Na América Pré-Colombiana, a capacidade fertilizante de diversos materiais era também utilizada e a agricultura, dos povos mais avançados, muito desenvolvida. Exemplo disso são os terraços Incas e as ilhas artificiais flutuantes dos Astecas, que utilizavam o lodo do fundo dos lagos como adubo. Dessa forma, é correto afirmar que o homem sempre utilizou adubos orgânicos em suas lavouras, desde os primórdios da agricultura.
Mas por que, nos dias atuais, utilizam-se mais adubos minerais (uréia, superfosfato simples, cloreto de potássio, etc.) do que adubos orgânicos (estercos, palhas, compostos, etc.)?
Simples, porque a população mundial aumentou muito mais do que o volume de adubos orgânicos disponíveis para elevar a produção das lavouras na mesma magnitude.
O Índio Americano sabia que, enterrando um peixe sob a planta de milho, a produção aumentava. Porém, o número de plantas era bem maior que o número de peixes, revelando o maior problema da adubação orgânica até os dias de hoje: baixa concentração de nutrientes nestes materiais, acarretando a necessidade de grande volume de adubos orgânicos para a nutrição adequada das lavouras.
No quadro abaixo são mostradas as concentrações de nutrientes em alguns adubos minerais e orgânicos, bem como o número de kg dos adubos orgânicos equivalentes a uma saca (50 kg) de determinado adubo mineral.
Os resultados desse quadro muitas vezes chegam a impressionar. De quanto seria o gasto com o transporte desses adubos orgânicos até a lavoura e quanto esforço seria necessário para aplicar essas quantidades de adubo orgânico em lavouras de café plantadas em regiões com elevada declividade? Cada produtor deve responder conforme suas condições locais e decidir por si próprio.
É importante ressaltar que as concentrações de N, P e K são diferentes em um mesmo adubo orgânico. Uma aplicação de 700 kg de composto orgânico pode ser equivalente a uma saca de 50 kg de superfosfato triplo, mas esse mesmo adubo apresenta baixa concentração de N. Assim, mesmo com aplicações maciças, alguns macronutrientes podem ficar abaixo do nível de exigência do cafeeiro.
É também necessário distinguir entre adubo orgânico produzido no local, onde a única adição para o reservatório solo é o nitrogênio fixado por leguminosas, caso do feijão-de-porco, e adubo orgânico produzido em outro lugar, que traz um ganho líquido de nutrientes.
Os adubos orgânicos aplicados em menores quantidades, por outro lado, apresentam níveis adequados da maioria dos micronutrientes (Zn, Cu, B, Mn, etc.), uma vez que o cafeeiro necessita desses elementos em pequenas quantidades. Portanto, quem aplica adubos orgânicos em sua lavoura, raramente terá problemas relacionados à deficiência desses nutrientes.
Os adubos orgânicos são, ainda, extremamente necessários para melhorar a estrutura do solo, tornando-o mais poroso, com maior capacidade de reter nutrientes e água, reduzindo os problemas causados por manejos inadequados. A melhoria nessas características do solo certamente irá se refletir em aumento de produção.
Existem correntes ideológicas que pregam a utilização quase exclusiva de apenas um dos dois tipos de adubo (mineral ou orgânico). No entanto, como o produtor bem sabe, qualquer extremismo tende a mostrar seus erros com o passar do tempo.
Um dado Europeu mostra que a lixiviação de nitrogênio, e a adição deste nos corpos d'água, é significativamente maior com o uso de estercos e chorume em elevadas quantidades do que com a aplicação correta de fertilizantes minerais.
Conclusão
Considerando o exposto, pode-se afirmar, apenas, que adubo mineral não é veneno e que adubo orgânico não deve ser utilizado somente por ecologistas.
A utilização conjunta, mas não na mesma formulação, dos dois tipos de adubo, visando-se aproveitar ao máximo os benefícios que cada um deles pode fornecer, parece ser a forma mais racional de adubação, deixando os extremismos para aqueles que não sentem no próprio bolso o peso de decisões equivocadas.