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Adubação nitrogenada no Oeste baiano

VÁRIOS AUTORES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 19/03/2010

5 MIN DE LEITURA

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O cultivo do cafeeiro avança para regiões não tradicionais, como o Oeste do Estado da Bahia, ambiente com relevo plano e facilmente mecanizável, onde se pratica uma cafeicultura altamente tecnificada, com uso da fertirrigação. Nesta região o cafeeiro apresenta elevada taxa de crescimento vegetativo e produtividade média de 50 sacas/ha/ano, em razão da maior quantidade de horas-luz, devido à menor nebulosidade e temperatura média da ordem de 20ºC no outono-inverno.

O nitrogênio (N) é o nutriente requerido em maior quantidade pelo cafeeiro e tem relação direta com a produtividade, pela função estrutural, crescimento celular e dos órgãos como os frutos.

Nas regiões cafeeiras tradicionais, a recomendação de nitrogênio varia entre 150 e 450 kg/ha, de acordo com as condições da lavoura e expectativa de produção. No Oeste baiano são aplicadas doses de até 600 a 800 kg/ha/ano de N. O suprimento adequado de N acelera o desenvolvimento da planta, especialmente pelo aumento do número de pares de folhas e ramos plagiotrópicos por planta, número de nós por ramos e flores por nós, relacionados diretamente com a produtividade do cafeeiro. O nitrogênio é considerado, depois da deficiência hídrica, o principal fator que regula o crescimento das plantas.

Embora o nitrogênio esteja presente em grande quantidade no solo, somente 2 a 3% está disponível às plantas. Além disso, parte pode ser perdida por lixiviação, volatilização, desnitrificação e exportação pela colheita dos frutos. Dos aspectos que podem afetar o aproveitamento do N pelas plantas cabe mencionar a disponibilidade de água, pH, fertilidade e tipo de solo, bem como a presença de alumínio e organismos do solo, entre outros fatores.

Várias fontes de N são utilizadas para suprir a necessidade do cafeeiro, entretanto a mais comum é a ureia, em razão do seu baixo custo. No entanto, sua utilização implica, quase sempre, em perdas por volatilização na forma de N amoniacal, processo intenso quando aplicada na superfície, como se faz rotineiramente nas adubações dos cafezais. Quando aplicada em ambiente úmido e em superfície, a uréia reage com a água e forma gás amônia que se perde por volatilização, como indicado a seguir:



Quando incorporado ou aplicado sobre superfície seca e molhado posteriormente pela chuva ou irrigação, ou ainda em fertirrigação, há formação de NH4+, esquematizado a seguir:



O NH4+ formado pode ser absorvido pelas plantas ou convertido para NO2- (nitrito) e NO3- (nitrato) por meio da nitrificação.

A maioria das plantas absorve o N, preferencialmente, na forma de nitrato (NO3-), comumente disponível às plantas em solos com pH superior a 5,5. Qualquer forma química de N presentes ou adicionadas pela adubação em solos com pH próximo da neutralidade é transformada em nitrato pela ação das bactérias nitrificadoras. A absorção da forma amoniacal reduz o pH da rizosfera, devido à liberação de H+, fato que pode influenciar a disponibilidade e a absorção de alguns nutrientes, principalmente os micronutrientes. É importante enfatizar que, por se tratar de um processo oxidativo, a nitrificação requer oxigênio (O2) no solo, por isso é mais intensa em solos aerados.

Ao ser absorvido pelas raízes o N (nitrato - NO3-; amônio - NH4+) precisa ser assimilado pela planta em compostos orgânicos. Essa assimilação se dá através de processos enzimáticos que convertem o nitrato em amônio e este em aminoácidos e proteínas que compõem as células e participam de diversas reações nas plantas. Além disso, são requeridos para o crescimento dos órgãos, como folhas e frutos. Estes processos dependem da disponibilidade de N, da luminosidade, da temperatura atmosférica e umidade do solo, entre outros fatores.



O ciclo anual de reprodução do cafeeiro é constituído de 5 fases fenológicas: (i) florescimento ou antese, (ii) frutos chumbinho, (iii) frutos em expansão rápida, (iv) granação e (v) maturação. Nestas fases, há grande variação na absorção e na capacidade de assimilação do N pela planta.

