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Fertirrigação: trunfo em tempos de vulnerabilidade climática

POR EQUIPE CAFÉPOINT

PRODUÇÃO

EM 01/08/2014

4 MIN DE LEITURA

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Por Thais Fernandes

A seca do início do ano, que afetou a produção cafeeira na safra 2014/2015, gerando, segundo a última estimativa da Conab, quebra de redução de 9,33% na produção deste ano, gera, agora, o temor de que a safra 2015/2016 também esteja comprometida.

Em visita a Fazenda Santa Mônica, em Machado (MG), o proprietário Arthur Moscofian Junior explica que o fenômeno deste ano é raro, mas não imprevisível. “Já aconteceu antes? Difícil, mas aconteceu lá em 2005. Nós estamos falando de 10 anos”. Depois desse primeiro episódio da falta de chuvas, Arthur decidiu implantar o sistema de irrigação em sua fazenda. “Meus vizinhos não entendiam, perguntavam por que eu estava investindo nisso, se por aqui quase sempre temos água”, conta.

Foto: Alexia Santi/ Agencia Ophelia/ Café Editora
Sistema de irrigação utiliza mangueiras para levar água ao cafezal
Foto: Alexia Santi/ Agência Ophelia/ Café Editora


Neste ano, produções vizinhas chegaram a abandonar suas árvores, conforme comenta Moscofian, já que as plantas que sofreram com a estiagem rejeitaram seus galhos secos, comprometendo todo o desenvolvimento da lavoura.

Na Fazenda Santa Mônica, apesar de alguns frutos com desuniformidade de maturação nos pés, Moscofian afirma que a colheita não precisou ser adiantada. “Estamos colhendo normalmente, de junho a agosto estaremos nos trabalhos”, pontua o fazendeiro que cultiva as variedades mundo novo e catuaí amarelo e vermelho.

O fazendeiro é adepto, também, da colheita mecanizada, que reduziu o número de funcionários para 13 pessoas, e do sistema Safra Zero, que consiste na poda cíclica do cafeeiro, realizando-a com esqueletamento seguido de decote no ano de produção. “Começamos ano passado e, agora, onde tínhamos um ramo só, eu vou ter cinco. Um ano fico sem café, mas em compensação, no ano seguinte eu vou colher o dobro”. A ideia do fazendeiro é, no ano que vem, dividir a lavoura em setores e começar a fazer rodízio no sistema. “Com irrigação já produzimos 40 sacas por hectare. Vamos passar para 80 sacas com a Safra Zero”, afirma.

Apesar dos bons números das demais tecnologias, este ano Arthur explica que a irrigação foi seu trunfo. “Basta olhar nas lavouras em volta. O que faltou não foi adubo, foi água. Sem água, as outras coisas não funcionam”. Para introduzir a fertirrigação foi preciso fazer algumas mudanças na lavoura. Moscofian explica que teve de alterar as medidas da lavoura para conseguir reduzir espaçamento entre plantas e ruas, necessário para introdução da tecnologia.

Para fazer a irrigação dos 89 hectares, o fazendeiro utiliza a água do lago construído na propriedade, com 50 metros de desnível do lago até o tanque. O tanque, montado para escoar a água do lago à tubulação, é feito com materiais como bambu, que o proprietário também pesquisou para a construção.

Investimento
Para construir o equipamento que libera água para a irrigação de toda lavoura, Arthur Moscofian teve que gastar R$ 15 mil, apenas para resolver o problema de entupimento da tubulação com a terra roxa local. Ainda assim, ele enfatiza que procurou ter o mínimo possível de gastos. “Uma pessoa queria me cobrar R$ 350 mil em uma máquina, que ainda ia gastar energia. Aí eu fiz a cachoeira e agora a água bate em torno dela mesma e volatiliza o ferro 2 e o ferro 3, presentes na terra, impedindo que entupa”, explica.

Foto: Alexia Santi/ Agencia Ophelia/ Café Editora
Proprietário, Arthur Moscofian, mostra estrutura do tanque, feita com bambus
Foto: Alexia Santi/ Agência Ophelia/ Café Editora

O equipamento ainda inclui duas tubulações – uma que puxa água, por gravidade, até as bombas e outra para o lavador de equipamentos –, a casa de máquinas, com as bombas, o tanque e, claro, o lago.

Uso regularizado da água
O caminho seguido pela Fazenda e, que vai de encontro aos investimentos em tecnologia da cafeicultura, tem, ainda, que ser trilhado junto a algumas exigências públicas. Arthur explica que teve que seguir diversas orientações e mostra as licenças e certificações que a Fazenda possui, entre elas o Certifica Minas Café, específica do Estado mineiro e que estimula uma gestão moderna da propriedade e incentiva a preservação ambiental.
 
Segundo o Ministério da Integração Nacional, responsável pela Secretaria Nacional de Irrigação (Senir), para introduzir a irrigação em uma propriedade não há necessidade de certificação, mas sim de outorga de direito do uso da água. Se o rio for de domínio da União, a outorga deve ser obtida junto à Agência Nacional de Águas (Ana); e se as águas forem subterrâneas ou de rios de domínio estadual, cada Estado tem seu procedimento próprio. Outra exigência é a licença ambiental, que também varia de Estado para Estado e, às vezes, de acordo com as leis do próprio município. O órgão ambiental local deve ser consultado sobre a legislação e os procedimentos.

