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Administração financeira em cooperativas: conjunção de aspectos econômicos e sociais.

POR BRÍCIO DOS SANTOS REIS

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 09/10/2006

4 MIN DE LEITURA

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A administração das finanças de uma cooperativa envolve questões que vão além da busca pela rentabilidade e liquidez. Em sociedades de capital, esses elementos são de vital importância para garantia do sucesso do empreendimento, bem como em cooperativas. Entretanto, não basta que o negócio em si seja satisfatoriamente gerenciado, mas que seus integrantes usufruam dos benefícios gerados.

Nesse sentido, o administrador financeiro, em uma sociedade de pessoas, deve, além de garantir a sustentabilidade da organização, permitir que seus resultados possam, efetivamente, gerar crescimento às unidades administrativas individuais representadas pelos integrantes de seu quadro social.

Atendendo aos "clientes"

De acordo com o ramo da cooperativa, essa tarefa se torna ainda mais árdua. Nas de crédito, por exemplo, as principais receitas geradas são oriundas de taxas cobradas dos próprios associados, uma vez que, as mesmas não podem realizar operações de empréstimos/financiamentos com terceiros.

Assim, cabe à administração estipular políticas de precificação de ativos de forma a beneficiar seus "clientes" e, simultaneamente, garantir retornos adequados à estrutura de custos da instituição.

Por um lado, deve-se cobrar taxas de juros que proporcionem vantagens aos associados, ou seja, mais atrativas que as encontradas no mercado financeiro tradicional. Por outro, a entidade necessita acumular capital para disponibilizar maiores volumes de crédito e melhorar sua prestação de serviços.

Nas cooperativas de produção, embora os clientes não sejam, na prática da atividade comercial, seus proprietários, o dilema é semelhante. O quanto deve ser retido pela instituição para assegurar que o negócio progrida e o quanto deve ser repassado aos sócios? Gerar sobras expressivas, que poderão ser distribuídas ou mantidas como capital próprio, ou cobrar taxas apenas condizentes com a estrutura de custos?

Essas questões devem ser discutidas e a decisão a ser tomada passa pela análise dos elementos essenciais que compõem as finanças de uma cooperativa. É lógico que esse tipo de organização prima pela sua finalidade precípua de promoção do desenvolvimento econômico-social de seus integrantes.

Contudo, esse desenvolvimento não é pura e simplesmente alcançado com o repasse integral do resultado obtido. A própria prestação eficiente dos serviços disponibilizados pela cooperativa é meio para se chegar a tal objetivo.

Preservando a sustentabilidade do negócio

Nesse contexto, o negócio cooperativo deve ter condições de se auto-sustentar e de, atuando em mercados cada vez mais competitivos, enfrentar em condições satisfatórias seus mais diversos concorrentes.

Aliás, a concorrência não prima pelos mesmos princípios que regem o sistema cooperativista. Além disso, sua estrutura organizacional propicia maior agilidade no processo de decisão.

Tudo isso faz com que seja essencial às cooperativas o processo de acumulação de capital, ou seja, que as mesmas possam fortalecer sua capacidade de investimento, sobretudo face às dificuldades de capitalização enfrentadas e já comentadas nesse espaço.

É por isso que cabe ao administrador financeiro buscar formas alternativas de garantir o desenvolvimento da instituição, em que pese o efeito adverso de, na visão de alguns, muitas vezes contrariar os princípios básicos do cooperativismo tradicional.

Ressalto o "na visão de alguns", pois há controvérsias sobre essa questão. Enquanto a adoção de práticas mais capitalistas no processo administrativo de uma cooperativa implica, de certa forma, em medidas severas na transação com cooperados, esse tipo de postura pode ser essencial para a sobrevivência da entidade.

Tratando os diferentes de forma diferente

Por exemplo, a diferenciação no pagamento aos associados por produtos com níveis de qualidade distintos pode ser entendida, a princípio, como discriminação em uma organização que prima pela prática democrática e igualitária.

Entretanto, tem como intuito garantir a colocação no mercado de produtos com elevado padrão de aceitação e confiabilidade por parte de seus consumidores. Além do mais, serve como estímulo para que os cooperados invistam, cada vez mais, na melhoria e eficiência de seus negócios.

