A cafeicultura é a principal atividade agropecuária do município de Carmo da Cachoeira, no Sul de Minas. As lavouras ocupam cerca de 16 mil hectares e a produção de café está em torno de 350 mil sacas (60kg) por ano. A maior parte das propriedades é conduzida por agricultores familiares. “No total são cerca de 600 propriedades. Destas, de 70% a 80% são de agricultores familiares”, explica o engenheiro agrônomo da Emater (MG) no município, Marcel Reis Naves.
Foto: Emater (MG)/ Divulgação
De olho neste público, a Emater (MG) busca alternativas que possam garantir a boa qualidade do café produzido pelos agricultores e que, ao mesmo tempo, tenham um custo acessível. Neste ano, a novidade apresentada para os produtores foi o terreiro híbrido para secagem do café.
O sistema foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Epamig e também difundido pela Embrapa. O terreiro híbrido nada mais é que o uso de parte de um terreiro convencional onde se adapta um sistema de ventilação composto de ventilador, túnel e distribuidores de ar (tomadas de ar e calhas de distribuição), cujo ar é aquecido por uma fornalha (com carvão, lenha ou palha), para secagem do produto enleirado sobre as calhas de distribuição.
Foto: Emater (MG)/ Divulgação
A novidade é uma opção para ser associada às outras formas de secagem e deve acelerar o processo final. “O café secado apenas num terreiro convencional, de concreto ou lama asfáltica, leva cerca de 20 dias para chegar à umidade ideal, de 11%. Com o terreiro híbrido, este prazo fica entre três e seis dias”, explica o técnico da Emater (MG). Mas ele alerta que para o café iniciar o processo de secagem no terreiro híbrido, a umidade do grão deve estar em torno de 25%, ponto conhecido como 'meia-seca'. “Mais do que isso, é preciso que ele seque por um tempo no terreiro convencional”, diz.
Marcel Naves conta que o terreiro híbrido que está sendo demonstrado no município é adaptado para a secagem do café em coco, mais comum na região. Segundo ele, a construção deste equipamento, utilizando peças novas, fica entre R$ 12 mil e R$ 15 mil. “Mas é possível fazer adaptações e este custo cai mais de 50%. Podemos usar fornalhas mais antigas, tubos de irrigação fora de uso e até turbinas de pulverizadores de modelos mais velhos, para insuflar o ar quente”, comenta.
É recomendado cobrir a área do terreiro que contém o sistema de ventilação (fornalha, ventilador, dutos e calhas) com um telhado permanente. Entretanto, para reduzir custos iniciais de implantação do sistema, é possível cobrir o sistema com lonas durante a noite ou em períodos chuvosos.
Segundo a Emater (MG), o sistema do terreiro híbrido é viável apenas para propriedades pequenas, com produção de 50 a 200 sacas por ano. A Embrapa editou um material técnico, em pareceria com os pesquisadores que criaram o sistema. A cartilha apresenta os passos para a construção do terreiro e pode ser acessada aqui.