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Agregando valor às commodities agrícolas

POR LUÍS FERNANDO SOARES ZUIN

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 18/06/2007

3 MIN DE LEITURA

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Projeções realizadas para os próximos 15 anos para os produtos agropecuários brasileiros indicam uma concentração cada vez maior da produção de commodities, ofertando para o mercado externo matéria-prima, de boa qualidade e em quantidades crescentes, porém, com pouco valor agregado.

Entretanto, quando se observa as tendências para os países pertencentes à Comunidade Econômica Européia e Estados Unidos da América nota-se a intensificação da produção de produtos do tipo bens especiais agroalimentares, como por exemplo, alimentos certificados, funcionais, enriquecidos, nutraceuticos, que podem ser processados no ambiente da empresa rural. Esses produtos possuem um alto valor agregado.

O modelo exportador de produtos agrícolas brasileiros encontra-se hoje em um processo de mudanças estruturais, atualmente tímidas, porém com tendências marcantes para os próximos anos. Essas mudanças decorrem de um novo cenário internacional, o qual é caracterizado por uma saturação do mercado dos produtos classificados como commodities, refletindo em toda a sua cadeia produtiva, uma queda de renda, proporcionada por margens de lucro cada vez menores por unidade de produto, em conseqüências aos baixos preços propostos pelo mercado.

Uma alternativa para os agricultores em relação à produção de commodities seria a diversificação de suas mercadorias, pois flexibilizando seus processos produtivos o empresário rural atenderia com maior eficiência a fragmentação da demanda, cada vez mais crescente para produtos diferenciados. O empresário rural, em alternativa ao cultivo de commodities, pode adotar as atividades de processar e/ou certificar suas matérias-primas em sua propriedade. Esse tipo de produto recebe o nome de Bens Especiais Agroalimentares (BEAs).

Os BEAs são aqueles que sofrem algum tipo de processo de transformação (minimamente ou totalmente processados) ou que podem receber algum tipo de certificação (orgânicos, de origem controlada, produtos tradicionais, responsabilidade social e ambiental, entre outras) em suas unidades produtoras.

Geralmente são produtos mais sofisticados quando comparados com os do tipo commodities, pois o preço pago por eles não é regulado de forma tão intensa pelo mercado, tendo o empresário rural certa liberdade de cobrar um valor justo para os seus produtos. Um exemplo de produtos alimentícios que podem ser desenvolvidos na empresa rural são as frutas ou legumes minimamente processados e higienizados, ou mais sofisticados como vinho, cachaça, palmito, salames e queijos (produtos processados, embalados e prontos para o consumo).

A manufatura e/ou certificação dos produtos commodities tem como finalidade garantir e desenvolver novos padrões de qualidade, o que resulta na satisfação dos consumidores e, acima de tudo, na redução dos custos de produção e impactos ambientais, propiciando assim, a sua sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo.

Portanto, o emprego de um modelo de Processo de Desenvolvimento de Produto para o ambiente rural (PDP rural) torna-se essencial. As dimensões da gestão que o empresário rural deverá adotar estão relacionadas ao planejamento estratégico da produção, ao controle de materiais e distribuição, qualidade, desenvolvimento de produto, custos de produção, ambientais, entre outros.

Esse modelo possui o propósito de sistematizar e organizar todas as atividades e tarefas realizadas no desenvolvimento de novos produtos alimentícios. Observa-se que essa estratégia produtiva mesmo não formalizada está sendo adotada por vários empresários rurais em suas propriedades, dos mais diversos segmentos agropecuários.

Um dos aspectos relevantes do PDP rural é a quebra de alguns paradigmas gerenciais existentes no ambiente agrário, como a mudança dos atuais sistemas de produção de produtos commodities pelos BEAs. Os produtos do tipo BEAs empregam, por exemplo, mais dimensões da gestão que os commodities como: gestão da qualidade, dos custos de produção, cadeia de suprimentos, processo de desenvolvimento de produtos, entre outros. Geralmente os produtos commodities empregam fortemente apenas duas dimensões gerenciais: a gestão dos custos de produção e logística.

