Por Camila Cechinel

O produtor Henrique Sloper de Araújo foi o campeão do concurso Cup of Excellence - Brazil 2017, principal disputa para cafés especiais do mundo. Com o café catucaí-açu, produzido na Fazenda Camocim, em Domingos Martins, nas Montanhas do Espírito Santo, ele obteve 93,6 pontos na categoria Naturals. 


                                    Foto: Alexia Santi/Agência Ophelia

À frente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) nos últimos cincos anos, instituição responsável pela realização do concurso, Araújo só participou da disputa em 2016, quando foi desclassificado na final da competição que aconteceu no Paraná, e em 2017, onde venceu o evento com o café catucaí-açu, mesma espécie da bebida eliminada no ano passado.

Para o produtor foi frustante sair do Cup of Excellence - Brazil 2016 no último dia, por conta de uma xícara defeituosa, mas a mensagem que ficou naquele momento foi a de persistência: "eu provei o café umas 50 vezes antes de mandar para a BSCA, mas uma xícara riada pode acontecer com qualquer participante, em qualquer lugar do mundo, e o nível da prova é muito elevado, não passa nada", disse. 

• (+Concursos de Qualidade de Café são indispensáveis para os produtores)

Em 2017 o Concurso Internacional de Cafés ocorreu no campus Venda Nova do Imigrante, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), estado onde fica localizada a Fazenda Camocim. E foi aí que Araújo viu uma nova oportunidade para estar concorrendo ao melhor café do mundo. "Com a derrota passei a investir mais no catucaí-açu, café diferenciado em termos de características, com um perfil semelhante ao café africano e gerado em sistema agroflorestal, que é um café produzido dentro de uma floresta. Também aperfeiçoamos técnicas de pós-colheita", explicou. 

No dia 07 de dezembro o café campeão participará de um leilão internacional. Com o prêmio, o produtor informou que investirá ainda mais na Fazenda, em forma de marketing, produção, maquinário e trabalho comercial fora do Brasil. 

Cup of Excellence - Brazil 2018

Até o momento Araújo não sabe se vai participar do Cup of Excellence - Brazil 2018, pois, de acordo com ele, tudo depende da data limite para mandar as amostras de café para a BSCA: "o café que ganhou esse ano foi colhido de última hora porque, devido ao frio da região, os melhores grãos aparecem depois. Se der condição de tempo ideal a gente participa, se não der, até onde mais eu posso ir?", perguntou.

Para aqueles que estão participando do concurso, o produtor garante que uma colheita seletiva, um pós-colheita apuradíssimo, cuidados com a limpeza do despolpador, secador, tulha e armazenagem, além de uma seleção refinada, são bons caminhos para conquistar o prêmio: "muita gente reclamou da broca esse ano. Eu não tenho problema com isso porque o sistema agroflorestal ajuda a combater a praga naturalmente. A Fazenda Camocim está isolada por florestas dentro de um vale", disse. 

Segundo o cafeicultor, a indústria do café ainda é muito jovem e os brasileiros precisam se unir para promover a bebida dentro e fora do país. Para ele, Concursos de Qualidade de Café são importantes para valorizar o produtor e a atividade, mas falta uma consciência coletiva: "brigamos com nós mesmos. Precisamos deixar de lado as diferenças estaduais, municipais e nacionais e nos preocuparmos com as competições que acontecem lá fora. O Brasil está começando no café especial e ainda tem muito o que ganhar", finalizou.