Em experimento realizado no Oeste baiano, no município de Luis Eduardo Magalhães em cafeeiro fertirrigado, com fornecimento quinzenal de N, verificou-se variação na concentração de nitrogênio foliar nas diferentes fases fenológicas do cafeeiro, com resposta a adubação de, aproximadamente, 600 kg/ha de N (Neto, 2009).

Neste experimento, no início das aplicações de N (agosto de 2008), a planta apresentava a menor concentração de N (Figura 1). Tal fato pode ocorrer devido a remobilização de compostos nitrogenados para os frutos colhidos na safra anterior e indica a necessidade do nitrogênio ser fornecido no período anterior a antese para o desenvolvimento das flores. Durante a antese a concentração foliar desse nutriente aumentou, o que se deu pela adubação e pela ocorrência de elevadas temperaturas e disponibilidade de água (irrigação e início das chuvas), processos que propiciam a mineralização do N. A aceitação de que parte do N presente na planta nesta fase (antese) seja proveniente da mineralização de compostos presentes no solo pode ser comprovada pelo aumento da concentração de N, mesmo quando não foi aplicado o nutriente (N). Outra explicação para a quantidade de N na antese pode ser conseqüência da redistribuição de compostos nitrogenados de outros órgãos, como raízes, caule e ramos para os órgãos que estão em crescimento. Nesta fase observou a máxima concentração de N foliar, independentemente da dose de N aplicada.



Após a aplicação de N, pode-se verificar um aumento na concentração foliar de nitrato e um pico da atividade da enzima redutase do nitrato, que metaboliza o nitrato absorvido pela planta, aos 20 dias após a aplicação. Posteriormente há redução na concentração de nitrato e aumento na concentração de amônio, o que indica que o nitrato está sendo convertido em amônio e será transformado em compostos orgânicos utilizados pelas plantas.

A partir da fase de fruto chumbinho reduziu a concentração foliar de N, em conseqüência da translocação do nutriente para os frutos nos estádios seguintes até o início da granação, devido à intensa demanda por nutrientes para o desenvolvimento dos frutos. O maior requerimento de N por ocasião da formação dos grãos é explicado pela sua função como constituinte de aminoácidos e proteínas. Essa redução na concentração foliar de N, mesmo com a aplicação quinzenal do nutriente, se deve a elevada produtividade, a qual variou entre 40 (sem N) e 70 sacas/ha (600 kg/ha de N). A partir do período final da granação até a maturação houve aumento da concentração foliar de N devido à redução da demanda por compostos nitrogenados pelos frutos, que na maturação não é mais dreno intenso de N (Neto, 2009).

Conclui-se que o início do fornecimento de nitrogênio às plantas deve ser realizado no período anterior a floração, já que a maior demanda por N acontece entre a floração e o início da granação.

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JOSÉ LAÉRCIO FAVARIN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 26/03/2010

Prezado Professor Rena,

Primeiramente, quero dizer que é um prazer trocar informações com o Mestre.
Informamos que mais detalhes da referida pesquisa podem ser obtidos na Dissertação (disponível: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11136/tde-18022010-140953/).
No presente experimento a produtividade máxima seria obtida pela aplicação de 595 kg ha-1 de N, assim como não houve diferença significativa de produtividade para as doses de 400, 600 e 800 kg ha-1.
O que motivou esta e outra pesquisa com N marcado, que está sendo finalizada foi o fato de serem aplicadas doses elevadas de N no Oeste baiano. Portanto não houve intenção de sugerir que os cafeicultores de outras regiões façam uso de dose elevada.
Escrevemos o artigo para relatar os dados obtidos, especificamente para o Oeste baiano, indicado no próprio título do artigo.
Permanecemos a disposição para outros esclarecimentos que se fizer necessário.

Abraços, Favarin, Ana e Tiago.
JOSÉ LAÉRCIO FAVARIN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 26/03/2010

Prezado André Guarçoni M.,

Primeiramente, gostaríamos de agradecer a sua participação, pois com as suas dúvidas, possivelmente, esclareceremos as de outros leitores.