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UANDERSON ATHAYDE MOURA

TOMÉ-AÇU - PARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/08/2014

          Prezado Café Point,



Parabenizo-lhe por instigar tal assunto, uma necessidade tremenda a ser "aceita e interpretada corretamente".



UM PROJETO DE IRRIGAÇÃO  quando bem conduzido traz numerosos benefícios ao meio SUSTENTÁVEL. Em contrapartida observamos uma escala gigantesca de tais projetos  MAL DIMENSIONADOS (insustentáveis) e acima de tudo sendo conduzidos "sem o(a) devido(a) acompanhamento ou orientação técnica DO RAMO".



FELIZMENTE quando lidamos com hidráulica a tal RECEITA DE BOLO" não apresenta êxodo permanente (pode até entrar em cena, porém sua vida ganha um curto espaço de tempo). A primeira vida a morrer é a planta.



Quando insistimos ou permanecemos no erro (ou dúvida) observamos a entrada da INVIABILIZAÇÃO ECONÔMICA (se Insisto, entro em falência) ou seja, diz-se que, A TAL DE IRRIGAÇÃO NÃO FUNCIONOU.



Voltando ao texto original (Thais Fernandes et al., 2014.) observamos que, a tecnologia a ser usada, o modelo a ser copiado e adaptado, a ideia a ser extrapolada DEVE  encaixar-se no bolso do Agricultor(a), bastando-se assim CONDUZI-LA TECNICAMENTE, junto com o Agricultor(a).





Sr. Arthur Moscofian Junior: Muito obrigado!!! Pela aula. Desejo-lhe SUCESSO!!!



Fiquem com Deus.    


FLÁVIO DOS SANTOS

CAPELINHA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/08/2014

Muito aplicada sua tecnologia. A questão da outorga é outro caso para tantas outras lavouras Brasileiras com essa falta de água até para a utilização humana. Sabendo que para uma física de solo considerada média, a necessita de variável de 500 a 1000 m³/ha/mês entre pivô e gotejo; e dependendo da evapotranspiração e segundo medidas tensiométricas, isso pode até estender em certas regiões do Pais localizadas com café. "Contando que na agricultura, tudo pode ser feita com a irrigação".  Deus, a tecnologia abençôe e ajude a todos do Vale do Jerquitinhonha e que traga chuva bem rápida para todas as regiôes do Brasil e do Mundo que tem necessidade urgentíssima dela (ÁGUA).

Ressalto e Lembrete fora do assunto do senhor proprietário Arthur Moscofian.

"Tudo de ruim que se pode imaginar está acorrendo 2014", diz Prof. Braga Rena.

Já é certo que as incertezas quanto ao volume da safra brasileira deste ano aflijam o mercado e preocupem todos os envolvidos neste meio, mas no momento, os olhares se voltam também para a safra dos próximos dois anos, já que, por ser uma cultura perene, as lavouras de café devem ter produção prejudicada pelo grande estresse hídrico, estão depauperadas, algumas com doenças.

"Tudo de ruim que se pode imaginar na cafeicultura do Brasil e da América Central está ocorrendo em 2014 e acontecerá também nos próximos dois anos", essa é a conclusão do agrônomo e ex-professor de Fisiologia da Universidade Federal de Viçosa , Prof. Alemar Braga Rena, após longa conversa sobre as perspectivas para a produção nacional.

Depois de avaliar o cenário de sua própria fazenda, ele está estarrecido com a conjuntura em que se encontram as lavouras mais antigas. "A situação está bem pior do que eu imaginava. Minhas plantações estavam lindas e agora perderam folhas, estão em estado alarmante". O Prof. Rena ainda explicou que em fins de fevereiro, quando seus cafezais ainda estavam intactos, foi a convite da COOXUPÉ , para realizar uma palestra em Guaxupé e andou pelas regiões do Sul de Minas Gerais, e lá já havia encontrado cultivos em estado precário devido à forte estiagem do início do ano, além do excesso de radiação e déficit de vapor no ar. "Se naquela época os plantios estavam assim, enquanto a minha fazenda estava ótima, agora, que detecto problemas em minha propriedade, imagine como estão as outras", indicou ele e reiterou que "a recuperação dessas plantações jamais será completa".

Todos os prognósticos e observações que o Prof. Rena alertou na palestra em 28 de fevereiro, segundo ele, infelizmente se realizaram com maior evidência para a safra em andamento.

Para a próxima safra , além dessas percepções, o agrônomo pôde notar em suas análises que as plantas que produziram 6 ou mais litros estão 90% desfolhadas e não têm nem sinal de gemas em desenvolvimento, caso apareçam, será tardiamente e as flores só vingarão a partir de dezembro, "ou seja não vão produzir nada", disse ele.

Outros dois cenários atípicos que geram preocupação para o fisiologista são as diversas ramificações secundárias que estão aparecendo nas plantações. Elas produzem ao invés de flores, gemas vegetativas e não vão dar café.
ENIO HECKERT JUNIOR

ALTO JEQUITIBÁ - MINAS GERAIS - INSUMOS PARA INDÚSTRIA, DISTRIBUIÇÃO E VAREJO

EM 05/08/2014

Sabem a necessidade hídrica de uma planta??

Por exemplo, o volume de água por planta e o intervalo de alicação.
ARTHUR MOSCOFIAN JUNIOR

SERRANIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 02/08/2014

Parabenizo o Cafepoint pela reportagem e profissionalismo da reporter e fotografa.

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