A variedade/cultivar de cafeeiros acauãma, lançada recentemente pela Fundação Procafé, se mostra muito resistente à ferrugem e a déficits hídricos, além de apresentar alta produtividade. Acauãma significa acauã amarelo, a primeira seleção com frutos desta cor, sendo que as demais são de frutos vermelhos.
Ela surgiu de um cruzamento natural, provavelmente entre catucai amarelo e acauã, em um campo de teste em Domingos Martins (ES). Plantas selecionadas desse material de acauã foram colocadas em campo em Varginha e Elói Mendes (MG) e ali surgiram algumas poucas plantas de frutos amarelos. Elas foram reproduzidas individualmente e, destas, uma planta deu origem, em F4, em campo de experimento em Araguari (MG) - convênio Fundação Procafé com a ACA -, a uma geração muito produtiva.
Destaca-se que a região cafeeira de Araguari, no Cerrado Mineiro, tem apresentado déficits hídricos significativos, especialmente nos últimos anos, razão pela qual é predominante a cafeicultura irrigada. No caso do campo de teste de variedades, a condução do ensaio foi na condição de sequeiro, sem irrigação. Neste ensaio houve destaque para o item acauã amarelo 48, agora denominado acauãma, que sempre apresentou alto vigor. As plantas se mantendo, todo o período, enfolhadas e quase sem seca de ramos produtivos, enquanto outros materiais tradicionais sentiam muito a condição de estresse hídrico. As fotos incluídas nessa matéria permitem visualizar este comportamento diferenciado.
Em detalhe, as duas parcelas da foto anterior, á esquerda o bom vigor dos cafeeiros da parcela de acauãma e á direita os cafeeiros MN.
Em cinco safras nesse ensaio, em Araguari, o material de acauãma apresentou a média produtiva de 73 scs/ha, se situando em 1º lugar na produtividade entre mais de 60 itens em teste, sendo que a cultivar catuai V 15, usada como padrão, produziu 47,9 scs/há (quadro 1). Verificou-se que, em todo o período de avaliação, de sete anos, as plantas de acauãma não apresentaram infecção pela ferrugem, portanto em condição de imunidade, até o momento, em relação àquela doença.
Tabela 1- Produtividade da cultivar acauãma, em relação ao padrão catuai , em ensaio no campo da ACA em Araguari Araguari (MG), 2016
Desse ensaio foi derivada a geração F5, que foi colocada em campos em várias regiões de Minas Gerais, da Mogiana (SP) e do Espirito Santo. As plantas dessa geração, já na segunda safra, se mostram uniformes, sem segregação para porte, que é baixo, e para cor do broto, que é bronze.
Vale lembrar que o material de acauã é oriundo do cruzamento do sarchimor 1668 com o mundo novo, feito no Paraná, pelo Dr Kaiser, do ex-IBC, ainda na década de 1980. Nos cruzamentos e seleções, em seguida, já deu origem ao registro de cultivares como acauã, acauã novo e asa branca, estando em fase final mais duas seleções da Cv 2 e 8 e da 7/52.
Conforme os resultados produtivos e as características apresentadas, chega-se à conclusão que a nova cultivar pode ser plantada em lotes comerciais, com prioridade para cultivos de sequeiro e para regiões mais quentes ou, ainda, para produtores de menor nível tecnológico.
Cafeeiros da geração F5 de acauãma, na primeira florada, na Fazenda Experimental de Varginha (MG)