Outra quebra de paradigma está relacionada à proximidade comercial da empresa rural com o consumidor, pois na produção de commodities há pouca ou nenhuma comunicação entre esses dois agentes da cadeia produtiva. Para esse tipo de empresário o mercado consumidor se encontra muito distante. Entretanto, umas das atividades do modelo PDP rural é justamente o constante monitoramento do mercado consumidor, propiciando o desenvolvimento de um produto que satisfaça as necessidades dos consumidores, obedecendo sempre a rígidos padrões de qualidade.

Nós próximos artigos iremos apresentar como essas demissões da administração são empregadas na empresa rural para a produção de BEAs.

LUÍS FERNANDO SOARES ZUIN

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JOSE EDUARDO DA SILVA

JANAÚBA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/11/2007

Os produtores querem que acabe com os subsídios na Europa e América. Quer maior subsidio do que o Brasil faz para eles, produzir produtos da mais alta qualidade e vender barato,i sso é que eu chamo de subsidio. Além de vender barato, vende produto primário. Temos de vender produtos acabados com isto as fabricas ficam no Brasil e agregam maior valor.

Não agüento ouvir falar que a maior torrefadora de cafe é a Alemanha, que não produz nem um kg de café, pode um negócio deste. Isto é que temos de tomar a frente e começar a gritar. Pode exportar soja grão, milho, boi em pé, etc.

Temos de levantar esta bandeira pois nossos bisnetos serão escravos deles eternamente, quando os mesmo condenam os serviços escravos no Brasil.
BRUNO DA SILVA PIMENTA

CURITIBA - PARANÁ - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 23/07/2007

Essa é uma questão estremamente pertinente ao cenário atual. Espero que isso seja mais discutido no futuro.
NEI ANTONIO KUKLA

UNIÃO DA VITÓRIA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/07/2007

A questão de produzir com qualidade, como bem coloca o autor, não é uma questão de diferencial e sim uma necessidade apontada pelos clientes.

Todavia, a agregação de valor aos produtos ofertados, essa sim seria um importante diferencial competitivo, indo muito mais além de fornecer um produto pré-pronto ou embalado por exemplo, mas fazer o atendimento pós-venda, cuidar da sua distribuição, de sua substituição se necessário.

Tais procedimentos para a empresa que assim o fizer estará não atendendo às necessidades de sua clientela, mas sim surpreendendo seus clientes.
LISSANDRO STEFANELLO MIOSO

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/06/2007

Boa tarde, dr. Luis Fernando.

Gostaria de saber se podemos adotar BEAs em uma empresa rural produtora de leite, como qualidade 100% da ordenha à entrega, com todos os cuidados, como implantação de BPF na ordenha e todos os requisitos de bem estar animal? Assim como procedimentos padrão de higiene simulando PPHO.

Atenciosamente,
Lissandro

<b>Resposta do autor:</b>

Bom dia Lissandro,

Claro que podemos pensar em BEAs para o leite, como por exemplo, queijos, ricotas, leite embalado, lácteos em geral, com ou sem algum selo. Você diz que na sua empresa é muito preocupada com a adoção de ferramentas de garantia de qualidade como BPF.

Isso é muito bom, eu sempre digo em minhas aulas que atualmente ou você possui qualidade ou então não está no mercado. Atualmente, qualidade não é mais diferencial do produto ou serviço como no início da década de 1980, ela é obrigatória. Isso é muito fácil de visualizar, quando "estoura" um foco de aftosa no Sul do Pará, imediatamente a cadeia produtiva da carne bovina para exportação para, em todo território nacional.

O recado desses mercados é muito simples "nós queremos uma carne sem aftosa, se vocês não a possuem, vamos comprar de outros". Esse tipo de barreira é definido como não-tarifária.

Mas quanto à sua pergunta, desenvolver produtos lácteos dentro da empresa rural não é tão simples assim, deve haver estudos tanto para a área técnica como a de gestão. As atividades que permeiam esse processo serão discutidas em outros artigos. Como por exemplo, a definição dos objetivos da vossa empresa rural, isto é, que tipo de produto iremos produzir? BEAs ou commodities? Temos mercado consumidor perto e atrativo? Temos um canal de escoamento dos produtos? Temos fornecedores próximos e "parceiros"? Entre outras perguntas

Abraço
Zuin

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