Realmente são grandes as duvidas em condições de cultivo tão peculiar como no Cerrado brasileiro, em especial o Oeste baiano, razão porque realizamos a pesquisa. Informamos que na mesma área está sendo finalizada uma pesquisa para estudar o balanço do N no sistema com uso de N marcado (15N), estimar a eficiência de uso do N do fertilizante e quantidade lixiviada (Doutorado da Isabeli Pereira Bruno).
Na Dissertação (disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11136/tde-18022010-140953/) vocês poderão obter maiores informações que não puderam ser incluídas no artigo (questão de espaço) e que podem esclarecer estas e outras dúvidas.

Em relação à dose de N informamos que a máxima produtividade foi obtida com a aplicação de 595 kg ha-1 por análise de regressão (lembramos que as doses de 400, 600 e 800 kg ha-1 não diferiram estatisticamente).

Entendemos que a dose de N no Oeste baiano deve ser superior aquela utilizada nas regiões tradicionais. No Oeste baiano pelo fato da cafeicultura ser irrigada, com densidade superior a 5 mil plantas por hectare e temperatura média de outono-inverno ao redor de 20º C, favorece a um maior desenvolvimento vegetativo - maior demanda de N.

Como qualquer pesquisa de campo os resultados refletem as condições de clima, solo e manejo da lavoura e, portanto, os dados não são extrapoláveis. Aliás, esta não era a intenção tanto da pesquisa quanto do artigo.

A avaliação da eficiência de uso do N deve ser maior em fertirrigação, mas este é objeto de estudo de outra pesquisa, em fase final, realizada na mesma área experimental.

Permanecemos a disposição para outros esclarecimentos que se fizer necessário.

Abraços, Favarin, Ana e Tiago.
ALEMAR BRAGA RENA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 26/03/2010

Concordo com o André, há muitos questionamentos.

Com todo o respeito que tenho pela pesquisa do Professor Favarin, e de outros eminentes estudiosos, confesso que também fico assustado com as novas informações sobre as doses de N, P e K indicadas para o cafeeiro. Parece que tudo que foi feito por todos no passado deve ser passado a limpo! Será? Já vi níveis de N foliares acima de 4.2% e de K próximos de 3.0% em mais de uma propriedade de Luiz Eduardo Magalhães. Lógico, tudo depende do clima, do solo, da cultivar, da produtividade, do monitoramento pela análise de folhas etc.; nós sabemos! Mas este tema está merecendo novas reflexões. As coisas não podem ser generalizadas, principalmente quando a cafeicultura está fazendo água.

Saudações

Rena
ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 26/03/2010

Parabéns pelo artigo esclarecedor. Entretanto, algumas dúvidas persistem.

A maioria dos novos trabalhos de pesquisa sugere doses de nutrientes bem mais elevadas do que as doses "tradicionais". As recomendações de fósforo chegam a 400 kg/ha de P2O5. As de nitrogênio, como mostra o artigo, chegam a 800 kg/ha de N. O que está acontecendo? As doses para regiões de cerrado devem ser realmente tão elevadas? A extrapolação dessas doses para outras regiões do país é segura, e irá gerar o mesmo efeito, posto que solo e clima são completamente diferentes? A maioria das recomendações é para fertirrigação, a qual apresenta maior aproveitamento dos fertilizantes. Com isso, as doses poderiam ser reduzidas, mas, pelo contrário, as recomendações são sempre maiores. O acréscimo na produtividade, que em média nem parece tão elevado, justifica a elevação nas doses, ou existem outros fatores a serem considerados? Garanto que essas dúvidas pairam sobre a cabeça de muitos cafeicultores... e sobre a minha também.

Antecipadamente agradeço.

André.
DENILSON LUIS PELLOSO

GARÇA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/03/2010

Excelente matéria. Gostaria de contribuir, que devemos ter a preocupação no balanço de fornecimento do nitrogênio nítrico/amoniacal, para não provocar acidificação excessiva no bulbo úmido, quando a irrigação e fertirrigação for por gotejamento. Lembro também, que a aplicação no sistema de gotejamento, podemos parcelas as doses até diariamente, aumentando a eficiência, podendo reduzir a dose total aplicada.

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