Há mais de seis anos a Região de Pinhal, em São Paulo, busca formalizar sua tradição na cafeicultura, através de uma Indicação de Procedência. Nesta terça-feira (19/7), o processo teve seu desfecho com a aprovação do IP concedido em nome do Conselho do Café de Mogiana do Pinhal - Cocampi.
A entidade é composta por diversas cooperativas e associações, como a Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Pinhal (Coopinhal), Apra - Associação dos Produtores Rurais do Bairro Areião e Região - Espírito Santo do Pinhal, Sindipinhal - Sindicado Rural de Espírito Santo do Pinhal, ASSL - Associação de Cafés Especiais de Santa Luzia - Espírito Santo do Pinhal, Aprojardim - Associação dos Produtores Rurais de Santo Antonio do Jardim.
O registro foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para a região, que se expandiu a partir do cultivo do café e das ferrovias que ligavam as áreas produtoras ao porto de Santos. De acordo com a Coopinhal, a tradição da cultura na região acumula, pelo menos, 176 anos de produção.
São oito os municípios produtores contemplados pela IP da região de Pinhal. São eles: Espírito Santo do Pinhal, Santo Antônio do Jardim, Aguaí, São João da Boa Vista, Águas da Prata, Estiva Gerbi, Mogi Guaçu e Itapira. A área delimitada tem como característica a cafeicultura de montanha com cultivos em espaçamento tradicional e sistemas de produção familiar.
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Galluci frisa, ainda, o fato do município de Espírito Santo do Pinhal possuir todas as pontas da cadeia cafeeira, desde a produção de mudas até a confecção de máquinas específicas para a o beneficiamento do produto, tanto para o café verde em grão como para o café torrado e moído. “Hoje Pinhal já conta com torrefações e cafeterias de altíssimo nível que deverão se aprimorar mais ainda com a obtenção e consequente utilização do selo de procedência”, afirma.
Busca pelas raízes
O processo envolveu a busca pelas origens da produção local. “O resgate histórico foi também social e uniu os produtores no presente”, analisa Paulo Henrique Leme, que atuou como consultor chefe do processo durante boa parte da busca pela Indicação, na empresa P&A Marekting. Na primeira etapa, o projeto contou com o trabalho da historiadora Valéria Torres, que atua na UniPinhal. “A indicação mostra que o café produzido ali é notório, tem relevância. Pinhal é uma das regiões pioneiras de café no estado de São Paulo”.
O levantamento histórico colaborou para o que precisaria vir em seguida. “Estudando a história local, muitos produtores passaram a se reconhecer como parte disso, o que ajudou na organização deles em torno da Cocampi. O Conselho funciona para como órgão de fiscalização da origem dos cafés da região. O Henrique é chave nesta conquista”, explica Paulo sobre o presidente, considerado um dos grandes entusiastas do projeto.
Em terceiro lugar, foi preciso comprovar a qualidade do produto, o que foi feito através da definição de um padrão estabelecido pela empresa local Qualicafex e pela Coopinhal. Por fim, a definição geográfica do que seria, de fato, a região de Pinhal foi traçada. De acordo com Leme, foram observadas as bacias hidrográficas e áreas onde atualmente há produção de café no Estado de São Paulo. A partir daí, foram identificadas quatro regiões de Mogiana: Bragança Paulista, Pinhal, São José do Rio Pardo e a Alta Mogiana – que já possui Indicação de Procedência.
“O mais importante nisto, no meu ponto de vista, é agregar as pessoas em torno de um objetivo. Isso aconteceu na Alta Mogiana, no Cerrado Mineiro, e agora ocorre em Pinhal”, conclui Leme.
O que é Indicação Geográfica
O registro de IG permite delimitar uma área geográfica, restringindo o uso de seu nome aos produtores e prestadores de serviços da região (em geral, organizados em entidades representativas).
A espécie “Indicação de Procedência” se refere ao nome de um país, cidade ou região conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.
ATUALIZADA: 22/07/2016 - 10h00