7 t /ha).
As avaliações do ensaio constaram do acompanhamento por análises do solo e foliar e pela produção nas primeiras safras, em 2009 e 2010.
Tabela 1. Níveis de fertilidade inicial do solo (nov/06) na área do ensaio de gesso, em 2 profundidades, determinados pela análise química, Boa Esperança MG.
Resultados e conclusões
Os resultados de análise de solo, de folhas e a produtividade dos cafeeiros no ensaio estão colocados nas tabelas 2 a 4.
Com relação aos dados de análise de folhas (Tabela 2), os níveis de cálcio foram inferiores na testemunha e nos tratamentos com as menores doses de gesso (4,3 e 8,6 t /ha). Porem, mesmo nesses tratamentos com menores níveis de Ca, os teores ficaram acima dos níveis considerados limiares para a cultura cafeeira. O magnésio diferiu estatisticamente somente da testemunha em relação aos demais tratamentos; mas mesmo a testemunha, embora superior em Mg, mostrou níveis na escala nutricional abaixo do limiar para a cultura. O enxofre apresentou níveis foliares superiores a partir de 17 t/ha.
Tabela 2. Resultados de análise de folhas, aos 36 meses de campo, em cafeeiros sob diferentes doses de gesso como irrigação branca, Boa Esperança-MG, maio 2010
(Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Skott-Knot a 5%)
Nas análises de solo (Tabela 3), na profundidade de 0 a 20 cm, os níveis de cálcio foram inferiores somente na testemunha e na profundidade de 20 a 40 e 40 a 60 os níveis desse nutriente foram superiores somente na maior dose de gesso. O magnésio na camada de 0 a 20 foi superior somente na testemunha, mas mesmo assim esses níveis ainda estão muito abaixo do considerado ideal para o cafeeiro, isso comprova os sérios desequilíbrios causados pelas altas doses de gesso. O fósforo apresentou níveis crescentes com o aumento da dose de gesso, o que pode ser explicado pelo provável resíduo (cerca de 0,5%) do elemento que sobra na fabricação do adubo fosfatado(SFS).
Com relaç��o à produtividade (Tabela 4), não foi observada diferença entre tratamentos, não mostrando, portanto, efeito favorável das doses de gesso.
Nessa primeira etapa do trabalho, na fase de formação e primeiras produções dos cafeeiros, pode-se concluir, para as condições do ensaio, que:
- A aplicação de altas doses de gesso, ou a irrigação branca, não favoreceu o desenvolvimento e produtividade do cafeeiro, ao contrário, mostra desequilíbrios de nutrientes no solo, com prováveis problemas futuros.
Tabela 3. Resultados de análise de solo nas camadas de 0 a 20, de 20 a 40 e de 40 a 60 cm, aos 36 meses de campo em cafeeiros sob diferentes doses de gesso como irrigação branca, Boa Esperança-MG, maio 2010
Tabela 4: Produtividade média, em sacas/ha, na safra de 2010, dos tratamentos submetidos a diferentes doses elevadas de gesso, Boa Esperança-2010