Acima e além de propostas, o grande debate destas eleições foi em torno da Ética. Tristemente sou obrigado a constatar que ela perdeu a eleição. O que estamos vendo neste País chega a causar vergonha. Mensaleiros e sanguessugas reeleitos, personagens que há muito deveriam ter sido banidos da vida política do Brasil voltam a ocupar cargos públicos e adquirem imunidade parlamentar que no Brasil é sinônimo de imunidade para roubar.
Recentemente um autor de novelas disse que as pesquisas que são feitas para direcionar os rumos da novela indicam que a moral do povo brasileiro mudou. Assim, a traição e o roubo são aceitos por nossa sociedade e são refletidas na trama e elevam sua audiência.
Para quem, não queria acreditar nesta realidade as eleições vieram comprovar que as pesquisa estão certas. Para o povo brasileiro roubar faz parte do jogo político. Para os políticos brasileiros roubar ou aliar-se a ladrões faz parte da sobrevivência política.
Estou triste, mas me recuso a aceitar esta realidade e vou lutar contra ela,
E neste campo, o que dizer de nossas cooperativas?
Serão que nossa gestão atenta a princípios éticos inquestionáveis?
Acho que esta é uma discussão que deveria ser tema de debates em nossas cooperativas. Não conheço, mas deve haver, cooperativa que tenha, por exemplo, um Código de Ética, divulgado e cujas ações sejam exercitadas. Não conheço o funcionamento de Comitês de Ética em nossas cooperativas. Não conheço cooperativa que tenha e coloque em prática, um bom Manual de Governança Corporativa.
Muitas ações em nossas cooperativas podem ser questionadas, principalmente envolvendo conflitos de interesse com os dirigentes que são cooperados ou mesmo funcionários cooperados. Apenas como exemplo um modelo de Código de Ética pode abranger os seguintes aspectos:
- Um Código de Ética apresenta as regras esperadas de atitude, comportamento, relacionamento e ação das pessoas vinculadas direta ou indiretamente à administração da cooperativa, colaborando para que esta atinja os seus princípios.
- Desta forma, o cumprimento da sua missão estaria sendo realizado de modo compatível com os princípios éticos.
- Um Código de Ética aplica-se a todos os administradores e funcionários da cooperativa.
- A cooperativa tem que ter a convicção de que, para se consolidar e desenvolver deve partir de objetivos empresariais e princípios éticos precisos que sejam compartilhados pelos membros do Conselho de Administração e Fiscal e os funcionários.
- A cooperativa deve ser uma instituição que atua no agronegócio, visando o desenvolvimento contínuo, a liderança em performance e a satisfação de seus cooperados, clientes, fornecedores, colaboradores e membros da sociedade em que atua. Deve ter entre seus objetivos mais importantes a manutenção de reputação de empresa sólida e confiável, consciente de sua responsabilidade social e empresarial, que persegue resultados de forma honesta, justa, legal e transparente.
- Sua ação deve ser sempre marcada pela integridade, confiança e lealdade, bem como pelo respeito e valorização do ser humano, em sua privacidade, individualidade e dignidade.
- Deve repudiar qualquer atitude guiada por preconceitos relacionados a origem, raça, religião, classe social, sexo, cor, idade, incapacidade física e quaisquer outras formas de discriminação.
- Deve acreditar na importância da responsabilidade social e empresarial, como empresa comprometida com as comunidades em que atua, e que tal responsabilidade é exercida plenamente quando contribuímos com ações em prol do desenvolvimento do Brasil.
- Os membros dos Conselhos de Administração e Fiscal, administradores e funcionários devem ter o compromisso de zelar pelos valores e pela imagem da instituição, de manter postura compatível com essa imagem e esses valores e de atuar em defesa dos interesses dos clientes, dos cooperados e da cooperativa. A busca pelo desenvolvimento da empresa deve se dar com base nesses princípios, com a confiança de que as ações são guiadas pelos mais elevados padrões éticos e estrito respeito à legalidade.
- O relacionamento com os cooperados deve basear-se na comunicação - precisa, transparente e oportuna - de informações que lhes permitam acompanhar as atividades e performance da Instituição, bem como na busca por resultados que tragam impactos positivos nos negócios da cooperativa e de seus cooperados.
- As relações no ambiente de trabalho devem pautar-se pela cortesia e respeito. Todos devem colaborar para que predomine o espírito de equipe, a lealdade, a confiança, a conduta compatível com os valores da Instituição e a busca por resultado.
- Quando no papel de gestor de pessoas, todos devem ter em mente que seus funcionários o tomarão como exemplo. Suas ações, assim, devem constituir modelo de conduta para sua equipe.
- Não se deve admitir o uso do cargo para solicitar favores ou serviços pessoais a subordinados.
- É fundamental reconhecer o mérito de cada um e propiciar igualdade de acesso às oportunidades de desenvolvimento profissional existentes, segundo as características, competências e contribuições de cada funcionário. Não se deve admitir nenhuma decisão que afete a carreira profissional de subordinados baseada apenas em relacionamento pessoal.
- No relacionamento com o setor público, devem se observar os mais elevados padrões de honestidade e integridade em todos os contatos com administradores e funcionários do setor público, evitando sempre que a conduta possa parecer imprópria. Deve se abster de manifestar opinião sobre atos ou atitudes de funcionários públicos, ou de fazer comentários de natureza política.
- Ao defender os interesses da cooperativa deve agir com confiança nos padrões de atuação da cooperativa observar sempre os mais elevados princípios éticos e o respeito às leis e normas vigentes.
- No que tange à integridade profissional e pessoal, os profissionais devem avaliar cuidadosamente situações que possam caracterizar conflito entre os seus interesses e os da empresa e/ou conduta não aceitável do ponto de vista ético - mesmo que não causem prejuízos tangíveis à instituição. Em particular, não são aceitáveis as seguintes condutas, exceto quando se tratar das relações comerciais normais entre o indivíduo como cooperado e sua cooperativa:
- Manter relações comerciais, na condição de representante da instituição, com pessoas ou empresas em que o profissional, ou pessoas de seu relacionamento familiar ou pessoal, tenham interesse ou participação - direta ou indireta;
- Manter relações comerciais particulares, de caráter habitual ou eventual, com clientes, acionistas ou fornecedores;
- Usar cargo, função ou informações sobre negócios e assuntos da instituição ou de seus clientes, ou de seus acionistas, para influenciar decisões que venham a favorecer interesses próprios ou de terceiros;
- Aceitar ou oferecer, direta ou indiretamente, favores ou presentes de caráter pessoal, que resultem de relacionamento com a cooperativa e que possam influenciar decisões, facilitar negócios ou beneficiar terceiros
- Usar equipamentos e outros recursos da instituição para fins particulares, não autorizados;
- Usar, para fins particulares, ou repassar a terceiros, tecnologias, metodologias, know-how e outras informações de propriedade da instituição, ou por ela desenvolvidas ou obtidas.
A questão ética tem que ser colocada como prioridade em nossa agenda. Na verdade devemos promover uma conduta ética em todas as nossas ações, não apenas como empresários, mas principalmente como indivíduos, cidadãos que têm a obrigação de ajudar a construir um País mais justo e digno para as gerações futuras.