Nesse ponto é que a cooperativa deve atuar para permitir que todo o quadro social tenha as mesmas condições de produzir bens com o nível de qualidade desejado. A assistência técnica, entre outras alternativas, deve ser priorizada e colocada à disposição de todos pela instituição, permitindo que o argumento da "discriminação" seja enfraquecido pelo oferecimento de meios para evitar a diferenciação no momento do pagamento pelos produtos entregues.

Essa é a função das cooperativas, permitir que os seus associados possam se desenvolver social e economicamente, e não praticar a distribuição de benefícios iguais àqueles que contribuem de forma diferenciada para a competitividade do empreendimento.

Nesse contexto, as finanças devem ser geridas de forma a garantir a continuidade sustentada do negócio cooperativo e, simultaneamente, contribuir para o crescimento dos negócios individuais dos cooperados, pois eles formam, em sua essência, a base sócio-econômica da instituição.

Enfim, o trabalho de administrar financeiramente esse tipo de sociedade de pessoas vai muito além daquele praticado em outras formas de organização. O conhecimento do cooperativismo e sua doutrina deve ser aliado à moderna gestão de valor para que os objetivos precípuos sejam alcançados da melhor forma.

A busca pelo equilíbrio financeiro deve ser orientada tanto pelo caráter social desse tipo de empreendimento quanto pela natureza econômica de suas atividades. Enquanto as cooperativas privilegiarem um dentre esses dois aspectos, muitos ainda serão os entraves ao seu desenvolvimento.

Logicamente, não é fácil conjugar essas duas características do cooperativismo no âmbito da administração financeira, entretanto, é de vital importância que se leve em consideração os vários elementos que as compõem.

Conclusão

Basear uma decisão de diferenciar ou não o pagamento por conta da qualidade do produto entregue em argumentos que privilegiem essa ou aquela temática é fechar os olhos às exigências de sobrevivência impostas pelo mercado ou não primar pelos preceitos enfatizados pela teoria e doutrina cooperativistas.

Essa decisão deve ser embasada na realidade prática do mercado em que atua a organização e, ao mesmo tempo, necessita ser acompanhada de medidas que permitam a todos os associados buscar padrões de excelência.

Mas esse é apenas um exemplo da dificuldade no processo de administração financeira enfrentada por um profissional ou pelo próprio corpo diretivo de uma cooperativa. Muitas outras decisões deverão ser baseadas em princípios sociais e econômicos que regem esse tipo de organização, sendo o equilíbrio entre os mesmos fator essencial para garantia do desenvolvimento sustentado.

BRÍCIO DOS SANTOS REIS

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RICARDO LIMA DE ANDRADE

FRANCA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 12/10/2006

Prof. Brício,

Parabéns pelo artigo! Vivemos intensamente, com nossos cooperados, este dilema. Como chegar ao equilíbrio de uma empresa voltada para o mercado e ao mesmo tempo ser uma empresa cooperativa?

Estamos concluindo, após muita reflexão, que temos a necessidade de identificarmos os cooperados quanto ao grau de fidelidade, em processos transparentes, para que possamos tratar cada um de acordo com sua reciprocidade.

Temos algumas dúvidas de como proceder tal conduta de forma que contribua para que os mais participantes sintam-se motivados pela reciprocidade em detrimento dos menos participantes, gerando, assim, um círculo virtuoso.

Gostaria de alguma orientação.

Obrigado

Ricardo L. Andrade
Franca/SP
Agrônomo
Diretor Secretário
AURELIANO BRUM VARGAS

EUGENÓPOLIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/10/2006

Caros amigos,

Gostei muito do que foi abordado neste artigo, pois estamos iniciando um processo de montagem de uma cooperativa com finalidade de produção de ração para bovinos de leite na região de Eugenópolis, Zona da Mata Mineira.

Através deste artigo nos foi passada uma noção de como deve ser a administração de uma cooperativa, visando ambos os lados, o dos cooperados e a sobrevivência da instituição como um todo.

Abraços,

Aureliano Vargas

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