Neste ano os cafezais, da maioria das regiões cafeeiras do país, floresceram mais cedo e de forma mais uniforme. Isto aconteceu pela antecipação do início do período chuvoso para setembro, ocorrendo já uma pequena florada e depois a segunda, esta bem maior. Uma terceira ainda deve ocorrer, nas gemas mais atrasadas, especialmente em variedades de maturação mais tardia. A maior uniformização da florada veio em função da condição de estresse em que se encontravam as lavouras, depois de um inverno seco, e, especialmente, com temperaturas mais altas, o que provocou o amadurecimento da grande parte das gemas e sua dormência em seguida quebrada pela umidade das chuvas.
A abundância da florada foi difundida como prenúncio de safra melhor em 2016, embora seja muito cedo para uma previsão segura, já que o estado de enfolhamento de muitas lavouras não é bom, parte em função de estresse pela carga anterior e parte pelo forte ataque da ferrugem tardia. Além disso, apenas começamos o ciclo de desenvolvimento dos frutinhos, sendo que o seu período crítico, onde a falta de água e as altas temperaturas podem afetar a sua granação, está situado entre 80-120 dias após a floração.
O período seco que se seguiu à abertura das flores dos cafeeiros nesse ano é considerado, por muitos técnicos e cafeicultores, um fator muito danoso. Na realidade não é assim. Se por um lado a falta temporária de umidade no solo no pós-florada atrapalha um pouco por atrasar o desenvolvimento da folhagem nova, por outro como vimos este ano, a pouca umidade reduz a incidência de doenças, que ao não contarem com condições adequadas, reduzem sua incidência sobre as inflorescências e as rosetas dos frutinhos, com isso melhorando o pegamento da florada.
Outra particularidade observada foi a maior precocidade de floração na face dos cafeeiros batidos pelo sol da tarde e, ainda, a presença de flores de maior tamanho em ramos da face mais protegida (mais sombria) e em ramos de cafeeiros esqueletados, especialmente os mais grossos, na comparação com ramos mais finos de plantas não esqueletadas.
Em condições de baixa umidade em período curto na pós-floração diminuem os problemas de doenças e ocorre um melhor nível de pegamento da florada. Pode-se ver os frutinhos bem sadios.
Florada boa é aquela que, além de abundante, é associada a um bom nível de enfolhamento das plantas, o que vai garantir um bom nível de frutificação
Flores menores em ramo mais fino e maiores em ramo oriundo de esqueletamento.
Detalhe do tamanho diferencial das flores.