Na primeira edição do Concurso Coffee of the Year (COY), que acontece com participação do público na Semana Internacional do Café, em que os cafés conilon foram incluídos na fase de degustação final, a Cooabriel se destacou em número de cafés inscritos por seus cooperados.
Entre os concorrentes, Edgard Bastianello levou a melhor posição com seu café do Sítio Chapadinho. A produção venceu uma das secas mais intensas que já se abateu sobre o norte do estado, mais precisamente no município produtor de Nova Venécia (ES).
Foto: Cooabriel / Divulgação
Crescimento em meio ao café
“Estou no meio do café desde pequeno, ainda era criança”, relembra ele sobre as mudanças do cultivo que acompanharam seu crescimento pessoal. “Meus avós produziam um pouco arábica. Mas deu muito custo”, lembra. Então, com o incentivo da própria Cooabriel, as famílias começaram a pensar no conilon com mais carinho. “Foi através de pessoas como o seu Dário Martinelli, que acompanhamos desde o início, que tivemos mais informação sobre como cultivar”.
Desde 2014 o clima vem trazendo preocupação ao produtor. “A seca nos fez perder muito em volume de sacas produzidas”. O rendimento em 2016, por exemplo, foi de apenas 45 sacas por hectare, contra as 70 sacas/ hectare que são colhidas em anos típicos da região.
Participantes desde os primeiros concursos voltados para o grão capixaba, os Bastianello viram sua forma de produzir acompanhar cada progresso da cafeicultura. “A gente secava café na pedra, então começamos também a despolpar”.
Para enfrentar essa quebra, a sustentabilidade foi um trunfo na propriedade. “Nós temos um poço bom de água, e conseguimos manter. Reaproveitamos a água para despolpar o café, fazemos filtragem para despolpar”, revela o produtor, que chega a despolpar uma média de 40 sacas por hora na época alta da safra. “Temos um filtro. Nós trabalhamos umas 3 a 4 horas com a mesma água”, explica o produtor.
Na propriedade, ele mantém uma pequena reserva, próxima da área mais úmida, de brejos. “Tudo que você planta na terra e é nativo da região ajuda a manter o meio ambiente equilibrado”.
Processos
Uma colheita manual e de maio a junho – assim mesmo, bem rápido, Edgard colhe seus frutos. “Para estar bem maduro precisa colhido em um mês”, explica.
O clima na safra de 2016 foi de altas temperaturas, conta o produtor que cultiva seu conilon a 200 metros de altitude. A irrigação foi extremamente restrita, já que o racionamento de água no estado seguiu por meses a fio. “Não foi o suficiente. Deu apenas para manter a lavoura viva”, conta Edgard.
A chuva regressou no último mês de novembro, mas foi por pouco tempo. “Pra recuperar bem tem que dar uns três meses com chuvas e clima ameno”. A propriedade de 60 hectares tem 40 deles em café plantado, contudo, já vai sentir o problema também na próxima safra. “Agora já está granando. O que tinha que florar já florou. Agora tem que trabalhar na granação”, pondera.
O desenvolvimento comprometido do fruto já gera insegurança com relação ao volume deste ano. “Aqui na região, na nossa propriedade deve cair um pouco o volume em 2017, em relação ao que foi em 2016. Deve cair para uns 35 sacas/hectare”.
Mas o bom valor da saca não evitou que o que mercado temia. “Ih, quando acabei de ‘panhar’ já tinha acabado o café disponível para venda. Se você for olhar pros produtores apenas 10% ou 15% tem café guardado”, afirma Edgard.
Segundo o cafeicultor, o apoio da Cooabriel, que paga dependendo da qualidade do café de 10 a 15% acima do valor do mercado, o investimento no secador de fogo indireto reflete diretamente na qualidade dos grãos. “Nesse método, a fumaça não interfere. No fogo direto o café pode ‘pegar’ o cheiro”, comenta.
“O que me pagou esse ano ainda compensa, porque pra mexer com fogo indireto de 22 a 25 horas, o outro com 13 horas e 12 já consegue secar”. O trabalho para cuidar do cafezal segue árduo, mas a produção, ao que tudo indica, deve continuar florescendo junto a história da família. Dos três filhos de Edgard, dois estão trabalhando na lavoura junto a família e a terceira também tem seu próprio pedaço de terra, que foi dividida para cada um. “Enquanto a gente tiver preço diferenciado vamos tentar fazer com cada vez mais qualidade”, aponta o produtor.